A semana começou com aumento de preço nas passagens das linhas municipais de ônibus em Cabo Frio, na Região dos Lagos.
O reajuste de R$4,30 para R$4,50 passou a valer neste domingo (20). O aumento foi autorizado por um decreto publicado na quarta (16) pelo prefeito José Bonifácio (PDT).
Ao justificar o reajuste, a prefeitura afirmou que cabe a ela “proceder à revisão das tarifas do Serviço de Transporte Coletivo de Passageiros nas linhas municipais, observados os princípios do equilíbrio financeiro do Contrato de Concessão, e especialmente da defesa dos interesses da população”.
Os sucessivos aumentos dos insumos que incidem sobre a prestação dos serviços e o aumento do preço do combustível, mencionados na carta aberta publicada pela Setransol (veja abaixo) também motivaram o reajuste. Além disso, o decreto mencionou que o último reajuste das tarifas do serviço de transporte coletivo de passageiros ocorreu em maio de 2019.
A Salineira confirmou a decisão. No mesmo dia, o Sindicato das Empresas de Transporte da Costa do Sol e Região Serrana (Setransol) emitiu uma carta aberta à população informando que a alta de combustíveis ameaça o serviço de transporte público. O documento mencionou a necessidade de uma compensação dos custos pelo poder público ou pelo repasse do valor atualizado para a tarifa, sob o risco de diminuição da frota e paralisação. Confira na íntegra:
“A situação lamentável enfrentada pelo transporte coletivo no Brasil nunca chegou a níveis tão críticos. A redução do número de passageiros transportados, aliado ao congelamento das tarifas municipais há mais de três anos, o aumento generalizado dos insumos (pneus, peças, acessórios e outros) e de quase 25% somente na primeira quinzena de março no óleo diesel inviabilizam a continuidade dos serviços de transporte de passageiros. O Setransol, sindicato que representa as empresas de ônibus da Costa do Sol e Região Serrana, afirma que o cenário é gravíssimo, pois a inoperância dos governos municipais, estadual e federal ao longo de anos em resolver o problema expõe as operadoras ao risco iminente de paralisação total das atividades.
Dentre os principais custos das empresas, o óleo diesel é um insumo essencial para operação do sistema, representando cerca de 30% do custo total das operadoras que acumulam prejuízos milionários há anos. Segundo a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Públicos), somente durante a pandemia, as empresas tiveram o prejuízo de aproximadamente R$10 bilhões, além da perda de 70 mil postos de trabalho.
O Setransol afirma que o setor não consegue suportar tantos aumentos sucessivos sem comprometer a qualidade, a eficiência, e em uma situação extrema, a continuidade dos serviços. No modelo tarifário atual previsto nos contratos de concessão, há necessidade de uma compensação do poder público ou o repasse do custo atualizado para a tarifa que é a única fonte de custeio de todo o sistema. Entretanto, o valor das tarifas também precisa ser revisto através de uma modificação da dinâmica do pagamento das gratuidades que são custeadas inteiramente pelos passageiros pagantes, tornando a tarifa elevada para quem depende do transporte e insuficiente para a manutenção dos serviços.
O sindicato alerta às autoridades sobre o risco de redução dos quadros de horários ao longo do dia, com exceção para os horários de pico e a paralisação dos serviços das empresas de ônibus na Costa do Sol e Região Serrana, caso não seja implementada nenhuma medida efetiva a curto prazo para garantir a sobrevivência do serviço de transporte público”.
Passageiros sofrem consequências As reclamações sobre a qualidade do serviço do transporte público de Cabo Frio são constantes entre os passageiros. Ônibus lotados, principalmente em horários de pico, atrasos nos horários e condições dos coletivos, são as principais queixas da população.
Com o aumento, vem mais uma insatisfação. Somada a alta dos preços dos alimentos, do gás de cozinha e da conta de luz, o valor da tarifa interfere diretamente na economia do cabo-friense.
A demora do ônibus foi motivo da insatisfação de Mariana Bacellar nesta quarta-feira (16). Através de uma rede social, ela reclamou sobre a demora da linha 328, que vai para o Peró. “Um absurdo o que a Salineira está fazendo com os ônibus da linha do Peró – 328/329. Ônibus super lotados por falta dos carros”, disse.
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