Projetos que ameaçam o meio ambiente em Cabo Frio são alvos de audiência pública da Alerj nesta sexta (6)Divulgação
A audiência será nesta sexta (6), às 10h, no Colégio Estadual Miguel Couto, no Centro de Cabo Frio.
Nos últimos anos, a Região dos Lagos tem sido alvo da especulação imobiliária e as Unidades de Conservação não ficam de fora, um exemplo é a pressão de empreendedores para a construção do Resort Peró dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Pau Brasil.
O processo de licenciamento ambiental teve início antes do estabelecimento da APA e foi expedido pelo Inea. Contudo, o Estudo de Impacto Ambiental do Resort do Peró não traz a apresentação completa da legislação na qual se enquadra e não trata por exemplo do impacto da construção nas restingas e dunas, consideradas Áreas de Preservação Permanente (APP) pela legislação ambiental.
Outro agravante foi que o Inea negou o acesso na íntegra ao processo de licenciamento pelos representantes da sociedade civil organizada, o que fere um direito constitucional.
A doutora em Meio Ambiente e professora aposentada do Instituto Federal Fluminense, Dalila Silva, faz parte do Conselho da APA e é uma das autoras de um estudo de caso sobre o licenciamento do Resort Peró, e afirma que o Conselho Consultivo não acompanhou a construção do Plano de Manejo que foi pago por uma ONG que tem como um dos sócios fundadores o empresário responsável pelo Resort Peró.
Ela também acrescenta que “ o zoneamento da APA foi tendencioso” porque considerou áreas preservadas como degradadas para justificar as construções.
“O fato é que a construção de loteamentos sobre as Dunas do Peró, vai gerar esgoto, lixo, pavimentação de estradas o que é incompatível com a legislação ambiental brasileira”, resumiu Dalila.
Apesar de não estar inserido diretamente em uma Unidade de Conservação, a obra afeta áreas de importante interesse ecológico como o Canal do Itajuru, o Parque Natural Municipal do Dormitório das Garças e a Ilha do Japonês e será outra pauta importante na audiência.
“Vemos licenças suspeitas e outras irregulares nas mesmas áreas ambientais. O objetivo dessa audiência pública é dar um norte de proteção e buscar soluções para essas áreas tão
ricas, e com perigo iminente de destruição”, destacou.
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