PM atira em jovens e crianças que estavam em Batalha de Rima no Manoel Corrêa, em Cabo FrioSabrina Sá (RC24h)

Na noite desta quinta-feira (5), agentes da Polícia Militar efetuaram disparos de arma de fogo contra jovens que realizavam uma batalha de rima no bairro Manoel Corrêa, em Cabo Frio, município da Região dos Lagos. Imagens mostram o momento em que um MC canta no microfone e os policiais abrem fogo, mesmo com a presença de várias crianças no local. O desespero e a correria tomaram conta do ambiente.

Organizadores da “Batalha do Mantém” afirmam que os agentes justificaram a truculência afirmando que “cultura é só na escola até 18h da tarde”, “rap é coisa de vagabundo e maconheiro” e “lugar de criança é em casa e não na praça fazendo Rap”.

De acordo com participantes, o equipamento de som foi atingido e danificado. Algumas pessoas ficaram feridas.

As batalhas da região emitiram uma nota de esclarecimento. Veja na íntegra:

Ontem, dia 5 de maio de 2022 aproximadamente às 22:41h pm, onde estava acontecendo uma roda cultural no bairro do Manoel Corrêa em Cabo Frio/RJ, representantes do GAT de maneira terrorista e truculenta adentraram na localidade da quadra do Jardim Nautillus na rua guianas 92, sem abordagem e de forma despreparada.

Os militares abriram fogo contra as crianças presentes, organizadores e equipamento de som, causando pânico e histeria no local. Equipamentos vieram a ser danificados e pessoas saíram feridas.
O maior público presente no horário, era de crianças e adolescentes entre 6 e 12 anos acompanhados de seus pais.
A partir do momento que o GAT abriu fogo, os equipamentos foram desligados e ainda assim os PMs atiraram pra cima dos equipamentos fazendo com que o som fosse danificado pois teve munição que atravessou a caixa de som.

Tiros foram mirados para a mesa de som também, mas os militares estavam tão alterados que não conseguiram acertar nenhum. Neste momento, os organizadores estavam desmontando o som a pedido dos militares, mas os mesmos não esperaram e atiraram pra cima fazendo com que estilhaços de tiro pegasse em um dos nossos organizadores.
Afim de apaziguar o ocorrido e proteger as crianças, o nosso organizador foi até um PM para conversar.

O mesmo foi desrespeitado e agredido fisicamente, verbalmente, psicologicamente e moralmente. O policial, de forma despreparada, diferiu disparos no “pé do ouvido” de nosso organizador.

Os policiais ameaçaram que caso o público resistisse, eles iriam atirar na cabeça das crianças. Os mesmos gritaram afim de justificar a truculência que:
“Cultura é só na escola até as 18h da tarde”
“Rap é coisa de vagabundo e maconheiro”
“Lugar de criança é em casa e não na praça fazendo Rap”.
Esse ocorrido demonstra o motivo pelo qual temos tanta dificuldade de promover eventos culturais dentro de nossas comunidades locais. E por mais que tentem nos impedir, continuaremos promovendo a cultura hip hop na nossa cidade, seja no centro ou na favela.

E RAP, NÃO É COISA DE VAGABUNDO!! RAP SALVA VIDAS!!

E o que pudermos fazer para continuar salvando-as, vamos fazer!
Essa é a nossa missão. Não nos calarão

Procurada, a Polícia Militar não respondeu os questionamentos sobre o caso até a publicação desta matéria.