Clínica cabo-friense rebate acusação de falsa eutanásia e alega maus tratos a cachorroLudmila Lopes (RC24h)
Na denúncia inicial, que foi feita nesta quinta-feira (14), o advogado da proprietária do cãozinho contou que a clínica teria se recusado a devolver o animal e, além disso, teria sido comprovado que não existiam maus tratos. Contudo, no relato dado pelos donos do estabelecimento, vários pontos são divergentes nessas afirmações. Os representantes do local disseram que, inicialmente, Batucada foi apresentado à clínica como um cachorro de rua, ou seja, não possuía dono algum. Contaram, ainda, que, no primeiro momento, quem levou Batucada foi um funcionário de uma loja do marido da mulher que se apresenta responsável pelo cão atualmente, fato que só foi reconhecido depois.
Durante a primeira consulta, foi identificado que Batucada estava apresentando uma hérnia no ânus. Segundo os representantes, o rapaz que acompanhou o cão informou que o mesmo estava com dificuldade de defecar havia três meses. Na época, o médico veterinário que atendeu o paciente disse que o mesmo precisaria de cirurgia, já que remédios não resolveriam a situação. Como acreditavam que se tratava de um animal de rua, a clínica concedeu, para o procedimento, um desconto maior que 50%.
Depois desse fato, que aconteceu em junho de 2020, após três meses, em setembro, o mesmo funcionário retornou com Batucada, que estava, dessa vez, com o reto projetado para fora. Com isso, foi realizada a consulta e um procedimento de emergência, além da solicitação de uma ultrassonografia para verificarem como estava o abdômen do animal – que não foi autorizada. Em seguida, foi explicada novamente a possibilidade da realização de uma nova cirurgia, pois o cachorro já tinha histórico de uma hérnia no ânus e, nesse momento, um prolapso de reto. Mais uma vez foi dado um desconto acima de 50% para a realização dos procedimentos.
Um dos responsáveis pela clínica explicou, ainda, que, na primeira vez que o animal foi até lá, o mesmo apresentava a hérnia no ânus por fazer muita força para defecar. Dessa vez, a projeção do reto para fora, é pelo contrário. “Como ele comia resto de comida (…), como o próprio funcionário nos informava, ele (Batucada) tinha diarreia, então, essa diarreia fazia o reto dele sair (…)”, pontuou.
Ainda em setembro, conforme relatam, o cachorro retornou à clínica, mas agora acompanhado pelo marido da mulher que se apresenta como responsável por Batucada – fato que, até esse momento, eles não sabiam. Mais uma vez o cão apresentou a projeção do reto. “E a gente explicando que tinha que ter cuidado, tinha que ter alimentação adequada, pois era um problema grave”, afirmou um dos responsáveis pelo estabelecimento. Então, com 2 kg a menos devido à recidiva do prolapso de reto, o cachorro passou por mais um procedimento de emergência para resolver a situação. Dessa vez, ele permaneceu internado na clínica por mais de uma semana, com o objetivo de ter um acompanhamento do pós-operatório. Já em outubro, quando foi observado que ele estava defecando bem, o mesmo foi liberado.
Os responsáveis reafirmam, ainda, que novamente foram mencionados os cuidados que o cão deveria receber. Contudo, após um mês, em novembro, ele voltou à clínica, novamente com o prolapso de reto, só que, dessa vez, o órgão apresentava necrose e miíase, que é popularmente conhecida como bicheira. Foi indicada outra cirurgia, porém, diferente do que foi denunciado pelo advogado da dona de Batucada, dizendo que o médico veterinário orientou pelo procedimento, o acompanhante do animal disse que “ele não tinha mais jeito e que queria realizar a eutanásia”. Na situação, o médico veterinário orientou que não se tratava de um caso para essa intervenção, mas, mesmo assim, houve insistência.
Com isso, eles explicaram que o documento apresentado pela dona de Batucada é, na verdade, obrigatório para qualquer procedimento da clínica.
Foi então que a mulher que se apresenta como a dona do cachorro apareceu. Eles contam, também, que ela dizia que não aguentava mais ver o animal sofrer e que não entendia o porquê dele não melhorar. Depois disso, ela também solicitou pela eutanásia.
Após tanta insistência, conforme contam, eles aceitaram realizar o procedimento. Só que, enquanto ficava no canil da clínica, o cão apresentou melhora. “Não foi premeditado, não. A gente chegava lá ‘vamos sacrificar o Batucada’, aí chegava e estava lá o bicho abanando o rabo… lambia a gente… aí eu falei: ‘poxa, eu não tenho coragem de fazer um negócio desse’. (…) Então eu falei o seguinte: ‘quando recidivar, já que está recidivando tanto, (…) a gente sacrifica ele quando for operar’. Cadê que aconteceu? Nunca mais! (…)”.
Confira as provas:
Dois anos depois
Lá, foram oferecidos tratamentos para a doença do carrapato, exames de sangue, ultrassonografias, consultas com cardiologista, vacinas, entre outros. Todos os procedimentos são arcados pela clínica. Eles pontuaram, ainda, que a mulher que se apresenta como dona não deve nenhuma quantia ao estabelecimento, diferente do que afirmou o advogado na denúncia.
Para finalizar, disseram que, em uma das decisões, o juiz afirmou que “queria que o animal permanecesse na clínica, já que era aonde o mesmo estava sendo bem cuidado”.
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