Morador flagra área que prefeito cabo-friense negou ceder para criação de Parque Arqueológico repleta de lixo Ludmila Lopes (RC24h)

O “não” do prefeito José Bonifácio (PDT) para a criação do Parque Ambiental e Arqueológico Lina Kneip, que ficaria em uma área pública ao lado do Shopping Park Lagos, segue repercutindo. Desta vez, registros feitos por um morador, nesta quarta-feira (21), mostram o local totalmente abandonado e repleto de lixo. Conforme o denunciante, que preferiu não se identificar, o lugar, que se tornaria um sítio com materiais de sambaquis, se tornou um “antro de poluição e esconderijo de bandidos”.

“Essas fotos são da área que o prefeito não quer colaborar com a cultura do município, fazer um museu arqueológico, mas pelo menos deveria cuidar, já que é uma área nobre”, pontua o denunciante.

Apesar das imagens terem sido feitas nesta quarta, a situação não é nova. De acordo com o relato, o descaso com o local já perdura há, aproximadamente, seis anos. O denunciante, que é vizinho do local, informou que vive no local há bastante tempo, por isso a exatidão.

O denunciante fala, ainda, sobre o “roubo” que os entulhos fazem da calçada do shopping. “Os pedestres têm imensa dificuldade em passar na calçada que fica com uma grade. Se dois carrinhos de bebê ou cadeirantes, pessoas com dificuldade de locomoção resolverem passar juntos, não dá”, explicou.

Diante da denúncia, O Dia entrou em contato com a prefeitura, que enviou a seguinte nota:

“A Prefeitura de Cabo Frio informa que a área citada passa por constante limpeza e ações de fiscalização, de forma a evitar invasões e a degradação ambiental.

Diante da denúncia apresentada, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Saneamento solicitou à Comsercaf, autarquia responsável pelos serviços de limpeza e iluminação, que envie uma equipe para o local”.


SOBRE A NEGAÇÃO

Vale pontuar que a área seria cedida para a criação do Parque Ambiental como medida compensatória, que tem como objetivo reparar impactos ambientais causados pelos empreendimentos, devido à ampliação do estacionamento do shopping. Todos os envolvidos aceitaram a proposta, menos o chefe do executivo. Essa é a segunda vez que um cabo-friense nega a criação de um sítio arqueológico com materiais de sambaquis – o primeiro foi Alair Corrêa.

A proposta foi feita pelo historiador Elísio Gomes Filho, já que, a medida compensatória que a prefeitura da cidade propôs inicialmente não agradou a todos – o Shopping Park Lagos teria que realizar a recuperação do chamado ‘Bolsão da Juju’, na Praia do Forte, e realizar o plantio de mudas nativas em alguns pontos na cidade. Segundo o MPF, essa área faz parte de um Termo de Ajuste de Conduta entre o Ministério Público e a própria prefeitura.

Pelo acordo, a prefeitura da cidade teria que ceder o espaço para o shopping, que faria a construção do Parque Ambiental de forma parecida com o Sítio Sambaqui da Beirada, em Saquarema, e o governo municipal somente teria que realizar a manutenção e segurança do espaço.

Em justificativa enviada ao Dia, a prefeitura concluiu com a seguinte nota:

“Por entender a importância de se completar e consolidar o projeto do Parque Natural Municipal do Mico-leão-dourado, a atual gestão, em acordo com o Shopping Park Lagos e acompanhamento do Ministério Público, direcionou as ações de compensação ambiental para a área de preservação ambiental em Tamoios”.