'Movimento está em linha com nossa busca constante por produtos mais eficientes e com menos impacto ambiental', afirma a diretora de Refino e Gás da Petrobras, Anelise Lara - Agência Brasil
'Movimento está em linha com nossa busca constante por produtos mais eficientes e com menos impacto ambiental', afirma a diretora de Refino e Gás da Petrobras, Anelise LaraAgência Brasil
Por Leonardo Maia
Campos — Depois de paralisar o funcionamento de seis plataformas na Bacia de Campos, a Petrobras anunciou hoje o fim de suas operações em mais dois poços na região. É mais um passo na crise do setor que tem impacto direto no quadro econômico de Campos e, por consequência, em outras cidades do Norte Fluminense cuja economia gira em torno do maior município do estado. O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) estima que 51 mil trabalhadores tenham perdido o emprego desde 2014, apenas na Bacia de Campos.
À “hibernação” das plataformas em Cherne (PCH-1, PCH-2), Namorado (PNA-1, PNA-2), Garoupa (PGP-1) e Congro (P-09) se somam os polos de Enchova (PCE) e Pampo (PPM). O Sindipetro-NF calcula em 1192 os trabalhadores da Petrobras empregados nesses locais, e estima em cerca de 3,6 mil terceirizados. Pampo e Enchova englobam os campos de Enchova, Enchova Oeste, Marimbá, Piraúna, Bicudo, Bonito, Pampo, Trilha, Linguado e Badejo. Juntos, produziam 25 mil barris por dia.
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“O sindicato vem denunciando desde 2016 o esvaziamento da Petrobrás e a redução da companhia na Bacia de Campos”, diz José Maria Rangel, diretor do Sindipetro-NF e coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros). “O que vemos hoje é a Bacia de Campos num plano inferior no plano de negócios da empresa”.
Em resposta à reportagem, a Petrobras diz que as plataformas de Enchova e Pampo não foram fechadas, apenas repassadas para a Trident Energy, numa venda de R$ 851 milhões, anunciada desde julho do ano passado. A estatal também garante que não vai demitir ninguém. Todos serão remanejados. Apenas aqueles que desejarem sair podem optar pelo plano de demissão voluntária ou negociar a rescisão individualmente.
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A companhia vai paralisar 62 plataformas em todo o Brasil, em razão da crise do setor, e diz que selou compromisso com o governo federal pela manutenção de todos os postos de trabalho, mas o Dieese projeta que essas interrupções vão afetar 2,6 mil funcionários próprios e 7 mil terceirizados.
Em 2014, a Petrobras empregava 13 mil pessoas apenas nas suas unidades na Bacia de Campos. Este ano, são 9 mil, uma redução de mais de 30%. Números que ilustram a redução do mercado nos últimos anos, com reflexos inescapáveis à economia do município.
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Campos tem sofrido sucessivas quedas em sua arrecadação anual, principalmente pela diminuição dos repasses dos royalties do petróleo, que dependem da produção e do preço do barril. No ano passado, o município arrecadou R$ 500 milhões dessa fonte. Em anos anteriores, esse total chegou a ser três vezes maiores.
No total, todos os municípios produtores receberam juntos cerca de R$ 2 bi. Esse montante não deve superar os R$ 830 milhões.
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A Petrobras confirma que a intenção é reduzir sua produção para 200 mil barris por dia. Também não promete que as vendas de plataformas param por aí. O plano da empresa é cessar sua exploração em águas rasas e se concentrar nas águas profundas, como o pré-sal, onde há viabilidade econômica.