Arte Atila Nunes_08 maio
Arte Atila Nunes_08 maioArte Paulo Márcio
Por Átila Nunes
A semana que se encerra hoje foi demais em matéria de notícias ruins, desde o assassinato dos bebês numa creche em Santa Catarina até a morte prematura do ator Paulo Gustavo, sem falar nos desdobramentos macabros do caso Henry e as mortes por causa da pandemia. E com tantas notícias sobre mortes, recebi uma mensagem com a pergunta: o que acontece conosco no momento da morte?
Bem, todos nós, um dia, vamos morrer. E apesar dessa certeza, continua sendo dificílimo aceitarmos a dita cuja. Dizer adeus é muito difícil, mas é difícil para quem morre? Dói? Se sofre muito? Dá medo? Dá para sacar que a morte está chegando? Vamos pegar o exemplo do nosso Paulo Gustavo: ele só foi considerado clinicamente morto quando seu cérebro parou, por falta de oxigenação. Em cinco minutos, os danos cerebrais são severos e torna-se impossível a sobrevivência.

Existe uma abreviatura muito famosa para os que estudam esse momento da morte física: EQM (experiência de quase-morte). Quando a vida dos pacientes considerados clinicamente mortos é recuperada por meio de massagens cardíacas e estimuladores elétricos, por exemplo, esses pacientes têm um depoimento similar no mundo inteiro: lembram-se de quando pararam de respirar e em seguida, se ‘desprendiam’ do corpo vendo luzes no fim de um túnel, cercados de uma sensação de acolhimento carinhoso por algo (alguém) inexplicável.
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EQMs (experiências de quase-morte) não são reconhecidas por parte dos médicos por causa da ausência de uma explicação científica. E também se recusam a entrar no debate se as EQMs são de natureza física ou espiritual. Isso não altera, contudo, o medo de deixar esse mundo, até porque morrer pode causar muita dor e sofrimento para alguns, enquanto, para outros, nem notam que seu coração parou de bater.
O problema não é o momento da morte em si, e sim, na angustia da sensação de que podemos (ou vamos) morrer, seja durante um ataque cardíaco, seja logo após um acidente grave, enquanto o socorro não chega. É muito fácil dizer que é bobagem temer a morte porque ela vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, não temos como impedi-la.

É fato que para nós que acreditamos na comunicação espiritual, a morte não é o fim da vida, e sim, apenas o fim de uma experiência num corpo. Por isso, costumamos usar o termo ‘passagem’, isto é, ao morrermos fisicamente, passamos para outro plano, o espiritual, sem o corpo físico. A expressão desencarnação (ou desencarne) é usado no processo em que o espírito é desligado do corpo físico e retorna ao plano espiritual.
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Com o final da existência física, levamos conosco os nossos pensamentos e sentimentos, assim como o resultado do que fizemos por aqui, de bom ou de ruim. Isso apontará o quanto temos ainda para evoluir. Só que voltamos à espiritualidade exatamente os mesmos, isto é, com sentimentos fortes como a saudade. A saudade é uma via de mão dupla. Se nós, que ficamos por aqui, sentimos saudade dos que se foram, é óbvio que os que se foram também sentirão saudade dos que ficaram.
Aí reside a importância de lidarmos de forma equilibrada com a saudade, para que não haja desequilíbrio em uma das partes, seja nos que permaneceram encarnados ou os que fizeram sua passagem. É bem verdade que saudade é um sentimento sobre o qual não temos controle. O jeito é manter a mente ocupada, evitando pensamentos tristes, ajudando ao próximo, fazendo a nossa parte.
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Uma coisa é certa: a dor que sentimos aqui quando alguém querido se vai, não chega aos pés da dor do espírito que se foi e que assiste nosso sofrimento, uma dor muito maior do que quando se sente que a morte se aproxima. Sei que é fácil falar, mas temos que ter em mente que as recordações fazem a nossa sensação de solidão muito mais profunda.

Se serve de consolo: quando nosso cérebro para, nada mais dói. Não há sofrimento. Nada. O espírito se desprende do corpo físico. A única dor é ver o sofrimento dos que ficaram.

Além da dúvida

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