Arte Atila Nunes_22 maio
Arte Atila Nunes_22 maioArte Paulo Márcio
Por Átila Nunes
Estou convicto de que uma das maiores fontes renda nos dias de hoje é usar e abusar do convencimento de que o Inferno e o Diabo existem. Isso dá muita grana! O que tem de gente que doa dinheiro para evitar ir para o Inferno... Em muitos lares, as crianças são ensinadas a terem medo do Diabo, até que um dia, quando adultas, descobrem que o Diabo e o Inferno são pura invenção dos que os utilizam para controlar as pessoas.

A ficha começa a cair quando a gente reflete que Deus seria um sadomasoquista para criar um ser eternamente decidido a só fazer maldades. Ora, a incoerência começa pela narrativa de que Deus teria criado o anjo Lúcifer, o “anjo caído” que, cobiçando um grande poder, entregou-se às trevas e ao pecado, sendo expulso do Paraíso.

Ao saber que Lúcifer viria a “cair”, Deus não mediria esforços para ajudar o próprio filho (e consequentemente nosso irmão)? A bondade de Deus não é eterna? Acreditar na existência do Inferno é não acreditar na bondade de Deus. Isso significaria que se Deus não é capaz de perdoar, por que nós, humanos, teríamos que perdoar nosso semelhante? Jesus não veio – a mando Dele - com lições sobre amor e perdão?

Bolas, então, quem – ou o que – é o Diabo? Todos sabemos que parte da Bíblia, escrita há muito tempo, foi alterada ao longo dos séculos, fazendo com que muitas coisas perdessem o significado por causa de traduções e conveniências dos poderosos da época que acrescentavam os pontos de vista de seus interesses. Exemplos são as expressões “demônio” e “satanás”, que seriam espíritos inferiores com a missão de desviar Jesus de sua missão divina. Ah, sim, não nos esqueçamos de um detalhe importante: Jesus tinha o poder de ver, escutar e falar com eles, os “anjos caídos”. Jamais, portanto, jamais seria pego de surpresa, certo?

Um trecho da Bíblia afirma que Lúcifer liderou uma revolta contra Deus junto a um terço dos anjos, que se aliaram ao dito cujo (um sujeito bom de lábia), que convenceu a galera a se unir a ele. Ele, o demo, teria ficado furioso porque Deus ordenou que eles louvassem sua nova criação (o homem). Lúcifer teria se negado a aceitar essa criação.
Arcanjo Miguel liderou, então, os anjos do bem contra Lúcifer, arguindo-o: “Quem é como Deus?”. Lúcifer, ainda segundo a Bíblia, que se achava “o cara” do Paraíso, igual a Deus, pensou: “Por que não pode ser eu a governar o universo no lugar Dele?”. O grande pecado de Lúcifer, portanto, foi o orgulho.

Pois é, essa é parte da história do “anjo caído”, metido a rei da cocada preta do Paraíso, que acabou sendo transformado num bicho vermelho de rabo e chifres, que aliás, representa o Orgulho, que, segundo o Espiritismo, é o pai de todos os vícios. Ao contrário do que muitos creem, o Inferno nada tem a ver com uma região no fundo da Terra, aquecida por um fogo infernal (sem trocadilhos).

Não existe no universo um único lugar criado por Deus para castigar aqueles que não tiveram uma boa conduta enquanto vivos.  Só se a gente achar que o fogo do inferno é a nossa consciência que, quando não respeitada, torna-se um castigo. E cá entre nós, quando a gente se arrepende das bobagens que fizemos, o remorso dói pacas, não? Pior do que esse tal de Inferno hipotético, vamos combinar.

Os que creem no Espiritismo acham que os anjos representam espíritos iluminados (embora, sem asas brancas e separados por querubins e arcanjos no Paraíso). Anjos são espíritos que passaram por várias encarnações tendo evoluído pela sua atuação segundo a lei do amor ao próximo. Espíritos evoluídos não involuem.

A verdade é que essa história de “castigo eterno” no fogo do Inferno sempre foi útil também como medida restritiva para manter as sociedades sob controle, ao longo dos séculos. Temendo a Deus, as sociedades controlavam seus instintos selvagens. Entre Deus e o Diabo, as pessoas preferiam andar na linha.

O mais importante: a gente sabe que o Inferno e o Diabo não existem, mas isso não impede o nosso uso de livre arbítrio de forma ruim. E ainda tem o carma que dispõe sobre toda ação (boa ou má) que gera uma reação que retorna com a mesma qualidade e intensidade a quem a realizou, nesta ou em encarnação futura.

Sempre que você fizer algo bom, mesmo que ninguém venha a saber, faça como o mundo estivesse olhando para você. A bondade verdadeira é amar as pessoas mais do que elas merecem. Seja bom o suficiente para fazer os outros bons. Ser bom não é importante. O importante é ser bom.

Além da dúvida

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