Arte além da vida_atila nunes_18 setembroArte Paulo Márcio

Entender a razão das coincidências é um dos maiores desafios dos acontecimentos que não sabemos explicar. Nosso cotidiano está repleto de fatos sem explicação, que rotulamos de coincidências. Você acorda às 6:20 e vê um carro com a placa final 620, ao mesmo tempo em que assina um cheque com final 620. Que coincidência, não?

Coincidências podem acontecer uma ou mais vezes. Nada mais é do que a simultaneidade de dois ou mais acontecimentos. Tem gente, contudo, que acha que a coincidência é irmã de sangue da fatalidade. Então, coincidências são acasos? Ou uma questão de reencarnação? Bem, dependendo das coincidências, é muito difícil não as levar para o campo do sobrenatural ou da paranormalidade.

Nada acontece por acaso. Nada. Coincidências podem transmitir recados importantes. A dificuldade é decodificar a coincidência. Isso desafia nossa mente. Remonta ao século 19 os primeiros estudos sérios sobre coincidências, quando o psiquiatra suíço Carl Jung mergulhou no assunto. Ele se deparou com a história de uma paciente que contou que havia sonhado com uma joia de ouro reproduzindo um besouro. A sessão foi subitamente interrompida por um barulho no vidro da janela. Jung foi ver o que era. Voltou com um besouro nas mãos e mostrou-o à paciente, que afirmou que o inseto era igual ao besouro de seu sonho.

Essa coincidência intrigou Jung. O que temos dentro de nós que influencia o que acontece fora? O fato é que existem alguns tipos de coincidência, por exemplo, quando alguns eventos acontecem simultaneamente, sem ter qualquer relação entre si. As causas são diferentes, mas os significados, sim. E mais: coincidências não mandam avisos, acontecem sem planejamento. Se eu penso numa amiga e o telefone toca, sendo ela do outro da linha, pode ser uma simples coincidência. Se eu sonho, contudo, com essa amiga chorando muito e ela liga dizendo que seu pai faleceu, aí está uma coincidência significativa, não casual.

Há correntes que afirmam que coincidências são bons sinais, sempre portadoras de mensagens. Mais que um evento curioso, a coincidência sempre traz uma mensagem. Voltando a Jung: e como – e por que – ocorrem as coincidências? A teoria daquele psiquiatra é baseada em três pontos: a psicologia, a física quântica e filosofia oriental. Essa trilogia explicaria o fenômeno.

Trocando em miúdos: sabe-se que o universo é indivisível e que tudo nele é interligado por um tipo de vibração. O que se processa dentro de nós (plano psíquico) teria correlação com que acontece fora (plano físico). Imaginemos um radar onde o inconsciente capte essa vibração. E quais são os melhores momentos para isso? Quando estamos dormindo. É a ocasião propícia para as informações invadirem o consciente.

Nem sempre identificamos as coincidências já que nosso raciocínio é lógico. Os sonhos, todavia, são fundamentais para entendermos as coincidências. Durante o sono, nosso inconsciente viaja livremente, sem as amarras do nosso lado consciente. Os que sonham muito e conseguem identificar neles as coincidências quando acordam, costumam dormir com um bloco e uma caneta na mesinha de cabeceira, para anotarem seus sonhos, facilmente esquecidos minutos depois de acordarmos.

Todos nós testemunhamos coincidência em nível pessoal. Só não podemos ficar distraídos, pois nas coincidências podem residir mensagens importantes. Devemos ficar atentos. Quando conseguimos perceber e interpretar esses sinais, aumentam as chances de interpretarmos as coincidências que passam despercebidas. Coincidências, além de resolver problemas, trazem respostas.

Coincidência ou destino? Coincidência ou acaso? Coincidência ou fatalidade? Coincidências ou sinais Coincidência ou o inevitável? Coincidência ou a mão de Deus? Nossas vidas têm muitas coincidências para serem meras coincidências. São muitos acasos para serem puro acasos. Então de quantos acasos coincidentes é feito o destino?

Para mim, coincidências são pequenos milagres em que Deus prefere não aparecer. Sem data e sem horário.
Átila Nunes