Arte Atila Nunes 09 outubroArte Paulo Márcio

As respostas dos deuses na antiguidade às perguntas que lhes eram dirigidas, só podiam ser dadas pelos oráculos. E cada resposta também era chamada de oráculo. E mais: o que tinha o dom de dar a resposta também era chamado de oráculo. E acredite: o meio utilizado para obter a resposta era chamado de oráculo. Quer dizer: oráculo pode ser a resposta, o que tem o dom de obtê-la e o tipo de meio usado para isso. Assim se manteve até os dias de hoje.

Era assim na antiguidade: todo fenômeno sem explicação, capaz de invadir o imaginário popular, era um capricho divino, um oráculo. É claro que havia os espertos (sempre houve) que se valiam da credulidade popular. Os espertos se diziam ungidos pelos deuses e atraiam os mais humildes e de boa fé para templos suntuosamente construídos, onde deixavam suas economias, com a ilusão de anteverem seu futuro abençoado (qualquer semelhança com algumas seitas contemporâneas não é mera coincidência).

Os oráculos eram usados exclusivamente para prever o futuro. Hoje, são usados não só para previsões, como também para auxiliar as pessoas no processo do autoconhecimento, levando-as a reconhecerem o que as impedem de fazer boas escolhas. Os que têm esse dom, como a Debyday Gipsy, tornam-se aconselhadores amigos, porque são capazes de falar a verdade que, às vezes, machuca. Só que verdades também nos fazem parar para refletir. E a verdade, cá entre nós, é a única coisa capaz de provocar mudanças.

Como agem os oráculos? São entidades ou divindades que falam através deles? Uma das mais respeitadas representantes da classe dos oráculos no Brasil, a Debyday, crê que quando chegamos a esse planeta, já temos um plano reencarnatório. Os acontecimentos de outras vidas ficam registrados no nosso inconsciente. E quando recorremos a um oráculo, as mensagens são trazidas de forma que se manifeste o que está escrito nesse inconsciente. Resumindo: as respostas estão dentro de nós mesmos.

E por que é tão difícil acessar a nossa verdade? Por que recorrer a um oráculo? Porque o nosso ego impede este acesso, na tentativa de nos proteger. Sem falar na soberba que não permite que encaremos a verdade. Só que o inconsciente não mente, porque é programado para revelar as nossas verdades.

No Ocidente, os tipos de oráculos mais comuns são a cartomancia (tarô ou baralho cigano), a quiromancia (leitura das palmas das mãos), as runas (pedras), a astrologia, a numerologia (uso das letras do nome com a data de nascimento), os sonhos, a cafeomancia (borras de café), a dadomancia (dados), os búzios, o odu (semente de dendê), a bola de cristal, mapa astral e a vidência.

O problema é que a maioria imagina um oráculo com turbantes, envolto em ambientes escuros e enfumaçados, capaz de obter respostas vindas dos deuses, prevendo o futuro. O oráculo nada mais é do que um intermediário que acessa as respostas que estão gravadas no nosso inconsciente. Esse procedimento, todavia, exige cuidados, já que as revelações envolvem aspectos nos nossos relacionamentos.

Por outro lado, um oráculo não é o porta-voz de um futuro imutável. Ele faz desabrochar dentro de você seus problemas existenciais que só podem ser solucionados através do autoconhecimento. É óbvio que o oráculo pode ajudar, mostrando as dificuldades que impedem seu crescimento. Não existe um oráculo mais indicado para você. Todos são bons, porque apenas são ferramentas em busca da revelação de verdades que estão repousando no seu inconsciente.
Para os médiuns estudiosos, o fenômeno da previsão do futuro é explicado pelo seguinte exemplo: alguém em cima de uma montanha vê toda a extensão de estrada que contorna a montanha. Assim, ele prevê o futuro do viajante dessa estrada, pois vê todos os incidentes que o viajante terá que passar ao percorrer o caminho do início ao fim. A previsão do futuro feita espontânea por espíritos é possível, mas é raro.

Quando pedimos que o futuro nos seja antecipado, os espíritos superiores jamais nos enganarão, até porque sua missão não é essa, a não ser para uma finalidade benéfica. Não custa aqui, relembrar que para Deus, o passado e o futuro são o presente.
Átila Nunes