bispo8maiARTE PAULO MÁRCIO

Eu não era nascido quando ocorreu a Segunda Guerra Mundial. Simplesmente não faço ideia do que o mundo viveu nesse tempo. O que se dá para imaginar é que a guerra provoca morte, destruição e uma série de consequências que afetam o emocional do ser humano e também sua perspectiva de futuro.

Os noticiários em torno da guerra entre Rússia e Ucrânia fizeram e ainda fazem mal a toda pessoa que habita neste planeta, porque, aparentemente, o ser humano não nasceu para viver em constantes conflitos que geram danos que, muitas vezes, são irreversíveis. Logo, a guerra é um estado anti-humanidade e o seu fim é muito mais desejado pela maioria das pessoas do que o seu início.

Se o movimento para a interioridade humana for feito à luz desta reflexão sobre a guerra no mundo, veremos que a guerra interna também é algo indesejável. Qualquer conflito com o outro gera, no interior do indivíduo, algum dano emocional que, se acumulado de forma extrema, torna-se irreversível. Se alguém ofende outro alguém e esta questão não é solucionada com uma conversa propositiva na busca pelo perdão, a pessoa ofendida pode até mesmo somatizar no corpo as feridas acumuladas na alma. Você percebe a gravidade disso em médio e longo prazos?

No mundo de guerras, não há como se propor soluções fáceis. O caminho para o encontro da paz se dá (a princípio) por ações preventivas contra o início de uma possível guerra. É quando você não responde à altura, ou "engole o sapo", ou passa a impressão ao outro de que você é um ser passivo em momentos de tensão e conflito, que você consegue estabelecer a paz (sobretudo no seu interior) e evita guerras que, na maioria das vezes, são desnecessárias e fruto de imaturidade e orgulho.

Há palavras que não precisam ser respondidas; ofensas que não devem ser devolvidas e batalhas que você não precisa entrar, porque a manutenção da paz em sua alma importa muito mais do que um envolvimento em lutas contra quem não o considera o bastante para forçá-lo a agir contra a natureza humana no sentido existencial do termo. Ninguém precisa viver a maioria dos seus dias ofendendo e sendo ofendido, agredindo e sendo agredido, provocando e sendo provocado; todos possuem o direito de viver grande parte da vida amando e sendo amado, perdoando e sendo perdoado, respeitando e sendo respeitado.

A paz deveria ser para todos, mas infelizmente é para poucos. A Bíblia nos mostra que existe aquele que é tão cheio da paz que se torna um "pacificador", e a este Jesus denomina como feliz ou "bem-aventurado". "Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus." (Mateus 5.9). Que você viva a paz que se manifesta em meio a guerra e que essa paz, em seu interior, seja poderosa o bastante para mudar as coisas nos ambientes exteriores à sua volta.
Bispo Abner Ferreira