Como assim São Paulo?, pode perguntar um incrédulo.
Explico: os três irmãos Ponce, depois da separação dos pais, se mudaram de Franca para capital paulista e foram morar com um primo que tinha uma padaria.
Arrisca daqui. Arrisca dali. E não é que acertaram a mão e descobriram a fórmula mágica? Tipo acertar na loteria.
O biscoito, que se chamava Felippe, era vendido em estações de trem e até no litoral paulista.
Só em 1954 que essa belezura chegou às terras cariocas. Sabe por quê?
Porque a cidade estava sediando um grande evento católico e os irmãos resolveram arriscar.
A turma da praia, por exemplo, amou de primeira. Combinava com o mate de galão ou até mesmo com uma cervejinha gelada.
Como sabemos, artista vai onde o povo está. Comerciante segue a mesma parada.
Os irmãos decidiram ficar no Rio de Janeiro. Ainda bem.
Uma padaria em Botafogo abriu as portas do emprego para os Ponce.
O nome da padaria? Globo, homônimo ao jornal, mas com dono diferente.Roberto Marinho seria muito mais rico.
O biscoito vendia como água no deserto. Muitas outras padocas, como os paulistas falam, disputavam à tapa a possibilidade de negociar a iguaria.
Entre fornadas e aplausos ao pôr do sol, o tempo passou e o sucesso não diminuiu.
Na década de 1960, os irmãos se juntaram a outro investidor e a consequência foi avassaladora. Voos maiores em um horizonte limpinho, limpinho.
O pulo do gato, na minha opinião, foi alimentar o que os três irmãos conheciam muito bem desde São Paulo: ambulantes vendendo nos mais diferentes cantos, em especial nas quentes areias do Leme ao Pontal, passando por Flamengo, Botafogo, Urca e um bom engarrafamento.
As cores diferentes das letras nas embalagens ajudam vendedores e compradores. Tá sem vermelho? Sabemos que só podemos comer o de sal. Tá sem verde? Opa, hora do açúcar.
Biscoito Globo é raiz, apesar de muitos esforços para que isso evapore.