Rio, 22/07/2019, Gourmetização do Biscoito Globo, na foto Vicentendo Matte, foto de Gilvan de Souza / Agencia o Dia - Gilvan de Souza / Agencia O Dia
Rio, 22/07/2019, Gourmetização do Biscoito Globo, na foto Vicentendo Matte, foto de Gilvan de Souza / Agencia o DiaGilvan de Souza / Agencia O Dia
Por Thiago Gomide
Hoje mais cedo, li no O DIA que polvilho gourmetizado está gerando um intenso debate nas areias cariocas.
Por isso e por outras, resolvi lembrar a história do biscoito Globo, tão presente nas nossas praias e trânsitos. 
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Pra começo de conversa, o biscoito Globo criado em São Paulo, em 1953 - e não se chamou bolacha, veja só.

Como assim São Paulo?, pode perguntar um incrédulo. 

Explico: os três irmãos Ponce, depois da separação dos pais, se mudaram de Franca para capital paulista e foram morar com um primo que tinha uma padaria.

Arrisca daqui. Arrisca dali. E não é que acertaram a mão e descobriram a fórmula mágica? Tipo acertar na loteria. 

O biscoito, que se chamava Felippe, era vendido em estações de trem e até no litoral paulista.

Só em 1954 que essa belezura chegou às terras cariocas. Sabe por quê?

Porque a cidade estava sediando um grande evento católico e os irmãos resolveram arriscar.
Zerou o estoque. No evento e em outros lugares. O boca a boca foi geral. 

A turma da praia, por exemplo, amou de primeira. Combinava com o mate de galão ou até mesmo com uma cervejinha gelada.

Como sabemos, artista vai onde o povo está. Comerciante segue a mesma parada.

Os irmãos decidiram ficar no Rio de Janeiro. Ainda bem.

Uma padaria em Botafogo abriu as portas do emprego para os Ponce.

O nome da padaria? Globo, homônimo ao jornal, mas com dono diferente.Roberto Marinho seria muito mais rico. 

O biscoito vendia como água no deserto. Muitas outras padocas, como os paulistas falam, disputavam à tapa a possibilidade de negociar a iguaria.

Entre fornadas e aplausos ao pôr do sol, o tempo passou e o sucesso não diminuiu.

Na década de 1960, os irmãos se juntaram a outro investidor e a consequência foi avassaladora. Voos maiores em um horizonte limpinho, limpinho.

O pulo do gato, na minha opinião, foi alimentar o que os três irmãos conheciam muito bem desde São Paulo: ambulantes vendendo nos mais diferentes cantos, em especial nas quentes areias do Leme ao Pontal, passando por Flamengo, Botafogo, Urca e um bom engarrafamento.

As cores diferentes das letras nas embalagens ajudam vendedores e compradores. Tá sem vermelho? Sabemos que só podemos comer o de sal. Tá sem verde? Opa, hora do açúcar.

Biscoito Globo é raiz, apesar de muitos esforços para que isso evapore.
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Há um bom livro sobre a história do biscoito Globo, de 2017, pela editora Valentina. A autora é Ana Maria Manier.  
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O jornal O Dia fez uma matéria na época do lançamento.