Colégio Estadual Paulo Freire, em Cachambi - Arquivo / Agência O Dia
Colégio Estadual Paulo Freire, em CachambiArquivo / Agência O Dia
Por Thiago Gomide
Vamos direto ao assunto.
É sempre difícil quantificar e resumir questões que são complexas. Mas o interesse é dar um panorama como se estivéssemos sobrevoando de drone.
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Quais são oito obstáculos (entre tantos) que serão encarados pelo próximo (ou próxima) secretário estadual de Educação do Rio de Janeiro?

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1. Problemas com orçamento
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Nos últimos anos os 25% mínimos de investimento em Educação não estão sendo aplicados pelo estado.
O ex-deputado Comte Bittencourt, então presidente da Comissão de Educação da Alerj, em 2018, até entrou com uma representação no Ministério Público estadual.
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Desejava-se que o Executivo aplicasse os recursos na pasta.
2. Volta às aulas com segurança
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O universo educacional privado está em um cabo de força para que as aulas presenciais voltem.
Na esteira dessa decisão, o sistema público está sendo encaminhado a também abrir as portas.
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O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (SEPE-RJ) está lutando contra, indicando que muitas unidades enfrentam, entre tantos problemas, a falta de materiais básicos de limpeza e até a ausência de...água.
A Justiça reforça suspensão de aulas na rede privada da capital, disse matéria publicada por O Dia.
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Isso nos leva para o próximo ponto.

3. Estrutura dos colégios
Não há uma pesquisa atual e pública que faça um raio-x das estruturas dos colégios públicos do estado do Rio de Janeiro.
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Sobram denúncias. Há diversas constatações. Reportagens não faltam.
Não pode-se afirmar que há problemas em todas as unidades, mas é possível dizer que há desafios e mais desafios estruturais em diferentes lugares.
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Com grana contada e curto tempo, a pressão aumenta.

4. Capacitação dos profissionais de educação
De maneira ainda mais acelerada, muito se defende o ensino híbrido ou, em alguns casos, totalmente a distância.
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Não vou entrar no labirinto pedagógico, mas temos que trazer para a cena três aspectos (entre muitos): estrutura da instituição para proporcionar esse novo formato, a condição dos estudantes para receber esse avanço e a capacitação dos profissionais envolvidos para a melhor realização dessas práticas.
Sem isso, costuma (cos-tu-ma) haver uma coisa muito natural na Educação: bons discursos, foto com microfone em punho e resultados pífios.

5. Resultados ruins em provas
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Nossos estudantes atravessam diversas provas que ajudam a medir a qualidade do nosso ensino. Pesquisas são detalhadas através dessas avaliações.
Pois bem, o Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb), ligado ao Ministério da Educação (MEC), acendeu um sinal mais do que vermelho para o estado do Rio de Janeiro: o desempenho dos alunos piorou.
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Em matemática, uma tragédia: os estudantes do ensino médio caíram de rendimento de 2015 para 2017.
Em português, uma catástrofe: mais de 60% não conseguem interpretar elementos básicos em um texto.
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Duvida? Clique aqui para ler tudinho.
Os motivos para isso são vários e complexos, entre eles os problemas enfrentados no ensino fundamental (que é de responsabilidade dos municípios) e as sequenciais crises econômicas.

6. Covid-19 e as consequências educacionais

A situação que já não era boa fica ainda pior com a chegada da Covid-19.

Há um abismo entre escolas ricas e públicas. Entre estudantes ricos e pobres.

Provavelmente estou sendo redundante. Peço perdão, cara leitora e caro leitor. É que não custa reforçar que a velocidade de adaptação é diferente.

Enquanto uma escola com dinheiro ou já tem um mundo tecnológico funcionando ou pode se virar e ter uma plataforma para chamar de sua, a escola pública depende de muitas variáveis.

O almoço da segunda-feira nas escolas públicas municipais do Rio de Janeiro foi antecipado para manhã porque diversos estudantes não tinham feito uma única refeição durante o fim de semana.

A secretaria estadual de Educação investiu em programas de TV, em algumas distribuições de materiais e EAD através da plataforma do Google.

Quantos têm acesso? Quantos pararam em frente à TV no horário determinado para ver uma aula? Será que é essa a melhor forma de produção do conteúdo? Como os professores trabalharam esses materiais com os estudantes?

São muitas perguntas e ainda é muito cedo para entender os resultados dessas propostas.

7. Crise econômica e tendência de aumento na rede
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As crises econômicas levam muitos familiares a não conseguirem arcar com as mensalidades das escolas privadas.
O ensino gratuito tende a receber esses estudantes.
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Foi assim em 2017 tanto na rede municipal do Rio como na estadual.

8. Relação com municípios
No Acre existiu uma formação musical que me lembra a relação do estado com os municípios.
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Na “Banda do Zequinha” o percussionista tocava em dó, o violonista em ré, o cantor ia de si e por aí caminhava a belezura.
Vai ser preciso muita construção em conjunto, o que é fácil de escrever, garboso de falar e complicado de pôr em prática.

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Você esqueceu...
A audiência qualificada e majoritariamente de profissionais de educação irá me cobrar de outros pontos.
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“Você não vai aprofundar?”
Adianto: esse é o aperitivo. Sabemos disso.
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Comte Bittencourt
O ex-deputado está pensando se aceita o convite para ser secretário de Educação do estado do Rio de Janeiro.
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A carreira do professor Comte Bittencourt é marcada pela educação. No universo privado e público. No legislativo e no executivo.
É nome conhecido de quem trafega no meio. Respeitado por muitos.
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Na última eleição para Governo, em 2018, foi vice de Eduardo Paes (DEM). Em entrevistas, apresentou saídas para esses problemas apontados (tirando a Covid-19, evidente).
A tendência é que ele diga sim.
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A coluna deseja sorte!
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Tamanho da rede estadual

São mais de 1200 colégios e cerca de 700 mil estudantes e 80 mil funcionários.

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NAVE

Já fui professor de roteiro dessa brava rede, na José Leite Lopes, conhecido também como NAVE.

Fica na rua Uruguai, na Tijuca.

Era um grande projeto de midiaeducação.