Roger MachadoMailson Santana/Fluminense FC

Estou alguns quilos além do peso ideal, com 36 anos nas costas, mas, ao menos, sei que a bola costuma ter as cores preta e branca. Coisa que muitos jogadores nossos, em especial um determinado lateral que faço questão de não nominar, desconhece.
Cruzamento? Nada. Passe certo? Nada. Gol? Gol é ofensa. Jogada ensaiada é teatrinho de revista.
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O elenco do Fluminense, com raras exceções, é a prova que o futebol é um universo paralelo fadado ao insucesso: pessoas recebendo milhares de reais para serem fracas. Clube tradicional há anos sem patrocínio master – e tudo bem, que legal, tá tranquilo.
Às vezes, no mais íntimo instante, penso que é um jeito bondoso de tratar a vida.
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Enquanto empresas lutam para reter talentos e qualificar funcionários, o time do Fluminense valoriza o torto, o que nunca deu certo, quem, em um programa do Luciano Huck, jamais soletraria a palavra vitória.
Nas décadas de 1960 e 1970, o genial Roniquito implementou na cultura carioca o termo “aspone” – no bom português, assessor de p* nenhuma. Era o jeito que ele, debochado como poucos, se auto definia ao trabalhar na Globo, com Walter Clark. Vendo o Fluminense, percebo que vários aspones estão vestindo a tal armadura tricolor. É a teoria ganhando cores, meu povo. Que fenômeno acadêmico, diria Arthur Schopenhauer.
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Admito que não espero e nem mais cobro nada de Roger. É meu lado bondoso. Sugiro, querido leitor tricolor, a refletir sobre. É o jeito que me conecto com as divindades. É dessa maneira que acredito ser aceito, não agora, por favor, no reino dos céus. Deus há de entender que fui piedoso. Piedoso e masoquista.
Símbolo de generosas gestões, o Fluminense é um clube que revela inúmeros jogadores que saem de graça e depois fazem gol em quem mostrou ao mundo. Isso quando não revela, sai de graça, deve dinheiro para o jogador e ainda toma gol. E o empresário que incentiva essa catástrofe ainda é recebido com café de máquina e chocolate importado. Nem São Francisco de Assis faria igual, convenhamos.
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Assistindo ao jogo contra o Barcelona...do Equador, percebi o desespero de Yago, Nino e mais uns dois. Por estar perdendo? Sim, por estar perdendo... tempo na carreira. Logo o bravo meio campista vai pegar o fusquinha e fazer o óbvio. Logo o zagueiro campeão olímpico vai repetir Thiago Silva, que meteu o pé e só dá declarações de amor à um oceano de distância.
Com tanto carinho, fraternidade, entrosamento, fidalguia, nos resta perder. Na Copa do Brasil, tirando um milagre, seremos trucidados. No Campeonato Brasileiro, lutaremos para não cairmos. Quando começa o Campeonato Carioca para o Flamengo vencer?
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Roger, sabendo que você dificilmente será demitido, e que os jogadores já abandonaram o barco há tempos, será que não rola uma vaguinha na lateral? Não sei cruzar, mas como churrasco e posso fazer dancinhas maneiras no TikTok.
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Próxima coluna
Na próxima coluna voltaremos ao normal. Sabe como é, né? Aqui tem que entregar resultado. Caso contrário, nem o aluguel consigo honrar.