Ferramenta faz parte das ações de ensino remoto e foi desenvolvida com a MultiRioDivulgação/Secretaria Municipal de Saúde

Este colunista está a quilômetros de vestir a roupa de ombudsman desse ou de qualquer outro veículo de mídia, mas, em casos específicos, não custa lembrar que estamos perdendo oportunidades de valorizar ações que modificam ou podem modificar o universo educacional.
A MultiRio, empresa de midiaeducação vinculada à Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, completou 28 anos no último dia 18. Nenhuma vírgula foi dita nos grandes veículos. Nenhuma lembrança foi mencionada. Nada. “Se formos dar todo aniversário de empresa, vamos passar o dia comemorando”, disse-me um amigo jornalista no almoço de domingo, após ouvir meu lamento. Expliquei que não se tratava de uma velinha a mais. Se tratava de uma entidade que discute há décadas o que hoje é encarado como inovação.
Nascida em 1993, sob a tutela das professoras Regina de Assis e Cleide Ramos, a MultiRio cresceu debatendo o encontro da Comunicação e da Educação. Em uma época onde beirava o lunático defender que crianças, adolescentes e professoras desejavam e podiam produzir conteúdos, contribuindo para o desenvolvimento acadêmico e da sociedade, essas duas protagonistas e muitas outras figuras importantes mostravam que o futuro era da leitura crítica de mídia, da construção de narrativas midiáticas, da mídia em sala de aula, da comunidade escolar sendo também um organismo comunicativo e dos veículos, inclusive a própria TV, sendo instrumentos educacionais. Era pensar com e não somente para os estudantes e professores.
Com o passar do tempo, a empresa construiu experiências bem sucedidas e projetos vitoriosos. Prêmios vieram de tudo que é canto do planeta, inclusive do Japão. Apesar de sempre ter tido profissionais reconhecidos, a participação dos estudantes e professores da rede municipal do Rio de Janeiro fez com que cada levantada de troféu tivesse um sabor especial. Era a famosa rede conquistando o mundo. Era a demonstração que é possível fazermos uma educação pública com os traços do que há de melhor da particular. Era e ainda é o melhor raio-x que dá para ser pioneiro.
Andar pelos corredores da MultiRio é encontrar servidores que também são professores, o que distingue absurdamente de uma empresa jornalística ou puramente artística. Na Educação, é uma pérola. São professores que também são diretores, produtores, editores, animadores e por aí segue. Qualquer produto da MultiRio nasce ou pode nascer na sala de aula, com cuidados pedagógicos, contando com as idiossincrasias do universo público educacional de uma cidade diversa como o Rio de Janeiro. Não é achismo. Não é trazer fórmulas da Finlândia, absolutamente distantes de Vigário Geral ou das quebradas do Leblon. Não é bancar de moderninho, misturando termos em inglês e italiano. É estar no sangue de uma rede de escolas com mais de 1500 unidades e cerca de 700 mil estudantes. É ter histórico de avanços e tropeços. É falar a língua, afinal está no mesmo lado do balcão.
Com a chegada da Covid-19 e a necessidade de ensino a distância, nada mais instigante que olhar para a caminhada da MultiRio. Além de produtora, ela é uma grande formadora. Com quase 200 mil seguidores só no YouTube, foi a empresa que conseguiu, em tempo recorde e com bem menos estrutura do que merecia, fazer girar a intrínseca roda de produzir conteúdo para uma moçada super carente. Estaria pior, acredite. Muitos professores conseguiram arrancar, utilizando seus celulares para construir podcasts ou vídeos educacionais, porque tiveram contato com a MultiRio. Exemplos têm aos montes. Um Google irá te surpreender.
28 anos, nessa situação, não é um aniversário qualquer. É a celebração de ser ainda atual e importante para o Rio de Janeiro. Em qualquer buraco, estaria sendo festejada a altura que merece. Nada que modifique a Educação pode ficar sem os holofotes devidos. Nem no dia 18 de outubro, nem no dia 22 de março ou no dia 19 de fevereiro. Viva a MultiRio!
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Não dá para adivinhar
A coluna procurou quatro coleguinhas, de três veículos diferentes, para ver se tinham recebido algum release lembrando o aniversário. Nenhum recebeu.
São profissionais que, de alguma maneira, atravessam o campo educacional.
“Coisas do Rio”, uma das mais lidas por profissionais de educação no Rio, também não recebeu nadinha.
Aí só se Nostradamus estivesse em dia.