PolacasReprodução Internet

Quase todas as semanas recebo mensagens, nas redes sociais ou até mesmo por e-mail, pedindo que eu conte mais sobre a vida das polacas.
Elas ainda fazem parte do imaginário popular. Estão em livros, documentários, músicas e até em cemitério.
Principalmente depois de 1850, com a nova aristocracia do café, a prostituição ganhou novos capítulos no Brasil.

Os portos, no Rio de Janeiro, por exemplo, viviam cheios de estrangeiros, marinheiros, imigrantes, homens de negócios.

Na Europa, vários países do leste europeu viviam problemas financeiros.

Então o que se tornou cada vez mais comum? O aliciamento de mulheres, em especial de religião judaica, para serem prostitutas no Brasil e em outros cantos da América do Sul. Tráfico de mulheres, no melhor português.

Esse aliciamento não era tão simplório como pode-se imaginar. Era feita uma seleção, um convencimento mentiroso, dizendo que elas teriam uma vida boa na América, um teatro que envolvia diferentes personagens, entre eles um empresário que estaria disposto a casar com a mulher e uma cafetina que incorporava o papel de tia nos portos.
Tudo para não configurar prostituição, que era considerado crime.

Em 1867 há registros da chegada de mais de 100 meretrizes estrangeiras ao Rio de Janeiro, então capital do Império.
Primeiro elas iam para a região da praça XI e depois foram para a região do mangue.

Elas não falavam o idioma e buscaram uma zona do centro do Rio de Janeiro para se protegerem. Pra trabalharem.

Sofrendo mil preconceitos, as polacas seguiam os feriados religiosos judaicos e até criaram uma sinagoga, porque elas não eram aceitas nas outras. Não havia rabino, claro.
Foram agredidas quando tentaram manter as tradições. Fortes, elas fundaram uma associação de solidariedade, que construía o conceito de ajuda mútua.
Por serem consideradas impuras, não tinham a possibilidade de serem enterradas em um cemitério judaico.
O que fizeram? Criaram o delas. O cemitério em Inhaúma foi inaugurado em 1916.
Quer saber os detalhes desse cemitério? Fiz um vídeo no local. Veja só.

As polacas, muitas delas esforçando-se para falar francês, o que era o máximo na época, e valorizava o programa, permearam o inventário popular por muito tempo.

O compositor e cantor Moreira da Silva, sambista, malandro, namorou uma polaca e compôs a música Judia Rara, em homenagem à ela.