Mercedes Baptista: primeira bailarina negra do Theatro Municipal EliasTheHorse - Wikipedia

Recentemente, o prestigiado site americano Time Out escolheu o bairro da Saúde, no centro do Rio de Janeiro, como um dos lugares mais descolados do mundo.
Vivendo uma maré de baixo astral impressionante, o fato só reconheceu o que há tempos essa coluna vem apontando: a área hoje conhecida como Porto Maravilha esconde cantinhos encantadores. O Rio de Janeiro raiz está também ali.
Muitos leitores, com razão, me enviaram e-mail pedindo que contasse as histórias do que anteriormente conhecíamos como Pequena África. Fiz isso nos últimos 4 meses nas redes sociais.
“Mas e na coluna?”, alguns podem pontuar.
Então vou por partes, começando pelo Largo de São Francisco da Prainha.
São Francisco da Prainha tinha...uma prainha. E desse detalhe vem o batismo.
Esse espaço faz parte da Pequena África, região fundamental pro desenvolvimento da cultura negra no Brasil.
Ali era uma região de vendas e compras de pessoas escravizadas. Havia também cemitério para aqueles que não sobreviviam as duras viagens.
Quilombos foram formados. Era um meio de fugir das agruras dos escravocratas. Perseguições, por aquelas intermediações, aconteciam.
Com a abolição da escravidão, em maio de 1888, ex-pessoas escravizadas encontraram no Largo da Prainha um reduto natural de moradia.
Estivadores e lavadeiras, por exemplo, se instalaram por lá.
A estátua no centro da praça homenageia Mercedes Baptista, primeira artista negra a integrar o corpo de balé do Theatro Municipal. Ela faleceu recentemente, em 2014.
As rodas de samba rolam sempre. Em pandemia, com cuidados sanitários.
Para comer e beber há bares tradicionais, como o “Angu do Gomes”. A cerveja costuma ser bem gelada.
Fiz um vídeo mostrando mais detalhes.


Na próxima coluna, Pedra do Sal.
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E o fim da prainha?
A construção do porto do Rio de Janeiro e a modernização daquela área, no final do século XIX e começo do XX, colocou um ponto final na prainha do Largo.
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Quer saber mais?
A coluna indica a leitura desse texto, da professora Erika Arantes, do Ensino de História da UFF de Campos dos Goytacazes.