Dona da yorkshire Mel soube que a vacina estava em falta depois de ligar para várias clínicas - Divulgação
Dona da yorkshire Mel soube que a vacina estava em falta depois de ligar para várias clínicasDivulgação
Por MARIA INEZ MAGALHÃES

Rio - A jornalista Adriana Freitas enfrentou uma maratona semana passada para conseguir vacinar sua Mel, uma yorkshire de 6 anos, contra raiva. Moradora de Botafogo, ela só encontrou o medicamento na Barra depois de ligar para várias clínicas e ser informada de que a antirrábica está em falta. O produto é importado. A raiva é uma zoonose transmitida por cães, gatos e morcegos e pode até matar. 

E o problema é em todo o estado. Tanto que, no último dia 31, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio (CRMV-RJ) enviou ofício ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e ao Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) questionando sobre o desabastecimento.

"Começamos a receber ligações de veterinários de todo o estado dizendo que não estavam conseguindo a vacina. E isso aconteceu em dezembro, quando muita gente viajou e precisou imunizar o animal. Cem por cento dos clientes que procuraram as clínicas para vacinar ficaram sem a medicação", contou a veterinária e conselheira do CRMV-RJ Márcia Andréa de Oliveira Souza. Segundo ela, uma das distribuidoras da antirrábica começou o reabastecimento no último dia 19.

"É perigoso para a Mel e para as pessoas eu sair com ela sem vacinar. Fiquei desesperada, porque já perdi uma cachorra que contraiu leptospirose logo depois que a vacina venceu e eu não consegui aplicar outra dose", lembra Adriana.

Por nota, o Mapa disse que "as informações que nos chegam falam sobre a falta de vacinas de algumas marcas e não falta de vacinas em geral", diz. O órgão ressalta que o problema está nas clínicas particulares e não afeta campanhas oficiais. Ao DIA, o Sindan disse que não iria se pronunciar, mas em sua página na internet há o seguinte comunicado feito no dia 7: "A previsão para normalização do desabastecimento momentâneo do mercado nacional de vacinas antirrábicas para cães e gatos é de dois meses".

Estoque em baixa afeta bovinos na zona rural
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Veterinária e conselheira do CRMV-RJ, Márcia Andréa de Oliveira Souza contou que há casos em que os profissionais, quando têm a vacina, estão priorizando imunizar filhotes. "É porque eles não receberam ainda nenhuma dose da antirrábica, ao contrário do animal adulto, e ficam mais expostos à doença", contou ela.
A vacina contra a raiva tem duração de 12 meses e deve ser aplicada todo ano após o vencimento da sua dose. Por isso, segundo ela, os animais que participaram da campanha pública contra a raiva no ano passado estão imunizados. "Mas muita gente não vacina na campanha ou precisa vacinar o animal por alguma exigência emergencial", explicou a veterinária.
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A Subsecretaria de Bem-estar Animal (Subem) da Prefeitura do Rio informou que no ano passado a campanha da prefeitura vacinou 468 mil animais, entre cães e gatos, contra pouco mais de 72 mil em 2016. "Um avanço significativo", disse o veterinário da Subem Alexandre Dia.
Mas a falta da antirrábica não está afetando apenas os pets. Segundo Andréa, o problema tem afetado a zona rural do estado, onde há criação de bovinos. É que esses animais também podem ser infectados pela doença. "Um boi contaminado não pode ter a carne comercializada e tem que ser sacrificado", explicou.
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Se for mordido por um cachorro, gato ou morcego, deve-se lavar o ferimento com água e sabão neutro e procurar o posto de saúde mais perto de casa para tomar o soro antirrábico. A medicação existe apenas na rede pública de saúde.
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