Rodrigo Fagundes
Rodrigo FagundesDivulgação/Faya
Por O Dia
O momento só não é de maior alegria pela situação difícil que o Brasil atravessa por causa da pandemia do novo coronavírus, mas Rodrigo Fagundes está bem feliz com a atual fase de sua carreira profissional. Intérprete do inesquecível Patrick do 'Zorra Total', ele abre o coração para a coluna e fala sobre preconceito, casamento, da paixão por novelas, de Sarah Jessica Parker, da polêmica de acusação de assédios no humor da Globo e dos planos para 2021.
Estamos vivendo em um período tão difícil e aí chega uma comédia na Netflix para dar um pouco de alegria que é o filme 'Tudo bem no Natal que vem', que tem Leandro Hassum e você no elenco? Fala um pouco do longo e se vocês esperavam esse sucesso?
Sempre quis fazer um filme do Leandro! Nos conhecemos e nos admiramos há muitos anos. Ele é um artista da melhor safra, talentosíssimo, generoso e agregador. Senti que o filme seria um sucesso já na leitura. Depois passei madrugadas filmando com um elenco, diretor e equipe da maior qualidade. Não tinha como dar errado. Um set iluminado e que agora está chegando na casa das pessoas em 190 países. Recebi parabéns em Russo, Italiano, Inglês e alemão. Pensa se estou feliz? Mas muitooo!!!
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Geralmente , acontecem coisas engraçadas e/ou curiosas em filmes de comédia. Você lembra de algo?
As cenas que fiz eram quase todas com a família reunida, portanto, nos intervalos brincávamos muito de dar susto um no outro, nos escondendo ou inventando histórias de fantasmas. Cantávamos no camarim e comíamos muito (risos). Foi tudo maravilhoso.
E o filme com a Cleo? O que vai ser e qual o seu personagem?
O filme é uma comédia policial dirigida pelo Hsu Chein que na leitura também já trouxe muita vibração boa e muitas ideias pro meu personagem. Vou dar vida a um delegado que questiona a vontade da personagem da Cleo a desistir de seguir seu faro para a investigação de um crime que starta a trama. Ele a coloca a prova tentando confundi-la e demovê-la da ideia de prosseguir sua investigação.
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Na série 'Impuros', seu personagem era um sequestrador. Como foi essa experiência e é um personagem completamente diferente de tudo que já fez?
Eu já era fã de 'Impuros' e quando soube que faria uma participação com aquela densidade fiquei muito empolgado, pois o público não costuma me ver naquela temperatura no audiovisual. E eu venho buscando também experimentar todos os tipos de personagens cômicos ou dramáticos. E a resposta sobre esse trabalho foi muito positiva, porque sempre recebo mensagens de gente surpreso com minha atuação na série.
Senta falta do Patrick do 'Zorra Total'? O que esse personagem significou para você, já que a esquete era uma das mais populares do programa durante um bom tempo?
Patrick foi um divisor de águas na minha história. Ele foi uma criação do teatro para TV e que teve uma trajetória que me dá muito orgulho. Realmente o quadro era um sucesso. Me lembro que os diretores brincavam quando chegava pra gravar, diziam: "Chegou nossos 8 pontinhos", numa referência à alavancada de audiência quando o quadro entrava no ar (risos). Ganhei projeção, dinheiro, popularidade, prêmio e, sobretudo, o carinho de TODO tipo de público. Até hoje falam do Patrick comigo. Mas ele já cumpriu sua missão. Teve uma vida linda na peça 'SURTO', em que atuei por 11 anos, e 9 no 'Zorra Total'. Foi lindo, mas artisticamente não me sentia desafiado mais Aprendi muita coisa , inclusive a hora de descansá-lo.
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Se não me engano, você só fez uma novela. Por que? Faltaram convites ? Ou as pessoas acham que 'humorista' não é um ator?
Calma, estou chegando agora na dramaturgia (risos). Fiz 'Babilônia' assim que saí do 'Zorra Total' e foi ótimo para saber como funciona uma novela por dentro. Aprendi muito. E, em 2017, veio 'Pega Pega' da Claudia Souto e direção do Luis Henrique Rios onde dei vida ao Nelito, um personagem que me marcou muito. Fui muito desafiado e estimulado pelo texto e pela direção. Erámos uma trupe igual no teatro. Somos amigos até hoje. Foi um encontro dos bons. E a novela foi fenômeno de audiência. Já sofri preconceito por fazer comédia sim, mas sou persistente. Sei o quanto amo o que faço e ninguém me impede não. Ninguém me para! (risos).
Você tinha planos de estudar fora e que acabou cancelando por conta da Covid- 19. O que tem em mente para um futuro próximo?
Que ano, né!? Meus planos eram passar 3 meses em NY no primeiro semestre estudando na escola da Susan Batson e, no segundo, levaria nossa peça 'SUSTO', que faço com Wendell Bendelack, para São Paulo. Tudo adiado. Agora só quero saúde, consciência de todos pela necessidade dos cuidados, que essa vacina não demore e seja eficiente.
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É difícil estar casado há 17 anos com o ator e autor Wendell Bendelack em um país que ainda existe muito preconceito com o casamento entre pessoas do mesmo sexo?
Nossa relação é de muito amor e parceria. Nunca a escondemos, mas também não a exibíamos porque é nosso tesouro. E tesouro a gente mostra pra poucos. (risos) Já passamos por situações de preconceito, ataques, ofensas, sobretudo nas redes sociais que também é o celeiro dos covardes, né? Mas entendo também que somos privilegiados pelo meio em que vivemos e o amor e o carinho das pessoas ao nosso redor é imenso com a gente. Não somos nem queremos ser exemplo de nada. Nos amamos, dividimos a vista e tentamos viver um dia de cada vez. Ele é minha inspiração.
E a sua relação com Sarah Jessica Parker? Como foi receber uma resposta da protagonista de uma das séries mais icônicas da TV?
Amei essa pergunta (risos). Sou fã de Sarah Jessica desde 'Footloose' e quando soube que ela faria um peça na Broadway fiquei louco e fomos vê-la. Na saída, ela foi de uma simpatia! Tiramos foto e ela ficou preocupada em como chegaríamos no hotel porque estava uma nevasca em NY. Quando ela curte ou me responde no Instagram fico me achando (risos) Quase 'migs', né !? Sou bobo assim. (risos)
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Soube que você é um noveleiro de carteirinha. Qual a novela que você mais gosta e qual o personagem que você gostaria de fazer em um remake?
Sou noveleiro mesmo. Desde criança. Amo a 'Gata Comeu', 'Elas por Elas', 'Vale Tudo', 'Fera Radical', 'Próxima Vítima', 'Avenida Brasil' e tantas outras. Amaria fazer o Tonho da Lua de 'Mulheres de Areia', o Mario Fofoca de 'Elas por Elas', o Badaró de 'Jogo da Vida'. Ahh ..e a Maria de Fátima de 'Vale Tudo' (risos).
O que não tem perdão para Rodrigo?
Que difícil. Não sou de guardar mágoa, mas ingratidão, injustiça e vaidade em excesso me dão muita preguiça. Gente chata até dá pra aturar, mas mau caráter não dá. E também detesto os falsos fofos.
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Como você vê toda essa confusão que aconteceu no departamento de humor da Globo que acabou sobrando para os programas que foram tirados do ar pela emissora?
Lamento primeiramente pelas vítimas. As acolho e todas têm minha admiração pela força e coragem de denunciarem. Infelizmente, isso acontece nas mais diversas profissões, mas se por se tratar de artistas gera mais repercussão. Lamento também pelos colegas que sofrem o efeito colateral disso com o cancelamento dos programas, gerando agonia e desespero por perderem seu trabalho. No fundo, é horrível pra todo mundo! E só espero que se faça justiça e que quem for culpado pague devidamente pelo que fez. E que isso sirva de exemplo para toda a sociedade entender de vez que assédio é crime.
Como vai ser o seu Natal e o Ano Novo?
Com saúde, assim eu sempre espero. Para os meus e para todos. Minha família não se reunirá pela primeira vez. Minha mãe ficará na cidade dela (Juiz de fora) com minhas tias...todas quietinhas em casa. Meus irmãos ficarão em suas casas e eu aqui no Rio com Wendell e com minha sogra. Isso porque nos amamos muito e entendemos que é preciso esse sacrifício agora para ganharmos os Natais que vem pela frente. Ninguém sabe quanto tempo teremos, mas queremos seguir o coração e a razão nesse momento. Estaremos bem.
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Um desejo para 2021?
Saúde, amor, trabalho e aglomerações seguras pós-vacina.