Tino Júnior
Tino JúniorCléber Mendes/Agência O Dia
Por O Dia
Tino Júnior era um dos radialistas mais populares do Rio quando recebeu a proposta para apresentar o 'Balanço Geral, na Record Rio'. Profissional multifacetado, Celestino de Azevedo Vivas Junior foi lá e provou o seu valor. "Quero ser a ligação do povo com o poder público. Quanto mais pessoas, quanto mais causas eu puder abraçar e puder ajudar, melhor". Aos 45 anos e em plena forma física, ele é querido pelas telespectadoras do programa, mas jura que não é mais tão assediado pelo público feminino quanto no passado. Para 2021, o apresentador espera que seja um ano de reequilíbrio.
Você começou no rádio. Como foi a transição para TV?
A transição do rádio para a TV foi tranquila. Eu fui recebido por uma equipe muito boa, muito legal, uma galera que me deixava tranquilo, que fez tudo para que eu conseguisse me adaptar o mais rápido possível ao meio da TV. É claro, eu sou um indivíduo acelerado, ansioso, tinha que controlar minha ansiedade e o meu frio na barriga. Existia também a preocupação em não dar certo na TV. É normal, mas a equipe me ajudou muito.
Publicidade
Você está à frente do 'Balanço Geral Rio', que é um programa policial. Já foi ameaçado?
Eu já recebi alguns comentários em tom de ameaça, mas nada sério. Eu tenho comigo alguns princípios e acho que para tudo tem limite. Até para você narrar a prisão de um bandido, até para você criticar alguém. Eu hoje consigo dar a notícia e comentar sem agredir a ponto de alguém querer me matar. Acho que, quando se fala a verdade e essa verdade está desprovida de segundas intenções e de interesses escusos, qualquer um dos lados vai olhar para você e falar: 'o cara está sendo justo'.
Nos áureos tempos da FM O Dia, a fama do Tino era de pegador. Agora você casou e sossegou. Que importância tem a família na sua vida?
A família é meu maior patrimônio, é minha vida. Eu ganhei um presente da minha esposa, que é o Miguel. Minha esposa é uma pessoa incrível, que realmente soma demais na minha vida. A gente divide pensamentos, alegrias tristezas... É uma parceira de vida. E encontrei a minha esposa no momento certo, quando eu estava pronto para isso, já havia maturidade, tranquilidade e já tinha me divertido muito, aprontado muito. Acho que a família veio na hora certa. Hoje é dedicação total. Quem é pai, quem é mãe sabe exatamente do que eu estou falando. É uma vontade enorme de chegar em casa, de ser melhor a cada dia, de encher a família de orgulho, de oferecer uma estrutura para que a família possa ter tranquilidade.
Publicidade
Você tem um filho pequeno. Que valores quer passar para ele?
Falando especificamente do Miguel, a minha maior preocupação é dar a melhor educação para ele porque, depois que eu perdi meu pai, alguns sentimentos ficaram mais aflorados. Hoje, a maior certeza que tenho é que só existe uma herança na vida, que é a educação que a gente deixa para os nossos filhos. E tem a segunda também que são os bons momentos que a gente vive. Eu vejo que herança não tem nada a ver com o material, tem a ver com informação, com educação, com bagagem, com ensinamentos de vida. Então, hoje, eu sou um indivíduo extremamente preocupado em dar o bom exemplo, dar a boa educação, em não virar pro meu filho e falar 'faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço'. A gente tem que dar exemplo. Ele tem 3 anos e uma coisa que eu e a Gabi já começamos a mostrar muito para ele é o valor da verdade. Por pior que seja, ele deve sempre falar a verdade, e a gente não abre mão disso. Outra coisa que a gente preza muito aqui em casa é o uso de adjetivos. A gente não troca adjetivos pejorativos em casa, e vamos ensinar para ele que não se deve adjetivar as pessoas, não se deve rotular. A gente deve tratar todo mundo com tranquilidade, paciência e educação. Quero mostrar para ele o valor da honestidade, que vale a pena ser honesto, que o mundo é dos honestos e que, se a gente plantar, vai colher. Não tem como plantar laranja e nascer abacaxi.
Você teve Covid-19 recentemente. Como foi? Qual foi a sua maior preocupação?
Nós tivemos, eu e Gabi. O Miguel, não. A Gabi sentiu mais, ficou com taquicardia, teve até inchaço no rosto e muitas dores no corpo. Eu, graças a Deus, tive uma leve dor na perna, perdi o olfato, não tive febre e me recuperei bem e muito rápido. Minha maior preocupação é com as pessoas que se compliquem e não tenham atendimento. Essa doença, infelizmente, é uma caixa de surpresas: cada pessoa reage de uma forma, e quando a gente recebe o resultado do exame positivo, a gente fica sempre preocupado. E aí é a fé. Mas me preocupo, porque a gente está vivendo um final de 2020 com um número crescente de casos, a politização da doença, da vacina. Me preocupo muito com a minha mãe, que já tem idade, com a minha avó, que passou dos 90. São preocupações que ficam na nossa cabeça.
Publicidade
Como é o Natal na sua casa?
Natal aqui em casa, graças a Deus, desde o ano passado, passou a ser na nossa casa, na minha casa. Aí vem minha mãe, minha avó, minha irmã, minha sogra, meu sogro, minha cunhada, meu cunhado, meu sobrinho... E a gente junta aqui, é alegria, é aquela coisa de Natal, de família. A gente sempre fala que não vai fazer muita comida para não sobrar, mas sobra, e a gente passa depois quase uma semana comendo aquela comida toda. Alegria, brincadeira, risos, presentes para as crianças. Para os adultos, a cada ano que passa, os presentes vão ficando mais escassos, primeiro porque a situação financeira do país vai descendo a ladeira, e segundo porque eu, pelo menos, gosto de comprar os meus presentes. Não é que eu não goste de dar presentes, é que eu não me importo se não ganhar. Nós, adultos, valorizamos mais o momento do que propriamente o presente. Porque você vai comprar uma lembrancinha para todo mundo, algo que nem vai agradar tanto. Estar presente é muito mais importante. Natal é uma celebração de amor, porque é a data que o Miguel mais gosta. É uma das datas que eu mais lembro do meu pai, e é claro que ele faz falta, porque são três anos e pouco sem ele. É feliz, e tem que ser feliz, mas com uma lembrancinha muito forte. Hoje a dor é menor, mas a saudade é do meu pai.
Você vive sendo clicado na rua e sempre acena de bom humor. Os paparazzi não te incomodam mesmo?
Os paparazzi não me incomodam. Ali, com a câmera na mão, tem um chefe de família, um trabalhador. Que bom que tem alguém me fotografando. É um sonho. E vão me fotografar com a família, no shopping... Que bom que eles me reconhecem e fotografam, é um motivo de orgulho. Adoro tirar foto com as pessoas que me reconhecem. Quando um paparazzo me fotografa ou fotografa minha família, eu fico todo orgulhoso e feliz. E além disso, eu enxergo ali profissionais, pessoas que estão ganhando a vida de maneira digna. Não vejo nada de mais e fico muito triste quando vejo pessoas que tem fama, que atingiram o reconhecimento e se incomodam de serem fotografadas em locais públicos. Caramba, é um local público! Dou o maior carinho, acho que são profissionais, pais de família, e são sempre muito educados e simpáticos comigo.
Publicidade
Você já apresentou o 'Hoje em Dia'. Tem vontade de assumir um programa nacional na Record?
A questão do nacional é uma decisão sempre da empresa, do gestor, de quem enxerga a empresa como um todo. Então, se a empresa enxergar em mim um apresentador nacional, de rede, eu estou dentro! Sou apaixonado pelo Rio de Janeiro, amo fazer o 'Balanço Geral', são horas que eu passo ali me divertindo, concentrado, às vezes, triste com as coisas que acontecem. Eu tenho muito prazer em fazer o 'Balanço Geral'. É a minha vida. E eu estou à disposição da Record, dos nossos diretores e gestores. Se precisarem de mim na rede, se disserem 'Tino, você precisa fazer um programa de rede', eu não penso duas vezes: vou na hora. Eu sou um cara que adoro desafios, adoro ser desafiado. Gosto muito de São Paulo, a gente está sempre em São Paulo, por uma questão pessoal e sem compromissos profissionais, então quando a gente pode a gente vai pra lá, nós gostamos de ficar lá. São Paulo é uma cidade que eu curto muito, eu e minha família, nós somos muito felizes lá também.
Que presente você gostaria que Papai Noel trouxesse para os brasileiros?
Eu queria que Papai Noel trouxesse consciência e respeito para os administradores deste país, de verdade. Eu queria que Papai Noel trouxesse políticos - e eu estou falando de todo mundo, não de A, B ou C, nem querendo dar a entender - que estejam realmente comprometidos com o povo, com o país. Como eu quero ver este país melhor! Como eu quero ter orgulho de ser brasileiro, ver o crescimento desse nosso país, ver a diminuição da desigualdade. É muito triste quando eu falo na TV que alguém foi baleado numa favela, quando eu mostro a realidade da favela. Existe uma romantização das favelas, e é duro para quem vive lá. Só quem vive lá pode falar. Eu não estou credenciado para falar sobre favela, mas, na minha visão, pela experiência que eu adquiri no decorrer da minha vida e pelas vezes em que eu estive nas diferentes áreas carentes do Rio de Janeiro, eu fico tocado quando eu vejo pessoas vivendo sem condições. Acho que a gente precisa de mulheres e homens comprometidos para mudar a realidade dessas pessoas. Me arrisco a dizer que a gente precisa de um plano nacional de educação. A gente precisa de investimento maciço em educação para começar virar o jogo.
Publicidade
Você sempre cuidou do corpo com lutas e exercícios. Como é a sua rotina?
Adoro treinar. Me faz bem, faz bem para minha cabeça. Não é uma questão de corpo, é uma questão de cabeça. Musculação três vezes por semana, aeróbico duas vezes por semana, e jiu-jítsu de cinco a sete vezes por semana. Gosto muito. O Miguel faz judô e natação duas vezes por semana. Até agora ele gosta, nunca vou forçar nada, vou deixa-lo sempre à vontade, mas ele gosta muito.
Tino é melhor apresentador, pai, filho ou marido?
Eu me esforço muito para ser o melhor pai, filho e marido e, claro, apresentador também. É difícil, porque eu tenho que escolher um... Apresentador eu já corto, porque eu nunca vou dizer que eu sou o melhor, eu sou um apresentador em construção. Se eu tiver que escolher um, acho que eu sou um pai muito presente, muito apaixonado.
Publicidade
Você recebe cantadas de homens? Como lida?
Não é muito comum, mas acontece, já aconteceu. Eu lido numa boa. Não respondo, porque acho que não precisa, sou casado... Ainda se eu fosse solteiro, mas sou casado. Não levo a mal, acho que faz parte. Respeito muito a orientação de todo mundo. Da mesma forma que não respondo cantada de homem, não respondo de mulher, que fique bem claro. Acho divertido, fico lisonjeado, fico feliz... Que legal, né?
E o assédio feminino? Ainda é grande, mesmo sabendo que você é casado?
Diminuiu muito, muito... É quase zero, é nulo. Eu atribuo isso ao fato de eu ter mudado o perfil, de trabalhar com informação, com notícia, de abraçar casos ali, na televisão, casos e causas. Eu acho que sou visto hoje como um pai, um marido e um amigo.
Publicidade
Em diversas reportagens de rua, as pessoas gritam seu nome. Como você enxerga essa manifestação de carinho?
Felicidade total! Eu tenho uma pretensão profissional que é, enquanto estiver no 'Balanço Geral', é ser a ligação entre o povo e poder público. Não quero colocar o povo contra o poder público e também não quero ficar massacrando os gestores. Quero ser a ligação do povo com o poder público. Quanto mais pessoas, quanto mais causas eu puder abraçar e puder ajudar, melhor. E quando essas pessoas gritam meu nome numa reportagem eu fico feliz da vida, fico emocionado.
Alguma vez já puxaram seu tapete na TV?
Não, graças a Deus. A gente tem uma base sólida, tem uma direção firme, e não tem espaço para isso.
Publicidade
Como você se vê daqui a dez anos?
Eu me vejo trabalhando, na minha melhor forma profissional, na minha melhor forma física. Me vejo maior... Tenho sonhos e vou conquistá-los.
Quem é Tino Júnior?
Tino Júnior é o Celestino Júnior. Fui batizado no meu primeiro emprego em rádio, aqui no Rio de Janeiro. Eu tinha um diretor, chamado Marcelo Silva, que falou 'pô, esse nome no rádio, acho que não vai ficar muito bom... Vamos mudar esse nome?', e eu dei a sugestão do Tino, ele gostou. E o Tino Júnior me define, eu abracei o apelido. Eu sou um cara extremamente determinado. Nunca tive conhecimento para entrar no rádio, mas eu fui colocando pedrinha por pedrinha, batalhando, e hoje me vejo em um dos principais grupos de comunicação do país, trabalhando numa televisão, realizado profissionalmente, graças ao meu esforço, graças à minha dedicação e graças aos meus sonhos. Sonhar é fundamental. O Celestino, ou o Tino, é um cara que sonha e acredita de verdade nos sonhos. Inclusive, a minha frase predileta é 'a felicidade é o troféu dos corajosos' e que 'nós somos do tamanho dos nossos sonhos'. Então a gente tem que ter coragem para correr atrás do que a gente quer, por mais que digam que nós somos malucos ou que não seremos capazes, a gente tem que acreditar. Triunfar na vida é acreditar no impossível. Uns chamam de fé, outros chamam do que quiser, mas eu acredito no que pode parecer impossível para muita gente. Os meus sonhos são pautados no impossível. Se sonhar o óbvio, eu seria mais um. Então, o Tino é um cara que sonha, graças a Deus, corre atrás, tem disposição e tem garra.
Publicidade
E o que mais?
Sou um indivíduo desconfiado, quieto, tímido, família... As pessoas dizem que tenho um coração grande, não sei... Até porque, quando a gente quer fazer bem a alguém, a gente não deve falar, então eu tenho muito cuidado com isso. A gente não deve ficar divulgando as coisas boas que a gente faz. Devemos divulgar o bem, mas não se autopromover com o bem que fazemos aos outros. Quando você fica dizendo o que fez, o que doou, o que deu, isso acaba até diminuindo quem precisa. É fundamental fazer e não contar a ninguém.
O que você espera de 2021?
Espero que 2021 seja um ano mais tranquilo que este. Pelo que eu estou vendo, o primeiro trimestre vai ser bem agitado. E eu digo tranquilo pela questão da Covid-19. Um ano de muitas perdas familiares, pessoas que estão indo. Essa semana a gente teve a perda do Ubirany, do grupo Fundo de Quintal, do Eduardo Galvão também... Enfim, amigos, parentes de amigos. Um ano de muitas perdas, financeiras também. Espero que 2021 seja um ano de reequilíbrio, que as coisas comecem realmente a andar. E eu acredito que sim, que o mundo vai começar a andar em 2021. Tenho muita fé nisso. Eu acho que não é o momento de projetar, de sonhar sim, mas sonhos são íntimos. Sonho a gente não divide, a gente sonha e realiza. Projeto a gente pode dividir. Eu acho que o ano que vem é um ano de crescimento, então meu projeto é crescer, consolidar ainda mais o 'Balanço Geral', envolver ainda mais as pessoas naquele debate diário que eu faço, nas reflexões que eu tento puxar todos os dias, para que a sociedade reflita sobre os nossos problemas, para que a gente tenha atitude e coragem de cobrar. Quero ser um homem melhor do que eu fui em 2020.