Catia Fonseca
Catia FonsecaDivulgação/Leandro Teixeira
Por O Dia
São três anos na Band comandando o 'Melhor da Tarde', atração que se consolidou na faixa vespertina da emissora. Mas Cátia Fonseca está desde 1994 no ar quando estreou na extinta Rede Mulher com o programa de culinária 'Com Sabor'. Passou pela Gazeta e Record e é considerada uma mulher forte e sem papas na língua. "Quando eu tenho certeza do que eu quero fazer, vou lá e faço", diz a jornalista, que assume ter sido uma mãe rígida, não ter muita paciência e nem um milhão de amigos. Ela confessa que gosta de mesmo é de conversar com as pessoas nas ruas.
Cátia, quando você descobriu a sua vocação para comunicadora?
Acho que não foi uma descoberta porque eu sempre me vi nessa área de comunicação e foi um processo natural. Quando eu era pequena, eu ia com a minha mãe aos médicos e eu ficava conversando e entrevistando as pessoas. Na escola também era assim. Mais tarde, o meu ex-marido (Dafnis Fonseca) trabalhava com jornalismo e fui fazer faculdade de Rádio e TV. Um dia surgiu uma vaga de apresentadora de um programa feminino, mas eu queria mesmo era ser apresentadora de telejornal. Nada a ver com o que eu faço (risos). Mas, o meu ex-marido me aconselhou a pegar essa oportunidade e foi o que eu fiz. Eu me joguei e o engraçado é que hoje eu amo e não fico pensando 'ah... e seu tivesse ...' Não! O mais importante é que eu tenho a certeza que apresentar um programa feminino tem mais a ver comigo.
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Tinha um plano B? Seria outra coisa ?
Eu acho que seria uma profissão que teria que estar ligado a cuidar de animais ou crianças. O engraçado é que eu nunca parei para pensar o que seria se não fosse apresentadora de televisão. Esses dois caminhos seriam bons ou então teria uma loja de doces e tortas.
Dizem que você tem uma personalidade forte e que já teve rusgas com outros apresentadores. É verdade?
Personalidade forte? Não sei, mas o que eu não sou é tonta. Eu tenho limites, respeito os limites das pessoas e dou os limites do que as pessoas podem fazer comigo. Não sei por que as pessoas dizem que eu tenho o temperamento forte! Talvez pelo fato de que, quando eu tenho certeza do que eu quero fazer, vou lá e faço. Se fizerem uma proposta e eu me sinto pronta, eu vou lá e topo se eu achar que devo topar. A não ser que uma pessoa consiga me convencer do contrário. Se não conseguir, eu vou lá e faço. Não deu certo? Não deu, mas eu tentei e não fico me lamentando nem me punindo. Quando acontece algum desentendimento, eu vou lá para conversar. Eu gosto de resolver e não fico guardando as coisas. Não tenho mágoas nem rusgas com ninguém. Se eu tiver fazendo algo contra você, na verdade eu vou estar fazendo contra mim. Lá na frente, eu vou saber.
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Você tem amigos no meio? Quem são eles?
Datena é um amigo que conheço desde a época que trabalhei na Record, mas lá nós éramos colegas. Hoje, somos amigos. O Geraldo Luís também é um grande amigo. São amigos que você pode não ver todos os dias, falar todos os dias, mas você sabe que pode contar e são amigos reais. Ah! Eu tenho um milhão de amigos! Não, eu tenho um milhão de colegas na vida e poucos amigos. A Mamma Bruschetta é outra pessoa que escolhi para a vida e ela me escolheu.
Mas você não teve um desentendimento, um atrito com a Mamma Bruschetta lá atrás?
Não foi um atrito. Há 15 anos, quando eu fui trabalhar na Gazeta, a Mamma era uma personagem má, era um o alter-ego do Clodovil no programa. Ela tirava as pessoas do armário e eu nunca gostei daquilo, não achava bacana julgar as pessoas e aí, quando eu assumi 'Mulheres' me falaram dela e eu disse que não a queria. Me perguntaram o motivo e eu disse que achava muito ruim, uma personagem má e não queria aquele tipo de fofoca no programa. Tive uma conversa com a Mamma, revelei que eu disse para a direção que não queria ela e falei o motivo. Ela disse que não queria mais fazer aquela personagem e deu tudo certo. Nasceu ali uma amizade para vida.
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Quais são as qualidades que você admira em outra pessoa?
Sinceridade, franqueza, bom humor, lealdade, gentileza, gratidão e disponibilidade.
Pensa em ter um programa completamente diferente, um tipo noturno, talk show?
A gente chegou a fazer um projeto antes da pandemia. Mas vou dizer uma coisa para você, eu nunca pensei ou falei 'ah... eu queria ter um talk show ou um programa da Hebe ou um programa igual da Ana Maria'. Não. Cada um carrega a sua essência, sua identidade e eu não tenho mesmo essa vontade de ter um programa noturno, no horário nobre. Tenho vontade de ter um programa diferente do que eu já tenho e aí em qualquer horário. Isso eu tenho vontade.
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Uma vez, você disse que essa briga por audiência não é uma coisa boa e que um dos motivos de sua saída da Record foi justamente por isso...
O diretor de um programa é quem precisa cuidar da audiência e se eu que apresento for me preocupar com a audiência e com o que os outros apresentadores estão fazendo, eu não vou fazer o meu trabalho bem. Vou ficar pensando: 'se eu fizer tal coisa, a audiência vai cair e se eu fizer tal coisa, vai aumentar?' É um jogo insano. Eu não tenho medidor de Ibope, não gosto, nunca tive e nem fico perguntando para o Rodrigo (Riccó, diretor) se está bom ou se está ruim. Acho que a gente tem que se preocupar se está divertido. Eu prefiro agir com naturalidade durante o programa e quando acaba, a gente senta para conversar, vê onde errou, onde acertou. Fica um ambiente mais tranquilo e aí as coisas fluem.
Voltaria para Record? Aceitaria trabalhar na Globo?
Na minha vida eu aprendi a não falar 'nunca' para nada. Eu nunca gostei de trabalhar em casa, gravar em casa. E aí veio a pandemia, resolvemos gravar em casa alguns programa, que foram legais, mas deu trabalho de arrumar, de organizar a rotina e eu jurei que nunca mais. O que aconteceu? Rodrigo pegou Covid-19 e tivemos que voltar a gravar em casa (risos). O 'nunca' não faz mais parte da minha vida para nada. Mas eu não sonho em trabalhar em emissora X ou Y, eu não sonhava nem trabalhar em televisão!
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Te incomoda a curiosidade por sua vida pessoal?
Nada. Eu respondo o que eu quero responder e quando não quero, eu não respondo. Também não me incomodo quando as pessoas me reconhecem e vem falar comigo. Eu gosto de contato, gosto de conversar. Eu embalo papo com todo mundo e sempre foi assim desde muito nova.
Uma qualidade que você não pegou na fila e um defeito que você devolveria?
Eu não peguei paciência. Eu fiquei de conversa na fila, acabou o tempo e eu não peguei paciência. Eu sempre peço a Deus 10 segundos. Antes eu pedia cinco segundos antes de qualquer coisa e eu queria ser mais paciente. Eu peguei muito a impulsividade, só que agora ela é controlada. Antigamente, se uma pessoa falasse alguma coisa que eu não gostasse, eu ia lá e respondia. Hoje, eu penso 'será que essa pessoa merece a minha resposta?' (risos).
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Como é Catia mãe de Felipe e Thiago?
Hoje, eu sou muito tranquila porque meus dois filhos são adultos. O Thiago tem 33 anos e o Felipe, 28, e eu não tenho mais algumas atitudes que eu tinha quando eles eram adolescentes. Aquelas angústias de mãe, sabe? Eu fui bem complexa, rédeas curtas e que cobrava muito. Hoje, eu vejo isso e vejo também que eles são homens de caráter, pessoas boas.
Quer ser avó? Cobra netos dos filhos?
Não cobro netos. Cada um tem que ter as suas escolhas, as suas opções de ter ou não filhos. Se você me pergunta se eu gostaria de ser avó, eu diria que sim, mas não cobro. Eles que decidem.
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Você se casou muito nova, aos 17 anos, mas sempre mostrou independência e força de vontade de ter uma vida profissional independente. Faria diferente hoje?
Eu não faria nada diferente. Eu aproveitei tudo o que eu tinha que ter aproveitado e a minha vida deu tão certo que eu não tenho que pensar em nada diferente do que eu tenho.
O Jornalismo te deu muitas coisas?
Nossa Senhora! Eu tenho muito mais do que eu sonhava! E não foi só na parte financeira. Digo a parte de você ter orgulho do que você é, do que você faz. Deus foi generoso demais comigo.