Luciano SzafirRodrigo Maconatto/Divulgação
Foi a segunda vez que fui contaminado. Na primeira, em fevereiro, foram sintomas leves, a recuperação foi em casa. Na segunda, nos primeiros dias, a sensação foi a mesma: cansaço, tosse, sensação de resfriado. Os sintomas apareceram assim que voltei de uma viagem a trabalho, na Bahia. Apesar de todas as precauções (uso de máscara, Face Shield, higienização das mãos e distanciamento social) fui contaminado.
Não. Procurei um médico assim que cheguei ao Rio. Falei dos meus sintomas e, imediatamente, fui testado e encaminhado para tomografia. Este foi, inclusive, o motivo de eu não ter tomado a vacina na época em que estava disponível a campanha para a minha idade.
Samaritano é referência em atendimento, perto da minha casa. E, durante minha internação lá, fui muito bem tratado. Sou muito grato a toda a equipe, que se estende aos médicos, aos profissionais da manutenção e serviços gerais. A mudança de hospital foi decisão da minha família, já que eu estava intubado. Decidiram pela transferência pelo fato de o médico ser amigo da família.
Eu já estava para ter alta, tudo certo e, de repente, tudo desmoronou. Passa muita coisa pela cabeça. Me agarrei muito à fé e queria ter pensamentos apenas positivos, mas foi um momento muito angustiante. Não foi fácil.
Cada um tem uma reação. Conversei com pessoas que não sentiram nada e não lembram de nada. E quando conto minha experiência, todos se assustam. Apesar de sedado, lembro da sensação de engasgo, das vozes da minha irmã e da minha mulher. Sei exatamente o que falavam no ato da intubação, mesmo sedado. Se eu te contar que vivi um looping da sensação 30 vezes?
Quando fui extubado, estava muito dopado ainda. Acredito que tenha sido irmã Priscila e minha mulher, Luhanna. Não tenho certeza.
Muito medo! O maior deles era não ver os meus três filhos, minha mulher e minha família. Lembro que quando cheguei em casa, vi meus dois filhos brincando e fiquei ali, admirando e agradecendo pela chance de estar ali com eles. Ainda estava muito debilitado, mas, mesmo assim, com toda a dificuldade do momento, estava muito grato de sair do hospital com vida e voltar ao convívio da minha família.
Sempre recebi muito carinho dos meus fãs, mas não imaginava o tamanho deste sentimento. Recebi e ainda recebo muitas mensagens. São tantas, que nem dou conta de todas. Aproveito aqui para agradecer mais uma vez a corrente de todos para a minha recuperação. Foi fundamental para eu estar aqui hoje.
Estou colostomizado e aguardando os médicos marcarem a cirurgia para a reconstrução do intestino, ainda sem data. No mais, muita fisioterapia. Sinto a melhora a cada dia, mas o caminho é longo. Estou fazendo pela primeira vez terapia. Segundo o médico, é comum entre os pacientes que passaram pelo que passei, um desequilíbrio emocional. Estou fazendo de maneira preventiva. Se o médico manda, eu faço! (risos).
Várias! Memória falha, fraqueza, respiração. Ainda me canso com facilidade. Coisas comuns como banho, por exemplo, tenho certa dificuldade. É sentado. As noites também não são mais as mesmas. Fiquei mais medroso. Tenho medo das consequências pós-covid, que é tão perigoso quanto a doença. É uma insegurança constante.
Graças a Deus tomei a minha primeira dose na sexta-feira, 13. Ainda tem a segunda dose, a pandemia está aí, precisamos continuar mantendo todos os cuidados, mas a sensação foi de alívio e esperança. Que tudo isso passe logo.
De que a vida é frágil demais para desperdiçar com bobagens. Que a simples rotina é uma bênção. Depois de tudo que passei, fiquei mais medroso. Não vou descuidar da saúde. Aprendi a valorizar cada detalhe da minha vida.
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