Letícia DornellesReprodução
Sofro assédio moral e muitas ameaças. Não apenas de estranhos ou anônimos. E tenho muito medo dessas ameaças. São covardes. No caso específico de O Globo, não é assédio ou ameaça. É ignorar a minha gestão, debochar ou mentir sobre mim. A repórter do Segundo Caderno fez uma matéria sobre a queda no orçamento da Cultura, menos projetos realizados e citou a Fundação Casa de Rui Barbosa. Escreveu que o orçamento atual era de R$ 30 milhões. E que antes era 41% maior. E que procurou a Casa, mas não teve retorno. Eu reclamei que ninguém me procurou. E os dados estão completamente errados. O Orçamento da FCRB é de R$ 6,7 milhões. Ainda assim, consegui em plena pandemia R$ 3 milhões aplicados em obras, como a sustentação do Museu, que corria risco de desabar, a digitalização de acervos históricos, a contratação da primeira brigada de incêndio da Casa Rui em sua história, a compra de impressora Braille e a abertura da Biblioteca Braille Rui Barbosa. E imprimi alguns livros pessoalmente na falta de servidores para a tarefa presencial. Obtive R$ 570 mil de reforço orçamentário no meio do ano. Fiz parceria com o BNDES para trocar todo o setor elétrico dos prédios de 90 e 60 anos respectivamente, só nesse caso são mais R$ 2 milhões, ainda em 2021. Desembaracei na Justiça uma obra da CEDAE que se arrastava há anos, cujos dutos poderiam destruir o Jardim Histórico se estourassem. Iniciei obra de um prédio de cinco andares, que vai abrigar com segurança alguns acervos que hoje estão no subsolo em péssimas condições. São R$ 30 milhões oriundos do Fundo de Direitos Difusos do Ministério da Justiça e muito mais. Infelizmente, o Segundo Caderno não me ouviu. Mandei carta e não publicaram. É triste constatar que pretendem esconder o meu trabalho como gestora. Trabalho mais de 12h por dia, muitas vezes aos fins de semana, e consigo melhorias que vão ficar como legado para as próximas gerações. Estou vivendo em função da Casa de Rui Barbosa.
De coração, sim. O que é triste. Injusto. Não há legitimidade nessa perseguição. Trabalho dignamente. É uma perseguição forte, covarde, indigna. O fato de eu ter sido nomeada no atual governo federal criou uma implicância comigo. Se fosse um governo de esquerda, os fatos positivos seriam notícia com destaque. Sequer foi o presidente quem me nomeou. Foi um ministro. Fui nomeada pelo meu currículo porque enviei a diversos ministérios, governos e deputados. Queria trabalhar. Não noticiam qualquer fato positivo e há muitos. Fui considerada uma das melhores gestoras pelos órgãos de controle. Até outro dia eu escrevia novelas e programas na TV Globo, no SBT, na Record, no MultiShow. Trabalhei como repórter do Fantástico e do Globo Esporte. Estou presidente da Casa de Rui Barbosa, um trabalho como outro qualquer. Trabalho com Cultura há 30 anos. Tenho cursos de gestão pública. Lido com orçamento e gestão de pessoal. Negocio com ministros, órgãos de controle e fiscalização, embaixadores, empresas. Estou construindo uma gestão dinâmica. Cortei despesas absurdas, como a contratação de show sem licitação por R$ 30 mil para funcionários. Nesse evento, o buffet foi caríssimo, R$ 15 mil. Distribuíam a Medalha de Rui Barbosa até para dono de empreiteira, vigia, porteiro, dono de delicatessen, bolsistas. Viajavam quatro, cinco vezes por ano ao exterior e alguns sem comprovação de atividades. No relatório de uma viagem, a pessoa escreveu: "Não recebi o programa do evento". Pedi auditorias externas ao TCU e à CGU e diversos contratos estavam com irregularidades ou problemas administrativos. A implicância não deixa ver a gestão proativa. Quando o secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, foi exonerado, a jornalista Eliane Cantanhêde citou, num programa noturno da GloboNews, a fala dele como sendo de "inspiração nazista", além de outras acusações graves. E, do nada, me incluiu no assunto. Citou meu nome como alguém "nomeada por ele e que pensa igual a ele". Pedi retratação e nunca obtive resposta. Só vi Alvim três vezes e em reuniões com diversos dirigentes. Com que direito essa jornalista pode dizer que penso como ele? Ela está na minha mente? Algum dia conversou comigo? Sequer fui nomeada por ele. É agressão e calúnia que ficam como verdade na TV, e sem direito de defesa, sem checar os fatos. Mancham a minha honra e fica por isso mesmo. É desonestidade intelectual.
No caso das ameaças e do assédio moral, há dois estilos. As ameaças anônimas e as que são assumidas. Os assédios indiretos e os frontais, agressivos, humilhantes. Recebi ameaças de surra, de morte, fotos de corpos decapitados, fui seguida no metrô, recebi ligações anônimas que assustaram toda a minha família, meu filho principalmente. Entreguei documentos e provas à Polícia Federal (IPL 2020.0070999-SR-PF/RJ) - delegado Giovanni Fontes Lopes e superintendente Tacio Muzzi, à 10ª DP (Proced 010-00331/2020), e já existe inquérito criminal instauradono Jecrim Leblon (Processo 0298292-33.2020.8,19.0001), nos quais investigam indícios robustos de autoria. Além disso, alguns servidores fizeram lives dentro do prédio federal da Fundação e xingaram o presidente, o que é proibido pela Lei 8112, que rege conduta de servidor público. Nessas lives, citaram meu filho menor de idade de maneira asquerosa, pejorativa, debochada e ofensiva. A situação intimidadora teve início quando exonerei cinco chefes de setor, em janeiro de 2020. E se agravou após eu solicitar auditorias ao TCU e à CGU para analisar contratos que considerei irregulares ou suspeitos. Atos de gestão! Mas os assédios morais também são extremamente agressivos. Um dia todos saberão.
Há crescente animus diffamandi e animus injuriandi, em várias frentes. Não me ouvem e ainda inventam situações. Desmerecem as colunas que ocupam.
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