O Evangelho deste domingo narra o episódio da cura milagrosa de um surdo, realizada por Jesus. E nos faz refletir que nós também muitas vezes permanecemos surdos e mudos diante das dores do outro, mas que Jesus sempre nos chama a abrir o nosso coração.
Na narrativa levaram para Jesus um homem surdo e lhe pediram que impusesse as mãos. Antes de tudo, Jesus o levou para um lugar distante da multidão e nos mostrou, assim como em outras ocasiões, que sempre age com discrição. Não quer impressionar o povo, não está à procura da popularidade nem do sucesso, só deseja fazer o bem às pessoas.
Esta narração do Evangelho ressalta a exigência de uma cura dupla. Antes de tudo, a cura da doença e do sofrimento físico, para restituir a saúde do corpo; embora esta finalidade não seja completamente alcançável no horizonte terreno, não obstante tantos esforços da Medicina.
Contudo, há uma segunda cura, talvez mais difícil, porém fundamental: a cura do medo. O medo que nos impele a marginalizar o enfermo, a marginalizar o sofredor, o deficiente. E existem muitos modos de marginalizar, até mediante uma falsa piedade. Muitas vezes permanecemos surdos e mudos diante das dores das pessoas marcadas por doenças, angústias e dificuldades.
Jesus nos revelou o segredo de um milagre que também nós podemos repetir, para sermos protagonistas do “Efatá”, daquela palavra grega que significa “Abre-te!”, com a qual Ele restituiu a fala e a audição ao surdo-mudo. Trata-se de nos abrirmos às necessidades dos nossos irmãos sofredores e necessitados de ajuda, evitando o egoísmo e o fechamento do coração. É precisamente o coração que Jesus vem abrir, libertar, para nos tornar capazes de viver plenamente a relação com Deus e com o próximo.
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