A ternura não é uma questão emocional ou sentimental: é a experiência de nos sentirmos amados e acolhidos precisamente na nossa pobreza e miséria, e, por conseguinte, transformados pelo amor de Deus
Os Evangelhos mostram que Jesus sempre usou a palavra “pai” para falar de Deus e do seu amor. Muitas parábolas têm como protagonista a figura de um pai. Uma das mais famosas é certamente a do Pai misericordioso. Esta parábola sublinha não só a experiência do pecado e do perdão, mas também a forma como o perdão chega à pessoa que errou.
O texto diz: “Estava ainda longe, quando o seu pai o viu e, movido de compaixão, foi ao encontro dele, abraçou-o e beijou-o”. O filho esperava um castigo, uma justiça que, no máximo, lhe poderia ter dado o lugar de um dos servos, mas se encontra envolto no abraço do seu pai. A ternura é algo para além da lógica do mundo.
Há uma grande ternura na experiência do amor de Deus, e não podemos nos esquecer que Ele não se assusta com os nossos pecados. É bom pensar que a primeira pessoa que transmitiu esta realidade a Jesus foi precisamente José, seu pai adotivo. Pois as coisas de Deus nos vêm sempre através da mediação de experiências humanas.
Deus não se assusta com o nosso passado, com os nossos erros e fragilidades. Mas Ele não quer o nosso fechamento. Todos temos contas a acertar, e acertar as contas com Deus é belíssimo, porque começamos a falar e sentimos a sua ternura!
A ternura não é uma questão emocional ou sentimental: é a experiência de nos sentirmos amados e acolhidos precisamente na nossa pobreza e miséria, e, por conseguinte, transformados pelo amor de Deus.
Devemos, então, nos espelhar na paternidade de José que é um espelho da paternidade de Deus, e permitir que o Senhor nos ame com a sua ternura de Pai.
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