O Papa Francisco tem dedicado as suas catequeses sobre o tema do discernimento. Discernir é um ato importante que se refere a todos, pois as escolhas constituem uma parte essencial da vida. Escolhe-se uma comida, uma roupa, um percurso de estudos, um emprego, uma relação. Em tudo isto se realiza um projeto de vida, e também se concretiza a nossa relação com Deus.
No Evangelho, Jesus fala do discernimento com imagens tiradas da vida comum. Por exemplo, descreve os pescadores que selecionam os peixes bons e descartam os maus; ou o comerciante que sabe identificar entre muitas pérolas a de maior valor. Ou aquele que, lavrando um campo, se depara com algo que se revela um tesouro.
À luz destes exemplos, o discernimento se apresenta como um exercício de inteligência, também de perícia e inclusive de vontade, para reconhecer o momento favorável: são estas as condições para fazer uma boa escolha.
O discernimento exige esforço. Segundo a Bíblia, não encontramos diante de nós, já embalada, a vida que devemos viver. Devemos decidi-la continuamente, de acordo com as realidades que se apresentam. Deus nos convida a avaliar e a escolher: criou-nos livres e quer que exerçamos a nossa liberdade.
O discernimento é árduo, mas indispensável para viver. Requer que eu me conheça, que eu saiba o que é bom para mim. Exige, sobretudo, uma relação filial com Deus. Ele é Pai e não nos deixa sozinhos, está sempre disposto a nos aconselhar, a nos encorajar, a nos acolher. Mas nunca impõe a sua vontade, porque quer ser amado, não temido. E o amor só pode ser vivido na liberdade.
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