Luarlindo Ernesto, repórter do Jornal O DIA.Daniel Castelo Branco

Ah, as nossas palavras que entraram em desuso e que, as novas gerações nunca ouviram falar... Claro, tem geração mais antiga que também não ouviu, escreveu ou sabe de sua existência. Ainda temos as novas, que
caíram em domínio público depois de tantas CPIs com seus termos técnicos, mais chegadas ao juridiquês. Data vênia, vamos tentar lembrar algumas.
Do outro lado, temos a internet que nos trouxe novas, técnicas e que quase confundem os mais velhos. E alguns dos mais novos. Notem que tem gente que pronuncia esses termos até sem saber direitinho o que significam ou mesmo pra que servem. Já pensaram se eu resolvesse contar histórias somente com essas palavras ? Pensei nisso enquanto dava uma de sinesíforo, a caminho do médico.
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Estava exatamente no início do Boulevard Vinte e Oito de Setembro, onde até pouco tempo, Noel Rosa, em bronze, estava sendo servido por garçom, em frente ao prédio da Uerj. E, lembrei, ali já funcionou o Derby Club, fundado pelo engenheiro Paulo de Frontin, em 1885, isso quando pouca gente tinha um refrigerador, de madeira, em casa. Época em que a fotografia estava chegando por aqui com o nome de daguerreotipia
(1840). Navio francês trouxe um sábio com a nova invenção. Os poucos rábulas sabiam disso.

Um pequeno exemplo da maneira de falar em outras épocas, atribuída ao ex-presidente da República Jânio da Silva Quadros, que ele negava: fi-lo porque qui-lo... Mostra um linguajar coloquial. Coisa que, na época do Jânio, final dos anos 1950 e início dos 1960, já não se usava mais.
Ainda existe a aberração de políticos incultos, no interior, que pronunciavam discursos sem pé ou cabeça, falando palavras difíceis e sem nexo ou algum sentido. Mas, a população humilde e inculta, delirava com o linguajar bonito, mesmo sem entender patavina. Eu mesmo já ouvi de um falso pastor evangélico, que usava dessa artimanha. Ele, durante a pregação, misturava fisioterapia e filosofia. E os ouvintes, extasiados, aplaudiam e colocavam uma contribuição melhorada no cofre do salão improvisado.
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Foi no Morro do Borel, na Tijuca, quando lá morei 28 dias, disfarçado, fazendo um trabalho mostrando a difícil e perigosa vida de se morar em comunidades. Mas, nessas comunidades, o linguajar é, também, diferente. Os bandidos usam gírias e o povo acaba assimilando aquela maneira de falar. Isso sem contar com as diferenças entre o vocabulário nos vários estados, de Norte até o Sul. Moças, são prenda, ou mina, ou gata, mas jamais, como no passado, senhoritas. Proxeneta e rufião, de outrora, virou simplesmente bandido. Assim como ladrão, traficante, e miliciano. Até a verdadeira Máfia e a Camorra, acabaram desmoralizadas.
Agora temos a máfia das vans, do INSS, e outras máfias mais. Ah, desafeto agora é inimigo. E pronto. E holerite ? E sirigaita ? Proxeneta ? Marmota ? Supimpa ? Assuntar? E convescote ? Botica ? Víspora ? Vosmecê ?...Bem, chega por hora.
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Lembram da elegância nos anúncios dos bondes ?: Veja ilustre passageiro o belo tipo faceiro que o senhor tem a seu lado. E, no entanto acredite, quase morreu de bronquite...". Ih, vou ter que parar. Vai faltar espaço. Mas a língua é viva e se adapta ao cotidiano.
Bem, vou vestir minha fatiota, caprichar no laço da gravata borboleta, calçar as polainas engomadas e ajustar o suspensório. Supimpa. Isso para assistir pela TV as sessões do Congresso. Aí eu escuto cada termo que não deixaram saudades. Até as ofensas são pronunciadas com falsas elegância: vossa excelência é um safado, um púria, ladrão ! Omessa...