"Alugamos um barco, pois perdemos a barca normal"Arquivo pessoal

Alô salva mar, eu tenho um Nextel. SOS, socorro estou voltando da Ilha Grande, precisamos de auxilio, estou ligando do meu Nextel, estou ligando pela primeira vez do Nextel para pedir auxilio, alguém me escuta, socorro, estamos perdidos no meio da Baia da Ilha Grande. São 11 pessoas em uma embarcação. 
Estávamos voltando da Ilha Grande e embarcamos em um barco de aluguel, pois perdemos o horário da barca normal que fazia a travessia entre a ilha e Angra dos Reis. Eu tinha que voltar a trabalhar no dia seguinte, às 5 horas da matina, e sem saber que o barco alugado estava todo irregular. Não tinha rádio. Não tinha salva-vidas nem mesmo a luz de socorro. Só ficamos sabendo depois de embarcados. 
Foi ai que vimos a furada que entramos. Depois de algumas horas em alto mar e de ficar dando voltas em círculos, perguntei ao mestre? "Colega, acho que já passamos por aqui antes, estamos andando em círculos sem chegar a lugar nenhum". E me disse o mestre: "O senhor está  duvidando de mim, que sou o mestre?" E eu respondi: "Eu costumo perguntar mas mesmo assim ainda acho que já passamos por aqui".
Um amigo meu há mais de 30 anos me chamou num canto e me disse: "Esse mestre esta perdido e não quer dar o braço a torcer. Posso tentar falar com ele?", perguntou meu amigo. E lhe respondi que sim. De repente, o tal mestre não é mestre de coisa alguma nem mesmo desta embarcação.
Foi ai que meu amigo Camilo foi até ele e começou a conversar com o piloto da embarcação. "Há quantos anos você é mestre de navegação ?" Sem saber o que responder direito, o piloto disse que fazia somente travessias de vez em quando e de dia, não a noite. Então, Camilo voltou a perguntar: "Você sabe em que direção estamos indo?" O piloto mais uma vez sem saber o que falar respondeu: "Não, estamos a deriva em alto mar".
Eu, como bom malandro, estava escutando a conversa. Virei para ele e disse: "Você é um safado e nos enganou". A mulher que tinha parado de gritar escutou que estávamos a deriva e voltou a gritar novamente. Pronto, achamos a sirene do embarcação. A mulher virou nossa sirene. O melhor vocês não sabem, o nome dela era Irene.
Para piorar a situação, o motor do barco parou de funcionar. Sem luz, sem vela e sem comunicação só com os gritos da Irene. Os celulares entraram em pane.  "Ai meu Deus, vou morrer". O Nextel tocou e era o Elias do outro lado da linha. Foi difícil. Dei uns berros com a Irene para ver se se calava pois precisava de silêncio para poder falar no Nextel que era o único meio de comunicação, melhor que o celular na ocasião. 
Chamei pelo salva mar, corpo de bombeiro, Elias, Polícia Militar e Deus. Estávamos no escuro e perdidos. Só Deus para nos ver e o barco no vai e vem das ondas. Passavam alguns barcos ao longe e começávamos a gritar por socorro, mas ninguém nos escutava. Depois de tentar convencer a todos para não entrarem em pânico e muita conversa, eu já estava chateado sem minha Genebra. 
Minha mulher resolveu me ajudar pois a esposa do meu amigo entrou em pânico. A Josefa conversou com ela e depois de algum tempo, se acalmou. Mas vez por outra tinha crises de pânico. Havia outro colega que começou a vomitar fui falar com ele e me disse estou vomitando por cima e por baixo. E foi assim até conseguir chegar em terra firme...