Luarlindo Ernesto, repórter do Jornal O DIA.Daniel Castelo Branco

O amigo Fred está chegando da Suíça. Ele foi rever familiares e os vizinhos daqui do bairro logo ficaram sabendo da viagem. Então, na tentativa de especular o motivo, começaram a indagar, e inventar, mil hipóteses e histórias. Para complicar, só por picardia, ajudei a inventar algumas versões: ele foi comprar um novo relógio. Outra: foi comprar chocolate. A última: beber cerveja com os amigos de infância.
Céus, teve gente que acreditou em todas as versões e, ainda, misturaram os boatos (seria fake news?) e, aumentaram mais ainda. Uma das mais absurdas foi a de que ele foi comprar uma vaca. E justificaram: Fred gosta de beber leite puro. Tive que rir. E contei tudo, pelo telefone, ao amigo. Sei muito bem o que é encarar informações falsas. Eu mesmo já fui vítima algumas vezes. Me mataram em três ocasiões, muito antes de usarem o termo fake news aqui na terrinha.
A primeira foi em um site de notícias. Me mataram, não sei o porquê. A segunda foi um jornalista-escritor, que já desencarnou, e que ficou admirado em saber que eu ainda estava vivinho da silva. Ele até escreveu um romance e criou um personagem com meu nome. A última foi quando um colega de profissão, me matou junto a última edição impressa do Jornal do Brasil.
Cheguei a ficar feliz porque, no texto, ele me juntou a outros jornalistas famosos, e de primeira linha, que haviam trabalhado no JB e que, de fato, haviam falecido. Quer dizer, eu estava em boa companhia. Ah, esse coleguinha, tão logo foi alertado que eu ainda andava escrevendo, vivo, sem ser psicografado, tratou de me ressuscitar na semana seguinte. Meu neto Natan, nesta ocasião, chegou a pedir: "Vô, vê se avisa quando, de fato, você resolver morrer". Ele tem razão. Já pensaram se eu morrer e ninguém acreditar? Evidentemente, prometi que sim, que avisaria.
Bem, sobrevivi até agora a todas as notícias falsas, sempre morrendo de rir. Mas, agora vou interromper a prosa, ou conversa. Preciso fazer umas comprinhas no supermercado. Antes, devo passar em uma loja de câmbio para trocar reais por dólares. A inflação tá danada. Vou preparado para não passar vexames na hora de pagar a conta. Não uso cartões, Pix e nem cheques. O celular não é usado para transações financeiras.
Quando vou às ruas, deixo ele guardado no carro. Preciso de legumes, verduras, salgados e, claro, umas cervejas. Eu e o Ibiapina vamos preparar um rega bofe para recepcionar o amigo que ficou um mês longe
da gente. Fred gosta de uma boa feijoada, daquelas gordas, com tudo o que tem direito. Até maxixe e jiló, bem à moda do Nordeste, quase um cassoulet.
Detalhe: a feijoada será servida no dia da chegada. No dia seguinte, meus caros, o cardápio muda totalmente: churrasco, para rebater o feijão. O Nelson e o Júlio propuseram, e foi devidamente aprovado por unanimidade pela turma, para o próximo final de semana, uma peixada, com camarão na brasa como a entrada, e vinho para variar.
Ih, logo logo o Adilsinho lembrou, bem em tempo, que temos sério problema em plena pandemia: como a maioria da turma está na faixa etária além dos 70 anos, teremos que encarar a terceira dose, o tal reforço, da vacina contra covid. Então, nada de cerveja, ou vinho, ou mesmo as terríveis (?) caipirinhas (sem açúcar e sem gelo, por favor). Vamos, então, ficar longe das bebidas por uns 15 dias. Problemão, amigas e amigos.
Quem vai enfrentar feijoada, peixada, churrasco, camarão na brasa, bebendo refresco de groselha, ou limonada? Melhor tomar chá de canela de velho. Conhecem?