Luarlindo Ernesto, repórter do Jornal O DIA.Daniel Castelo Branco

Lembram do gasogênio usado em veículos particulares durante a II Guerra Mundial ? Será que é uma alternativa para enfrentar os altos preços da gasolina, do GNV, GLP, diesel e até mesmo do etanol? Os amigos mais velhos talvez lembrem. Os mais novos, como eu (?), talvez tenham ouvido falar. E os bem mais novos, nem isso.
Pelo menos, para movimentar veículos, o gasogênio funcionou muito bem. Afinal, foi usado na época em que havia racionamento de combustível. E, racionamento, é coisa que temos ouvido falar muito ultimamente. No setor de energia elétrica, é coisa que as autoridades, a todo instante, correm para desmentir. Tem gente que acredita. Somente falta promessas de transposição do Rio Amazonas em direção ao Sul/Sudeste.
Temos uma das maiores bacias hidrográficas do planeta. E daí? É época de seca. Que mexe com a energia elétrica, a irrigação das lavouras, que mexe com o gado, a energia, esbarra no etanol, no preço do dólar, que atinge os combustíveis fósseis e que não dá bola para o nosso pré-sal de cada dia. Energia eólica, solar, termoelétrica, atômica...essa nem é bom abordar.
As lembranças de Chernobyl e de Fukushima não abandonam minha mente. E nem mesmo as que foram desativadas pelo mundo afora. E Angra, que anda e desanda e mostra que não vale o Rio Amazonas de dinheiro que enterramos em Itaorna, local das nossas usinas, e que arrasta Angra 3 pelo mesmo caminho.

Mas, e o gasogênio? Vale para tentar driblar os preço desastrosos da gasolina? Sei não. Não sou nenhum técnico no assunto. Carro elétrico? Muito caro e ainda não totalmente seguro. Há casos de incêndios nas
baterias. Modelo do Tesla S Plaid, de R$ 650 mil, pegou fogo na Pensilvânia, nos Estados Unidos, e ainda quase matou o dono do veículo. Acredito, entretanto, que o processo de aprimoramento destes carros vá melhorar o produto final. Só nos resta aguardar. Meu carro é triflex e roda pouco.
Mas, em casa, uso o GLP no fogão da cozinha. No da varanda, amigas e amigos, ainda é movido a lenha. Em uma medida preventiva, passei a cultivar hortaliças, e uns poucos legumes, batatas e cenouras. Tenho bastantes frutas no pomar e congelei polpas para meses sombrios. No momento, tô fazendo experiência com feijão preto. O arroz não tem chances. Criar galinhas não é o meu forte. Mas, já dá para tocar a vida com o pouco que já tenho e que ainda terei.
Nos anos 1950, nos Estados Unidos, a mania era o povo construir abrigos à prova de bombas atômicas, Lembram? Eu, atualmente, estou construindo abrigo de sobrevivência alimentar. Não gostei da carne de soja. Mas é uma alternativa a ser testada.

Acredito que, em breve, a vizinhança vai me chamar de velho maluco. Já fui taxado de presepeiro quando, em época de crise no abastecimento de água, enterrei um reservatório de 5 mil litros, como cisterna, no
quintal. Tem uns 20 anos.
O engraçado é que, pouco tempo depois, uma vizinha - a que mais me criticou com o reservatório - ficou sem água por quase um mês. Sabem o que aconteceu? Ela, na cara de pau, veio me pedir água. Por várias vezes ! Claro que forneci gratuitamente. E, ainda tenho mais seis mil litros em outros reservatórios  espalhados pela minha caverna equipada com wi-fi.
Não fiz nenhum curso de estratégias de sobrevivência em tempo de inflação. Foi a vida que me ensinou. Como esquecer a Era Sarney ? 80% ao mês. Lembram? Pois a história se repete. Só não consigo estocar os
Reais do salário. A inflação não deixa. O que nos sobra são as novas e inevitáveis Cepas da covid 19. Difícil acostumar. Já imaginaram na Venezuela, ou no Haiti? Não chorem, amigas e amigos. Temos mais crises para enfrentar.