Incrível a notícia que jornalistas, correspondentes de guerra, anunciaram ao mundo. O todo poderoso Putin, ex-espião em seu país, estava sendo enganado pelos generais que conduzem a guerra contra a Ucrânia. As perdas de vidas e de equipamentos foram enormes. E ele não soube. Aliás, mais de dez generais já foram mortos nos combates e a Rússia, digo Putin, não divulgou as mortes. Putin, neste caso, omite as perdas da guerra. E ele afirma que é uma operação militar, nunca uma invasão de um país vizinho. É a chamada contra informação. Mas, amigas e amigos, apesar de lamentar a covarde invasão, e mortes dos dois lados, não pretendo me intrometer neste assunto. Tenho mais o que falar daqui, do nossa terra.
Então, vamos em frente, entre o calor infernal e as benditas chuvas que chegaram aqui, pelo Sudeste. Meu receio é que, calor e chuva sejam atingidos pelo dólar, tal qual os combustíveis, a lavoura, a carne, o pão, a inócua margarina e os remédios. Estava alimentando os pássaros no quintal, após ler os jornais e ouvir noticiários da madrugada, quando o vizinho de bombordo gritou lá da porteira o meu nome. Trazia uma faca na cinta e um molho de mostarda nas mãos e sorriu quando avisou que acabara de colher na horta dele. Rui sabe que gosto dessa verdura e que já tive aqui, quando minha horta era mais próspera. — Ô Luar, veja o que trouxe para você! — E foi entrando. Vocês, amigos, conhecem mostarda, a verdura? Melhor que couve no caldo verde. Ou na papas a lombeira (comida típica da área rural de Portugal). No inverno, os dois pratos são ótimos no jantar.
Mas, amigas, eu encaro eles até no calor. Basta comer em ambiente com ar-condicionado. E é, justamente, o que faço. Vou explicar a maneira de fazer a papas: nada mais é do que o angu de fubá de milho. Somente é mais ralinho, tipo sopa. Então, com a panela no fogo, com o fubá já cozido, adicione a mostarda (folhas) e os salgados que gostem (lombo, linguiça, bacon, costelinha...) e pronto. É quase a sopa do cavalo cansado. Dá um suador danado. Diante da crise financeira, podemos eliminar as carnes salgadas. O caldo, com a mostarda, ou couve, desce muito bem. Se der, uma torradinha. Sem sofisticação, é claro. Ah, vale esclarecer, a semente da verdura mostarda é usada para se preparar o saboroso molho amarelinho, meio picante, muito usado na pizza e no terrível cachorro-quente. Pronto, falei.
O vizinho Rui, na verdade, veio retribuir uma salada de vegetais e legumes que mandei para ele uma semana atrás. Mas a salada foi o meio que bolei para chegar até ele e pedir, diplomaticamente, para diminuir o volume do som das músicas que ela gosta. Ouvir funk, dia e noite, em volume altíssimo é dose para surdos. E não é meu caso e, também, a maioria dos outros moradores daqui da área. Deu certo a manobra. Pelo menos, até agora.
O vizinho de boreste, sabedor da manobra, telefonou e foi logo dizendo que eu sou milagroso. Quem dera. Aproveitei e passei receita, para ser usada na Sexta-Feira Santa: conteúdo de duas latas com sardinhas em conservas, meio quilo de batatas tipo inglesa, duas cenouras, ovos cozidos à vontade. Mistura tudo e serve de fundo para a ceia da família. Na crise, amigas e amigos, vale tudo, usando a diplomacia, o improviso e a criatividade. Agora, então, temos a horta do vizinho ex-barulhento, com a mostarda para reforçar os pratos. Tudo no maior silêncio, de preferência. Dá para aproveitar o pão "dormido". É só transformá-lo em torradas.
Não sei se ele vai concordar mas, sugeri que, diariamente, acenda velas no jantar. É romântico e estará economizando energia elétrica.
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