Luarlindo Ernesto, repórter do Jornal O DIA.Daniel Castelo Branco

Encarando as manhãs frias para varrer o quintal, neste inverno anti-carioca, proporciona exercício físico e mental. Luvas, sobretudo (melhor explicar que é agasalho que ganhei de um almirante, já falecido), cachecol e os apetrechos costumeiros: radinho de pilhas, fones de ouvido, celular e disposição. Ah, sempre atento para escapar dos "bombardeios" nos voos rasantes das aves que aqui gorjeiam.
Principalmente nesta época do ano, quando as ararinhas avançam nas nêsperas maduras. E logo surgem as "visitas" dos amigos e vizinhos madrugadores. Não falha! Resolvi manter uma garrafa térmica, abastecida com café quentinho, e copos descartáveis. Cortesia da casa.

Na quinta-feira, por volta das 6 horas, Ibiapina mandou mensagem por voz pelo zap, alertando para uma reunião secreta, até então, com Fred. Caramba, tudo cifrado. Nem entendi. Parei a varrição para pedir explicações. Claro, se é cifrada, não posso revelar os detalhes.
Confirmei o recebimento e voltei à labuta. Na calçada, contei cinco vizinhos. Eis que surge, no ângulo de visão, uma figura que lembrou o ex-primeiro ministro inglês, lembram do penteado (ou despenteado) dele? Cabelos espalhados, excessivamente louros, corpo meio cheinho. Eita, custei a identificar a figura: Gordinho, o nosso antigo taberneiro.
O cara pintou os cabelos. Não me contive: "Bom dia, Boris Jonhson ! Gargalhada geral. Sempre ouvi falar que os velhos acordam muito cedo. Pois bem, passavam poucos minutos das 6 horas quando outra mensagem por voz surgiu na tela do celular. Ih, Ana Carla, amiga e companheira de jornal: "Estou começando as férias. Manda o seu texto para o Max".
Jovem, acorda com o cantar dos galos. Ela já estava a caminho da academia. Viram, nem só os coroas acordam cedo. Respondi com o simples "OK", e voltei à labuta. Ela voltou a chamar: "Férias não impedem que eu leia o texto. Manda pra mim, também". "Positivo", respondi de imediato. Ana não é nem balzaquiana, ainda. Mas, nunca perguntei a idade...
Por falar em idade, desconfio que, entre todos os vizinhos e amigos aqui da área, o mais velho sou eu. Coisas da vida. Sempre uso (desculpem o trocadilho) a velha desculpa: "Minha cuca é jovem...Velho é o Copacabana Palace".