Por O Dia
No aniversário de 129 anos de Copacabana, nesta terça, dia 6, o bairro ganhou o anúncio de um presente que é para a cidade toda. Após cinco anos, as obras do novo MIS (Museu da Imagem e do Som) na Avenida Atlântica serão retomadas e, enfim, concluídas. A nova previsão é finalizar tudo em dezembro do próximo ano.
Após um longo e tenebroso inverno o Rio começa a receber boas notícias. A aceleração da vacinação contra a Covid-19, o início dos projetos de moradia no Centro e a promessa de conclusão das obras do MIS são alentos para o reerguimento da cidade, com possibilidade de aumentar a geração de emprego e renda.
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Obras públicas de vulto não deveriam ser interrompidas salvo em caso extremo. Em geral, uma paralisação provoca ônus significativo: parte das obras precisa ser refeita e ajustes muitas vezes são necessários ocasionando gastos extras. Por uma questão de otimização do dinheiro público, obras cujo atraso provocariam um substantivo impacto financeiro extra deveriam ter prioridade em sua conclusão.
O outro grande exemplo disso na cidade é a estação de metrô da Gávea, a única estação da Linha 4 inicialmente prevista para as Olimpíadas de 2016 que não foi inaugurada. A obra foi interrompida em 2015. Segundo a imprensa, só para manter parado o “tatuzão”, como é conhecida a máquina de escavação, estariam sendo gastos R$ 1 milhão por mês.
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A conclusão da estação foi orçada em R$ 700 milhões. Seria preciso terminar um túnel entre Gávea e Leblon e o acabamento da plataforma. As denúncias de sobrepreço no projeto de construção da Linha 4 devem ser apuradas, mas o contribuinte não pode ser penalizado por isso. Já foram gastos quase R$ 1 bilhão na estação.
Nesse caso ainda há um grave problema adicional. No lugar da estação operando, um buraco enorme repousa no subsolo do estacionamento da PUC-Rio, no coração da Gávea, com risco de afundamento do terreno segundo engenheiros especialistas. E é uma área com diversos prédios ao redor, o que potencializa o perigo.
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Para tentar minimizar os riscos foram tomadas providências extras com custo adicional: as paredes foram reforçadas e as galerias foram enchidas com 36 milhões de litros de água para equilibrar pressões externas e internas. Mas o próprio governo reconhece que medidas adicionais são necessárias e prepara uma licitação para isso. Mas é uma solução paliativa.
É preciso terminar a obra do metrô, como será feito com o MIS. Com projeto de um renomado escritório norte-americano vencedor de uma licitação internacional, o novo MIS foi concebido para ser uma atração turística de peso em um cartão-postal do Rio. Ele deveria ter ficado pronto a tempo das comemorações dos 450 anos da cidade, em 2015. Sofreu diversos atrasos até ter a obra completamente interrompida.
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Com mais de 300 mil itens, um Museu audiovisual na capital musical do Brasil, que nos deu o samba, o choro, a bossa nova, e os programas da Rádio Nacional é de importância histórica que transcende a cidade. Reacende um pouco a vocação do Rio de ser a caixa de ressonância cultural do País.
Luciano Bandeira é presidente da OABRJ.