Quem estava no Rio há cinco anos, no período das Olimpíadas, nunca vai esquecer o clima animado e cheio de esperança dos cariocas e dos turistas que aqui estavam. Apesar do quadro de crise que já assolava o estado e o país, os Jogos foram um sucesso retumbante e elevaram ainda mais a auto-estima do moradores da cidade. Pouco tempo depois, o vento virou, varrendo a atmosfera otimista. O bom humor, a leveza e o orgulho da cidade, tão característicos dos habitantes daqui, ficaram sufocados. E, para piorar tudo, ainda veio a pandemia.
O Rio tem urgência de boas notícias para agora. Mas, muito além disso, é preciso ter esperança em um futuro melhor, um projeto de cidade com rumo definido e horizontes visíveis para todos - e em que todos sejam contemplados. Os ventos que sopram agora já são mais favoráveis. A começar pelo caixa do município, que saiu do vermelho e passou a operar com superávit.
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Pois, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, anunciou esta semana sua carta de intenções para os três anos e meio que restam nesse mandato. É um planejamento bastante ambicioso, mas que permite antever uma cidade melhor lá na frente. Foi chamado de Plano para a Retomada e Futuro do Rio. Depende, em boa parte, de concessões e parcerias público-privadas (PPPs), formato que foi testado com bastante sucesso, justamente, nas Olimpíadas, que não teria ocorrido sem elas. As parcerias permitiram que obras fundamentais fossem feitas sem dinheiro público ou com economia substancial. O Parque Olímpico, a Vila dos Atletas e o Porto Maravilha são três exemplos.
Se as PPPs foram um instrumento importante para impulsionar o crescimento do Rio naquele momento, serão um fator determinante no atual. Esforços somados, que incluam a sociedade, trazem mais resultado. Facilita ter uma equipe acostumada a modelar projetos de PPPs.
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O plano apresentado estipula uma série de metas em diversas áreas estratégicas, que vão de governança, desenvolvimento econômico, competitividade, inovação, saúde, cultura, educação, meio-ambiente, mudanças climáticas, habitação, saneamento, redução de despesas públicas a políticas de igualdade e equidade racial, de gênero, de jovens e de pessoas com deficiência.
São 93 metas até 2024. Entre as quais há uma proposta de um centro de controle e fiscalização para coibir o avanço de grilagens e ocupações irregulares. No total o programa de investimentos está orçado em R$ 13,9 bilhões. Do ponto de vista geográfico, a ênfase é na Zona Oeste, subúrbios da Central e da Leopoldina, áreas que são menos assistidas da cidade.
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Como era de se esperar, a ideia de um legado Olímpico para cidade está sendo retomado. Começa com os incentivos para repovoar e revitalizar a região da central, no projeto Reviver Centro, sancionado esta semana também. Originalmente o conceito do Porto Maravilha tinha desdobramentos pós-evento que não foram encaminhados. A ideia é que os nós existentes tenham sido desatados e que vejamos progressos rapidamente.
Uma das poucas iniciativas que não saíram do papel a tempo dos Jogos, as obras do BRT Transbrasil devem ser reiniciadas nas próximas semanas — e os outros três sistemas BRTs serão reformados. Estão previstas as reaberturas do Parque Olímpico e do Parque de Deodoro, bem como a reativação de seis novas vilas olímpicas.
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Vamos torcer para que, com o resgate do legado olímpico, os cariocas revivam um pouco do orgulho que tínhamos em viver aqui naquela época.
Luciano Bandeira é presidente da OABRJ.