mar de plásticofoto de divulgação noaa.crep

              “O mar, quando quebra na praia, é bonito, é bonito...”
                                                                                                 Dorival Caymmi

Quem gosta do mar? A pesquisa da Fundação Boticário, Unesco e Unifesp não indagou isso. Talvez pela obviedade de sua resposta. No entanto, se é tão querido e fundamental para a nossa sobrevivência, por que tratamos tão mal?
A resposta está na desinformação. A maioria dos brasileiros mostra-se disposto a ajudar a salvá-lo, mas não faz a mínima ideia de como fazer isso. Esse quadro aponta para a necessidade urgente de campanhas educativas massivas e da inclusão deste conteúdo na matriz curricular escolar, conclusão embasada pelos dados da pesquisa.
Para 57% dos ouvidos, a melhor forma de atuar em favor da conservação marinha é pela comunicação. Apenas 34% dos brasileiros possuem noção de que suas (más) atitudes impactam diretamente. Porém, outros 40% sequer imaginam como isso pode acontecer, principalmente entre os que moram distante da orla.
“O oceano começa na nossa casa, mesmo estando a muitos quilômetros de distância do mar. Como boa parte das pessoas tem pouco contato direto com os ambientes marinhos, esta percepção precisa ser estimulada” - salienta Ronaldo Christofoletti, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O mar garante a nossa sobrevivênccia
A análise mais detalhada nos mostra a ignorância também sobre os benefícios e as funções exercidas pelos oceanos no equilíbrio ambiental e econômico. Ele abriga a maior biodiversidade da Terra e também é fundamental para a regulação do clima, pois absorve mais de 30% das emissões de dióxido de carbono e 90% do excesso de calor das emissões de gases de efeito estufa.
“Os mares geram alimentos, energia, minerais, fármacos e milhões de empregos... São imprescindíveis para o transporte e o comércio internacional, além de importantes para o nosso lazer e bem-estar. Contribui diretamente com cerca de US$ 1,5 trilhão para a economia mundial, sendo que apenas o setor de alimentos gera em torno de 237 milhões de empregos.”, enumera Ronaldo Christofoletti

Mudanças de Hábitos
Para salvar os oceanos é preciso desempenhar essa missão já na gôndola do supermercado. Por incrível que pareça, as escolhas erradas que colocamos nos carrinhos de compras vão acabar desembocando e impactando nos mares. O porcentual de quem nunca se preocupou com essa questão é de 18%. No entanto, o lado positivo é que 25% estão dispostos a colocar a mão na massa pela mudança. Isso acende uma luz que ilumina uma possível mudança de cenário. Em uma escala de 0 a 10, a intenção de mudar pelo bem desse bioma atinge a média de 8,3.
“É muito importante a constatação da disposição da população brasileira em alterar seus hábitos a favor do oceano, especialmente ao considerarmos a extensão da nossa costa e de levarmos em conta que somos um país continental, com muita gente vivendo longe do mar”, afirma Fábio Eon, coordenador de Ciências da UNESCO Brasil.

O que é plástico de única utilização?
Recebem essa denominação aqueles produtos que são difíceis, não podem ser reciclados ou recolhidos em logística reversa. Estão no topo desta lista: canudinhos e copos plásticos. E esses itens não são evitados por 19% dos entrevistados e raramente por 13%.
Fazendo uma conta rápida, podemos projetar e entender os tsunamis de plásticos que estão invadindo os oceanos. Se considerarmos que 68 milhões dos brasileiros não evitam os copinhos descartáveis e que cada um faça uso de três unidades por semana, chega-se a astronômica cifra de 10,6 bilhões de unidades por ano ou 19,1 mil toneladas.
“Só de copo plástico! Quanto disso é reciclado? Quanto chega ao oceano? Muito desse lixo produzimos quando estamos fora de casa. Levar junto um copo reutilizável já é um avanço” sugere Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário.

Entre as atividades que ameaçam a saúde marinha, 72% dos entrevistados identificam espontaneamente a poluição, seja por lixo ou esgoto. Em seguida, pesca irregular (16%) e vazamentos de navios (12%). Para 41%, o emprenho do Brasil na conservação é negativo.
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