O perigo silencioso do lixo eletrônicofoto de divulgação Mercado Livre

Produtos eletroeletrônicos, assim como suas pilhas e baterias são altamente contaminantes e apresentam um grande gargalo na política de logística reversa. Trata-se do recolhimento após o fim da vida útil, o que deveria ser feito pelos fabricantes. Porém em muitos dos casos não é realizado como determina a legislação e deixa a desejar.   
O aumento exponencial, o consumismo e a validade cada vez mais curta por por conta dos avanços tecnológicos são fatores que multiplicam o volume do lixo eletrônico, que está entre os mais impactantes. Os componentes liberam no meio ambiente substâncias perigosas, como: mercúrio, cádmio, arsênio, cobre, chumbo e alumínio.
Elas penetram no solo e nos lençóis freáticos contaminando, em cadeia: plantas, animais e seres humanos por meio ingestão de água e alimentos.
Redestinação das trocas
Desde 2021, o Mercado Livre, já recupera quase todos os produtos devolvidos ou trocados através de sua negociação direta. Agora, amplia a iniciativa de economia circular passando a considerar também os produtos que são negociados pelos milhões  parceiros revendedores do seu marketplace.
“Esse projeto nasceu para recuperar resíduos dos produtos de venda direta, que eram trocados ou devolvidos pelos consumidores em fluxos habituais. Depois de atingir o índice de 97% de recuperação, nos sentimos prontos para estender nosso programa de economia circular para todos os vendedores da plataforma”, destaca Raquel Keiroglo, gerente de Sustentabilidade do Mercado Livre no Brasil.
Caso não possa voltar para a prateleira, a determinação é tentar dar uma nova destinação. O que não puder mais ser reaproveitado, a orientação é redestinar seus componentes para a cadeia produtiva na forma de matéria-prima para a indústria de bens de consumo e de serviços.
“Com a inclusão dos vendedores, o potencial de reaproveitamento de produtos gira em torno de 40% do volume total de itens trocados ou devolvidos no Brasil. Os demais itens devolvidos que apresentam algum tipo de problema e não podem ser revendidos diretamente são enviados para a nossa rede de parceiros para aproveitamento ou reciclagem”, dimensiona  Fabio Escaleira, gerente sênior de e líder do projeto.
Atualmente é aplicado nos nove centros de distribuição onde as avaliações do que pode ser reciclado ou não, são realizadas por mais de 70 funcionários das áreas de logística, tecnologia, sustentabilidade e compliance. Criado no Brasil, este programa está sendo exportado para operações internacionais no grupo, como no México, Argentina e Chile.
Mais iniciativas
Em parceria com a ONG Naia, voluntários da Samsung no Brasil coletaram cerca de 300kg de resíduos eletrônicos. A equipe reforçou a iniciativa por meio do programa Re+, que tem por objetivo coletar, reciclar e dar um destino correto à resíduos que seriam descartados de forma inadequada. No primeiro semestre de 2022, projeto apresentou um crescimento de quase 190%.

A Hyundai do Brasil arrecadou e doou uma tonelada para projeto social ‘Sementes do Amanhã’ que recebe aparelhos eletroeletrônicos, computadores e celulares. Para contribuir na arrecadação, a sul-coreana promoveu uma campanha de conscientização entre os colaboradores e consumidores brasileiros para o descarte correto dos componentes.
Atenta às questões ambientais e ligadas à ESG (Environmental, Social and Governance ou Meio Ambiente, Social e Governança), a Corteco, marca do Grupo Freudenberg (fornecedoras de componentes para o mercado de reposição automotivo), promove o retorno das embalagens de seus produtos. Trata-se de uma parceria com a Eureciclo, uma das principais certificadoras de logística reversa do país.
A carioca Greenpeople, marca de sucos 100% naturais, chás e água de coco, compensou 100% das embalagens colocadas no mercado nos anos de 2019 e 2020, ou seja, 170,43 toneladas - cerca de 168 t de papelão e 2,8 t de plástico. Essa atitude impediu a emissão de 6,33 toneladas de gás carbônico na atmosfera.
Lixo Zero
Eventos da líder mundial em laminados, a Novelis recebem Certificação do Instituto Lixo Zero Brasil. Isso porque encaminhou de forma correta mais de 95% dos resíduos sólidos produzidos em dois eventos assim como a destinação de menos de 5% do lixo gerados para aterro sanitário.
“A Novelis tem seu modelo de negócio baseado na economia circular, o que significa que a destinação correta dos resíduos e a reciclagem são partes intrínsecas e extremamente importantes do nosso trabalho. Sustentabilidade, portanto, é um compromisso inegociável para todos nós e isso permeia todos os nossos passos, do dia a dia nas fábricas e nos escritórios aos eventos que promovemos”, explica Eunice Lima, diretora de comunicação e relações governamentais da empresa.

Desde a concepção, ambos os eventos foram planejados para gerar o mínimo de resíduos possível. Por isso, copos plásticos descartáveis foram substituídos por de vidro e filtros. Embalagens desnecessárias, eliminadas e, aquelas geradas, encaminhadas corretamente.
Para conceder as certificações, o Instituto Lixo Zero Brasil exige que, pelo menos, 90% dos resíduos tenham destinação ambientalmente adequada. Para isso, as sobras de alimentos foram compostadas para serem transformadas em adubo, retornando ao ciclo do alimento.  Os resíduos recicláveis foram encaminhados diretamente para uma Cooperativa de Catadores de Materiais, o que, consequentemente, resulta em geração de emprego e renda para esses profissionais. As lonas utilizadas na decoração foram reutilizadas para virar itens como necessaires e mochilas, promovendo a economia circular e incentivando um ciclo virtuoso deste resíduo.

“O Lixo Zero é muito mais do que gerenciamento de resíduos sólidos, é a promoção de sensibilização, conscientização, educação, responsabilidade socioambiental e uma atitude cidadã. Para este trabalho, atuamos na estratégia e acompanhamento do desempenho, verificando a cada dia de evento os números para saber se estamos próximos da nossa meta de desvio de 90% para ser um evento Lixo Zero”, explica Luíza Denardin, Consultora Lixo Zero do evento.
Mudanças na Legislação
Pela projeção do Plano Nacional dos Resíduos Sólidos (Planares), o Brasil deve passar do atual índice de 2% de reciclagem para 48%, até 2040.  Além da mudança na lei, que aconteceu no primeiro trimestre de 2022, foi lançado o  Certificado de Crédito de Reciclagem (Recicla +) como forma de incentivo. Um dos motivos para essa movimentação são as crescentes preocupações ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG, ou ESG em inglês), que fizeram as empresas se atentar ainda mais para a preservação do meio ambiente e a destinação correta dos resíduos sólidos.
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