Boa parte das construtoras puxou o freio de mão para os lançamentos imobiliários previstos para os próximos meses por conta da pandemia. Esses dados fazem parte da pesquisa da Câmara Brasileira da Construção Civil (CBIC), divulgada esta semana. O levantamento, em parceria com a Brian Inteligência Estratégica, foi feito em 118 municípios, sendo 18 capitais, de Norte a Sul do país. Para se ter ideia, 79% das construtoras pesquisadas vão adiar os lançamentos. Por outro lado, as vendas no primeiro trimestre registraram crescimento de 26,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O Minha Casa Minha Vida também vem se destacando em meio ao caos que estamos vivendo. "A participação do Minha Casa Minha Vida se torna cada vez mais fundamental para o mercado imobiliário. O que significa que, analisando o cenário como um todo, o recurso do FGTS e o MCMV devem ser responsáveis por cerca de 80% do número de unidades do mercado de todo o país", prevê Celso Petrucci, vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC.
Ano de retomada do setor
Publicidade
Segundo o presidente da CBIC, José Carlos Rodrigues Martins, a comparação anual mostra que 2020 seria o ano que consolidaria o crescimento do setor. "Estávamos em franca decolagem, seguindo o mesmo caminho trilhado desde 2018, com aumento nas vendas no primeiro trimestre deste ano se comparado a 2019. Mas, apesar de o setor já ter sentido os reflexos da pandemia a partir do mês de abril, acreditamos que a construção civil, por meio dos seus vários pilares, é que vai ajudar na retomada desse novo momento no Brasil", diz Martins.
Minha Casa Minha Vida
Publicidade
A representatividade do programa habitacional sobre o total de lançamentos, no período, foi de 57%. Sobre o total de vendas, essa participação foi de 55,6%. De acordo com o estudo da CBIC, a queda nas vendas entre imóveis de médio e alto padrão e unidades do Minha Casa Minha Vida, durante a pandemia, é desproporcional. Nas regiões com maior incidência do programa, a queda foi menor. Em Maceió, por exemplo, houve aumento de 8% nas vendas no mês de abril. Em Curitiba, no mesmo período, houve uma redução de 77% na comercialização.
Ademi-RJ: números de novos projetos revistos
Publicidade
Os dados sobre o mercado imobiliário do Rio devem sair na próxima semana. Mas, de acordo com o presidente da Ademi-RJ e Brasil Brokers, Claudio Hermolin, ainda é cedo para falar do número e do montante de lançamentos que serão adiados por aqui. "Tínhamos programado um ano de 2020 com novos projetos perto de R$ 5 bilhões a R$ 5,5 bilhões e a nossa previsão agora é de R$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões se tiver uma retomada de lançamentos a partir de agosto. Agora, se essa retomada passar desta data, o ano será ainda menor, lembrando que o pior ano de lançamento no Rio foi em 2017, que correspondeu a R$ 2,4 e R$ 2,5 bilhões. O resumo é que estávamos com uma projeção antes pandemia e agora o cenário nos leva para o mesmo patamar de volume de lançamentos de 2017", diz Hermolin.
Unidades lançadas no país
Publicidade
No primeiro trimestre foram lançadas 18.388 unidades, queda de 14,8% se comparado com o mesmo período de 2019. A maior baixa foi na região Nordeste, com 56,3% menos do que o primeiro trimestre de 2019, seguida pelo Sul, com retração de 29,1%. A região Sudeste foi a que teve a menor variação negativa, 2,4%. Foram lançadas 8.745 unidades. As exceções foram as regiões Norte e Centro-Oeste, com 183,5% e 57,4% respectivamente.
Imóveis vendidos
Publicidade
No país todo, as vendas apresentaram crescimento de 26,7% no primeiro trimestre. O resultado foi positivo em todas as regiões. No Sudeste, por exemplo, foram vendidas 18.443 unidades, ou 39% mais imóveis verticais que no mesmo período de 2019.