Comemoração do Dia Mundial da Arquitetura é marcada por vários desafios por conta do coronavírus - Freepik
Comemoração do Dia Mundial da Arquitetura é marcada por vários desafios por conta do coronavírusFreepik
Por Cristiane Campos
Hoje, Dia Mundial da Arquitetura, a coluna reuniu profissionais para saber o que eles pensam sobre os impactos do novo coronavírus no setor e, principalmente, o que eles já visualizam para o segmento pós-pandemia. Escrever sobre arquitetura é relembrar a importância de Oscar Niemeyer, responsável pelas obras que realizou em Brasília como os palácios da Alvorada e do Planalto, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF), o Panteão da Liberdade, a Catedral de Brasília e o Complexo Cultural da República João Herculino, dentre outros projetos de repercussão. Paulo Niemeyer, bisneto de Oscar, em bate-papo com a Staedtler Brasil, fabricante alemã de materiais de escrita, pintura e desenho, fala sobre a importância da profissão para a sociedade, pois o profissional não projeta apenas residências, mas também ambientes de trabalho, de vivência, teatros, museus e diversos outros. "Um pensamento recorrente da minha profissão é: como posso fazer a diferença e ajudar ao próximo, com ou sem o meu trabalho? Estamos vivendo uma época de pandemia e que novos problemas surgiram, o que exigirá de nós, arquitetos e urbanistas, novas soluções ou - até mesmo - retomar questões que foram esquecidas ou abandonadas", reflete Niemeyer.

O arquiteto diz ainda que acaba de criar o novo Espaço Niemeyer, dentro do shopping Cittá América, na Barra da Tijuca. Segundo ele, o local terá três espaços: um pequeno museu permanente com trabalhos da arquitetura Niemeyer, que ficará aberto ao público; uma Escola Niemeyer, com propostas de encontros, debates e palestras, a partir de sua proximidade com o Oscar; e uma galeria para pequenas e médias exposições temporárias, aliados ao instituto Niemeyer, o qual preside e que vai formar grupos de pessoas e projetos sociais de importância e relevância na difusão da cultura e arte do Brasil e do exterior.

Para Sérgio Conde Caldas, sócio fundador do escritório SCC Arquitetura e da empresa Opy Soluções Urbanas, e diretor de planejamento da Concal Construtora, oportunidades e lições surgem com a crise do Covid-19. “Entre elas destaco a valorização das habitações, mesmo de forma ‘forçada’; a importância da percepção e a reflexão da arquitetura contemporânea, muito pouco consumida, além de um urbanismo consciente; a racionalidade na arquitetura; e a qualidade dos projetos que se reflete na urbe como um todo”, diz Caldas. O arquiteto lembra ainda que, com o novo vírus, o automóvel perdeu o protagonismo que tinha na vida moderna. “Hoje temos o compartilhamento ligado à vida prática, a facilidade de serviços, a densidade e a multiplicidade de usos. Outra tendência é a migração dos grandes centros para morar com mais qualidade e integrados à natureza”, observa.

Fernando Sergio, diretor da Santos Projetos, professor do Secovi Rio (Sindicato da Habitação) e mestrando em Engenharia Urbana pela Escola Politécnica da UFRJ, neste ano marcado pela pandemia do coronavírus ficou muito evidente que a contribuição do arquiteto não se limita às questões de estética ou eficiência da construção. “A arquitetura é uma grande aliada da saúde pública nos mais diversos sentidos. A forma, a rapidez e a facilidade com que o vírus se propaga entre os seres humanos põe em cheque uma tendência que vinha em alta de compactação e aglomeração nos ambientes residenciais e corporativos. A otimização dos espaços é importante sob vários aspectos, mas os riscos de contaminação forçam uma reflexão óbvia. O dito ‘novo normal’ ainda não tem forma, uma vez que a batalha contra o vírus não terminou e não tem prazo garantido para terminar, apesar de todos os esforços empreendidos por todos os países”, avalia.
Arquitetas lançam coletivo
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Em função do Dia Mundial da Arquitetura, mais de 450 arquitetas lançam hoje o coletivo "Arquitetas em rede" pedindo por equidade de gênero na profissão. Em São Paulo, dos aproximadamente 50 mil arquitetos urbanistas registrados no Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), mais de 62% são mulheres, somando cerca de 35 mil profissionais. O coletivo está aberto para entrada de qualquer profissional de arquitetura que esteja interessada em debater sobre o assunto e criar conexões com outras mulheres. Para fazer parte, basta buscar pela rede no Instagram e Facebook.