Olimpíadas de história e concursos literários em geral galardoam quem melhor se comporta a juízo das esquerdas, que aparelharam as humanidades, as letras e as artes
No último 1° de dezembro completaram-se 200 anos desde a coroação e sagração de D. Pedro I. A cerimônia representou um passo importante no processo de consolidação da independência do Brasil. Na Secretaria Nacional que comando, comemoramos o simbolismo da data com a final de uma olimpíada escolar sobre o bicentenário e com a divulgação dos vencedores do prêmio literário que organizamos dentro do mesmo tema.
Pedro I considerava o grito do “Piranga” o ato principal na peça da independência. Na reabertura da Câmara, em 1826, ficou decidido que Pedro tinha razão. Os processos históricos não são tão simples assim: havia um zeitgeist revolucionário vindo de fora, o grito foi antecedido pela retirada do rei e pelo fico do príncipe, por mobilizações militares, e por longas discussões jornalísticas, além de pelo menos duas declarações públicas análogas àquela de Thomas Jefferson, e precisou de solenidades, de guerras e do reconhecimento internacional para se firmar como realidade fora de questão.
Nada disso apaga a importância do fato central, sem o qual todos os esforços teriam sido em vão, e nenhum dos episódios que o sucederam teriam sido como foram. Essa questão, e muitas outras, apareceram nas quatro etapas da olimpíada do bicentenário. O projeto foi elaborado, junto com o Ministério da Ciência e Tecnologia, há oito meses, quando saí da Biblioteca Nacional e assumi a economia criativa. Criamos duas categorias com faixas etárias correspondentes às idades-padrão de alunos de Ensinos Fundamental e Médio, e sugerimos uma base intelectual fixa, os livros e memórias de exposição publicados pela Câmara dos Deputados, que gentilmente nos cedeu os direitos das obras, redigidas e organizadas pelo professor doutor José Theodoro Mascarenhas Menck. As perguntas foram formuladas por ele mesmo, por convidados, e por professores da UFMS.
Para a última fase, preparamos uma cartilha com documentos de época explicados para que os alunos tivessem contato com o ofício do historiador. À final em Brasília vieram 54 finalistas com suas famílias, e foram três campeões por categoria. Receberam seus troféus ao mesmo tempo em que era divulgada a lista dos premiados do nosso concurso literário. Recebemos centenas de textos para o concurso. Foram 15 premiados dentre as categorias poesia, conto, crônica e quadrinhos, e a comissão avaliadora destacou a qualidade dos trabalhos em poesia e conto.
Olimpíadas de história e concursos literários em geral galardoam quem melhor se comporta a juízo das esquerdas, que aparelharam as humanidades, as letras e as artes. É a hiperpolitização, que explicarei nesta mesma coluna em texto futuro. Fomos na contramão, sem padecer do mal oposto – a ideologização contrária. Coroamos este ano do bicentenário celebrando história e literatura, premiando jovens e descobrindo talentos.
Parabenizo os vencedores pelos seus méritos, que são mais especiais do que eles mesmos podem imaginar.
Rafael Nogueira é secretário nacional de Cultura e ex-presidente da Biblioteca Nacional
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