Marcelo Trindade - Marcio Mercante / Agencia O Dia
Marcelo TrindadeMarcio Mercante / Agencia O Dia
Por PALOMA SAVEDRA

Advogado e ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o candidato ao governo do Rio pelo Novo tem intenção de reformular o serviço público. A ideia é aproximar o setor aos padrões da iniciativa privada, e fazer uma gestão participativa, na qual servidores sejam priorizados em detrimento de indicações políticas. Trindade propõe o pagamento de salários no 5º dia útil, e um programa de bônus por desempenho para a redução de despesas do estado.

O DIA: O senhor pretende manter o Regime de Recuperação Fiscal?

Marcelo Trindade: Sim, rigorosamente. Temos uma dívida de R$ 20 bilhões, e se nós não cumprirmos o regime a dívida se vence antecipadamente. Qualquer outra coisa fora desse discurso é demagogia pura. Isso quer dizer que não se possa adaptar o plano de recuperação às realidades que venham a se revelar menos onerosas para o estado? Claro que não. Mas como sou a favor, por exemplo, de privatizar a Cedae, porque senão a gente não vai sanear os domicílios do Rio. Cinquenta por cento dos nossos domicílios não têm saneamento. Só assim a gente vai limpar a Baía de Guanabara. Só assim a gente vai limpar as lagoas de Jacarepaguá.

Em relação à privatização da Cedae, como ficaria a situação dos funcionários?

Eles serão os funcionários da Cedae privatizada, mantidos pelo novo dono. Ou vão ser demitidos por ele. Agora, não me parece razoável que o comprador mande todo mundo embora, senão ele não vai conseguir fazer o saneamento. É pouco provável. Não aconteceu na Eletrobras, nem em outras empresas que foram vendidas. A Cedae vai ter um plano de metas a ser cumprido. No período da concessão (30 anos), terá que fazer um investimento de R$ 30 bilhões para sanear o Rio.

O pagamento do funcionalismo passou a ser no 10º dia útil. O senhor anteciparia esse calendário?

Pretendo estabelecer o 5º dia útil. Normalmente é o que acontece no serviço privado.

O senhor tem um projeto de bônus por desempenho para o funcionalismo. Como será?

Temos um convite no nosso programa. Uma das coisas que a gente quer é projeto de redução de despesas no nosso estado, que é ineficiente e desperdiça muito. Queremos que os servidores do estado sejam os agentes dessa mudança. Porque ninguém sabe melhor do que eles onde tem desperdício. Queremos que tragam os projetos de redução de despesas nas suas áreas. Que participem na vantagem decorrente da redução de despesa. É bônus por desempenho e redução de despesas, as duas coisas combinadas. Inclusive, a gente quer que um pedaço dessa economia vá para projetos de inclusão de pessoas com necessidades especiais.

A ideia é aumentar a participação de servidores?

O nosso governo será 100% técnico, baseado fundamentalmente nos nossos servidores públicos. Conheço dezenas deles que são excelentes, e vou conhecer centenas depois que eu estiver lá. Esses servidores é que vão conduzir esse estado, não é a nomeação política. É um governo 100% técnico mesmo. Esses servidores vão entregar um resultado muito melhor. E estarão motivados, aliados a uma pessoa que é honesta, que eles vão reconhecer liderança e trabalho árduo em vez de mais do mesmo.

A recomposição salarial é pauta de todas as categorias. Pretende enviar uma proposta à Alerj?

Eu acho que primeiro é uma coisa que os sindicatos pedem. Outra é o que os 450 mil servidores ativos e inativos (do Executivo) querem. Eu acho que há bastante diferença, e que os 450 mil que deixaram de receber seus salários meses a fio sabem perfeitamente o valor de ter emprego e salário. O Rio é o segundo estado com o maior número de desempregados do país, e quem tem emprego e salário no fim do mês sabe o valor disso. Então, nessa hora, tem que ter solidariedade social e fazer com que a atividade econômica do estado seja retomada.

Ou seja, havendo retomada da economia...

Sem dúvida. Embora eu ache que há muita distorção no serviço público. O salário médio da Polícia Civil é de mais de R$ 10 mil, e o da Educação é de R$ 2.500. Onde a gente gastaria mais dinheiro para resolver o problema do estado a longo prazo? Contratando e treinando professores que ganham R$ 2.500 por mês, ou dando aumento linear para policiais ganhando R$ 10 mil?

E as suas propostas para alavancar a economia?

Temos que dar infraestrutura para esse estado. São Paulo tem 49 rodovias estaduais concedidas pelo governo. O Rio tem duas rodovias concedidas: Via Lagos e Friburgo-Itaboraí. É uma piada que a gente não conceda rodovias. Como é que você vai abrir fronteiras agrícolas, fronteiras imobiliárias, fronteiras para escoamento de produção, de logística, se você não faz rodovias? Ferrovias, mesma coisa. Um monte de ferrovias abandonadas, até as que poderiam ser turísticas, como há no mundo todo pequenos trechos reservados de ferrovias. Agora, haverá uma reforma tributária federal, que provavelmente vai ser do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Se isso acontecer o nosso estado é disparado o estado com mais vantagem.

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