Secretário de Fazenda, Luiz Cláudio Carvalho falou também sobre o Regime de Recuperação Fiscal - Divulgação Sefaz
Secretário de Fazenda, Luiz Cláudio Carvalho falou também sobre o Regime de Recuperação FiscalDivulgação Sefaz
Por O Dia
O secretário de Estado de Fazenda Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho realizou, nesta quinta-feira, a primeira de um ciclo de palestras organizado pela Subsecretaria de Receita para os servidores da pasta. O evento aconteceu no auditório da Secretaria de Fazenda e os temas abordados foram a Reforma Tributária e o Regime de Recuperação Fiscal.

A abertura foi feita pelo Subsecretário de Receita, Thompson Lemos, que agradeceu a presença de todos e ressaltou os bons resultados obtidos. “Temos garantido este ano um aumento consistente de ICMS Normal de cerca de 13%, em média, em termos reais. É um fato extremamente importante, a gente precisa reconhecer. Esse resultado se deve ao nosso trabalho e ao do secretário Luiz Claudio. E nós podemos aumentar ainda mais essa arrecadação. Gerir a receita hoje é, principalmente, reestruturar a Receita Estadual para que tenhamos resultados cada vez melhores”, afirmou. O ICMS Normal é a parcela do imposto não associada a setores específicos da cadeia produtiva e representa 20% da arrecadação total do tributo.

O primeiro tema abordado pelo secretário foi a Reforma Tributária. Ele apresentou a proposta elaborada pelos secretários de Fazenda dos 27 estados da Federação, por meio do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda (Comsefaz), com base em conceitos do economista Bernard Appy, e que prevê a criação de um Imposto de Valor Agregado (IVA), que incidiria sobre as operações com bens e serviços e substituiria os tributos atualmente existentes nessa área, no caso dos estados, o ICMS. “Acreditamos que um IVA moderno deve alcançar quatro pilares: incidir sobre toda a atividade econômica, ter a tributação no destino, crédito financeiro de todas as mercadorias que compõem um ciclo econômico e uma alíquota única”, enumerou, destacando que não há previsão de aumento da carga tributária na proposta de reforma.

Dentro dessa proposta, cada estado terá autonomia para estipular a sua alíquota de Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), por meio de um projeto de lei de iniciativa do Poder Executivo que será votado pelas respectivas assembleias legislativas. Esse percentual vai valer para todo o estado, não podendo ser criadas diferenças entre regiões. Seria criado também um Comitê Gestor Nacional para criar as regras do IBS, gerenciar a arrecadação e distribuir os recursos. “A competência de atuação dos Auditores Fiscais permanece da forma como é hoje”, explicou o secretário. Os estados teriam direito a 46,90% da receita do IBS.

A concentração da arrecadação no Comitê Gestor vai facilitar, segundo Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho, a vida do contribuinte, que deixaria de pagar várias guias para os estados e fazer apenas uma apuração e um recolhimento: “Isso tem impactos muito importantes também na devolução de imposto do saldo credor, por exemplo, do contribuinte exportador, que não tem imposto a pagar, mas sim a receber de volta”.

Ainda sobre a devolução, o secretário de Fazenda lembrou que um dos pontos da proposta é que o crédito de imposto a ser devolvido seja financeiro, e não fiscal. Segundo ele, essa mudança vai encerrar a discussão sobre em quais casos há o direito ao crédito. “A apuração ficará muito mais simples”, analisou.

Os benefícios fiscais por meio de redução de impostos não estão previstos pela proposta de Reforma Tributária. “Além de termos o imposto no destino, portanto, o estado ou município que porventura tivesse ainda interesse de dar algum tipo de benefício, ainda que ilegal, estará abrindo mão da sua própria receita, o que não acontece com o ICMS hoje, em que se exporta o efeito do benefício. Você dá benefício em um estado para que o contribuinte de outro estado pague, ou outro estado pague. Benefício fiscal é algo que, além de abrir mão de receita, desorganiza completamente o sistema”, afirmou.

Um dos outros pontos da proposta é a criação do chamado imposto seletivo, que teria o objetivo de desestimular o consumo de produtos como cigarros, bebidas alcoólicas, armas e munições. “É efetivamente para combater o uso de produtos que a sociedade entende como prejudiciais”, explicou o secretário de Fazenda.

Regime de Recuperação Fiscal
O secretário iniciou a apresentação sobre o Regime de Recuperação Fiscal ressaltando novamente que é fundamental a permanência do Estado do Rio no regime. Ao mostrar os motivos que levaram o Rio à crise financeira, Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho salientou que, entre 2008 e 2017, o estado contratou 42 operações de crédito no valor total de R$ 30 bilhões, mesmo já não tendo mais capacidade de pagamento para contrair novos empréstimos. Apesar disso, a União deu autorizações excepcionais para o Rio obter o dinheiro. O secretário de Fazenda defendeu que as negociações entre estado e União sejam feitas em bases mais equilibradas.
Publicidade
Analisando a evolução dos investimentos ano a ano, o secretário chamou a atenção para o fato de que uma quantidade cada vez maior de dinheiro para esta finalidade passou a vir das operações de crédito: “O Estado do Rio decide deixar de usar dinheiro da União para investir e usa para dar aumentos salariais. Quando faltou o dinheiro para os investimentos, foi fazer operações de crédito. O fato é que foi criada uma armadilha que agora a gente precisa ajudar a desfazer”.
A solução do problema passa, na avaliação de Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho, pelo aumento da arrecadação tributária. “Temos que conciliar duas coisas: arrecadar mais impostos, mas sem atrapalhar o desenvolvimento econômico. É do desenvolvimento econômico que virá a maior parte desse aumento da arrecadação”, explicou.
Publicidade
Um dos pontos contestados pelo acordo atualmente em vigor é que, em 2024, a parcela da dívida que o estado teria que pagar corresponde a 27,9% da Receita Corrente Líquida. “O estado não conseguiria pagar, em condições normais, nem 13% da Receita Corrente Líquida. Como será possível pagar praticamente 28%?”, questionou o secretário.
Esse e outros itens estão sendo negociados com o Governo Federal para repactuar o Plano de Recuperação Fiscal. Em junho, o estado apresentou ao Ministério da Economia uma proposta de revisão do plano: “O nosso objetivo é renegociar o pagamento da dívida, mas estamos fazendo a parte que nos cabe fazer. Estamos fazendo um esforço de reequilíbrio do estado. E a Secretaria de Fazenda é o principal eixo desse esforço fiscal”.

Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho apontou que uma das causas do aumento na arrecadação de ICMS este ano em relação a 2018 é a série de operações de combate à sonegação fiscal que vêm sendo realizadas desde janeiro: “Elas já apresentam resultados e o cenário futuro nos parece positivo”.

Para ajudar ainda mais, o secretário de Fazenda defendeu a melhoria do ambiente de negócios, facilitando a vida do contribuinte que cumpre as suas obrigações e a autorregularização de quem tem pendências.

A expectativa do secretário é que as obrigações financeiras de 2019, especialmente as ligadas aos salários do funcionalismo, sejam cumpridas sem a necessidade de recorrer a receitas extraordinárias.

Ao final da palestra foi aberto um espaço para perguntas da plateia.