Deputado da Alerj aponta erro de cálculo que encobre aumento da dívida estadual
Técnicos do gabinete de Renan Ferreirinha avaliam que houve falha no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias 2021; governo afirma que não haverá crescimento da dívida
Por O Dia
Técnicos do gabinete do deputado estadual Renan Ferreirinha (PSB) apontaram um erro de cálculo no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias 2021, enviado pelo governador Wilson Witzel à Alerj, que encobre o crescimento da dívida do estado. Segundo o parlamentar, que é presidente da frente parlamentar de monitoramento do Regime de Recuperação Fiscal, "a falha já foi comunicada à Secretaria Estadual de Fazenda".
De acordo com o PLDO, a dívida consolidada líquida do Rio de Janeiro, em 2023, seria de R$ 145 bilhões - mais baixa do que é atualmente. Porém, o gabinete do deputado alega que a projeção foi feita com um erro de cálculo.
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Segundo as informações, "a real estimativa, levando em conta o déficit apontado pelo governo no próprio PLDO, é que a dívida, em 2023, será de R$ 274,5 bilhões - quase R$ 110 bilhões a mais do que o valor registrado ano passado, quando a dívida ficou em R$ 165,2 bilhões".
"As informações enviadas pelo Estado do Rio na LDO mostram o crescimento da dívida de maneira insustentável. Podemos comparar o Estado do Rio a uma família que gasta mais do que arrecada. E como ela gasta mais do que arrecada, ela se financia com empréstimos ou por meio de uma poupança, valores que acumulou para usar, ou comprando fiado na quitanda. Só que o estado não tem mais crédito no sistema financeiro para pegar dinheiro emprestado, está proibido pelo Regime de Recuperação Fiscal e não tem poupança", analisa Paulo Henrique Feijó, servidor de carreira da Secretaria do Tesouro Nacional e especialista em Finanças Públicas do gabinete de Renan Ferreirinha.
"Vai chegar uma hora que os fornecedores só vão entregar se receberem adiantado, e isso fere regras legais. O endividamento está chegando a um patamar insustentável", acrescenta Feijó.
De acordo com o PLDO, a dívida em 2020 ficaria em R$ 172,2 bilhões; em 2021, R$ 169,7 bilhões; em 2022, em R$ 161,3 bilhões; e em 2023, em R$ 145 bilhões.
"Mas se o Estado não paga o que deve, não reduz seu estoque de dívida, como pode a dívida diminuir. Consideramos os déficits fiscais projetados pelo governo, encontramos o erros de cálculo e refizemos a projeção", ressalta Feijó.
De acordo com a nova projeção, a dívida em 2020 será de R$ 195,3 bilhões; em 2021, de R$ 221,3 bilhões; em 2022, de R$ 247,5 bilhões; e em 2023, de R$ 274,9 bilhões.
"Como o governo está há anos gastando mais do que arrecada, estamos chegando ao momento em que as dívidas serão tão grandes que ninguém vai querer negociar com o Estado do Rio", declara Ferreirinha.
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Governo afirma que não haverá aumento da dívida
Em nota, o governo estadual negou que haverá crescimento da dívida, pois não estão previstos novos empréstimos. Acrescentou ainda que, como o Rio está sob o Regime de Recuperação Fiscal, não paga a dívida com a União e, por isso, é "natural que haja crescimento do estoque (da dívida).
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"O Estado do Rio de Janeiro está sob o Regime de Recuperação Fiscal desde setembro de 2017 e, desde então, não efetua o pagamento da dívida com a União. É absolutamente natural que haja o crescimento do estoque, o que é consequência do próprio RRF. Portanto, não haverá aumento da dívida porque não haverá novas operações e novos endividamentos. O que se registra do crescimento da dívida é dentro do previsto no RRF. Além disso, o Estado do Rio não aumentou o estoque de Restos a Pagar, conseguindo honrar praticamente todo o volume registrado em 2019", informou o governo.