"Vou trabalhar em conjunto com governo federal e prefeitos"
Por Sidney Rezende
O governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, tratou nesta entrevista de temas espinhosos que a sua gestão precisa lidar todos os dias: pandemia da Covid-19, lockdown, ações para evitar corrupção no setor da Saúde, aprendizado com o afastamento de Wilson Witzel, - de quem foi vice -, o combate às milícias, como será o relacionamento com o prefeito eleito Eduardo Paes e, por fim, qual sua avaliação da performance dos evangélicos na política. Castro procurou ser habilidoso e evitar entrar em conflito, comportamento alinhado com sua proximidade com a Igreja Católica e as lições bíblicas de que sempre se deve preferir a palavra do que o confronto. No entanto, nas entrelinhas, percebe-se sua preferência por um combate ao coronavírus que não sacrifique a economia, e que o governador não quer problemas nem com o presidente Jair Bolsonaro e nem com o novo ocupante da Prefeitura do Rio, Eduardo Paes.
Governador, o estado do Rio de Janeiro está preparado com o agravamento da Covid-19?
Nossa prioridade é salvar vidas. Já tomamos medidas bastante significativas, como a ampliação da testagem por PCR e a abertura de 386 novos leitos. Também determinei mais rigor na fiscalização em locais com aglomeração. Só no fim de semana passado, o Corpo de Bombeiros realizou 41 interdições. Além disso, estamos reforçando a campanha de conscientização. A população precisa colaborar, as pessoas precisam continuar usando máscara e manter o distanciamento social. A pandemia não acabou!
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Em que situação o senhor apoiaria um lockdown?
Repito que não é o momento de pensar em lockdown. Existem diversas medidas que podem ser tomadas antes de restringirmos as atividades. Tenho falado a todo momento com representantes de diferentes setores, como shoppings e restaurantes, para que aumentem os cuidados sanitários. A colaboração de todos é fundamental no enfrentamento ao novo coronavírus.
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Qual o cronograma das providências que o senhor pretende tomar para combater a doença?
A primeira providência é a abertura de leitos fechados. Como a taxa da doença estava diminuindo, muitos leitos foram fechados. Determinei a reabertura desses leitos imediatamente. Depois partimos para a ampliação da testagem, aumento da fiscalização em locais com aglomeração. Queremos dar transparência a essas medidas. Temos que ter um planejamento conjunto com as prefeituras.
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Que lição o senhor aprendeu com a crise política que levou ao afastamento do governador Wilson Witzel?
Diálogo é fundamental numa democracia. Hoje, meu foco é trabalhar incansavelmente, com todos os setores da sociedade, para que possamos prosseguir na retomada do desenvolvimento do estado.
Qual a garantia que o senhor dá para a população de que não ocorrerá novamente desvio de recursos na Saúde no Rio de Janeiro?
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Desde que assumi, começamos um combate permanente contra a corrupção, não só na Saúde, mas em todo o Governo. Criamos o Marco Regulatório de Compras, criamos comissões de fiscalização. Reforçamos órgãos de controle como a Controladoria e Procuradoria, além de colaborar para todas as instituições de controle como Justiça, Ministério Público e Defensoria Pública.
Falemos de eleição: qual o recado que o eleitor carioca pretendeu dar nas urnas com a vitória de Eduardo Paes e a derrota de Marcelo Crivella?
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Mantive neutralidade nessa eleição. O mais importante é respeitar a escolha de quem mora no Rio, independentemente de bandeira ou coloração partidária. Vou trabalhar em conjunto com Eduardo Paes, com o Governo Federal e com os prefeitos dos 91 municípios do Estado do Rio. Acredito que o diálogo aberto e constante pode ajudar nosso estado a prestar um serviço cada vez melhor à população.
O que o novo prefeito eleito do Rio pode esperar do senhor e do seu governo?
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Teremos parceria permanente. O Rio é uma importante porta de entrada no país. Melhorar a imagem do Rio é fundamental para o Estado. Teremos um diálogo permanente, melhorando a Saúde e a Segurança. Vamos ajudar a melhorar a imagem do Rio e recuperar a autoestima do carioca.
O senhor é católico. Como evangélicos e demais políticos com viés religioso saíram deste pleito?
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É importante para democracia quando toda a sociedade se sente representada, seja uma classe de trabalhadores, uma religião, um grupo social. A diversidade é importante para a construção de uma sociedade melhor e fortalece a democracia.
Na sua avaliação, quem ganhou e quem perdeu com a eleição deste ano?
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Em um ano tão difícil, fomos às urnas e fortalecemos a democracia e as instituições. Então, quem ganhou foi a democracia. Aqui no Rio, também parabenizo as nossas forças de segurança: a Polícia Militar, a Polícia Civil e o Segurança Presente, que mantiveram as eleições seguras, sem precisar das forças federais como em outros anos.
Uma preocupação observada na eleição deste ano é a influência das milícias. O que o seu governo tem feito para combatê-las?
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O combate às milícias é prioridade no nosso governo. O secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, criou uma força-tarefa que vem atuando de forma ininterrupta no combate a essas organizações. Durante todo o período eleitoral e nos dias de votação, foram feitas várias ações em diferentes pontos do estado, principalmente na Baixada Fluminense, para garantir eleições livres. O trabalho é permanente, com operações e prisões quase todos os dias. Em 60 dias, cerca de 600 pessoas ligadas a milícias foram presas. O objetivo maior é asfixiar o poderio econômico de qualquer grupo criminoso, inclusive as milícias.