Audiência do processo contra 12 militares envolvidos na açãoLucas Cardoso

Rio - A defesa dos militares envolvidos no caso Evaldo, músico morto em ataque a tiros na comunidade do Muquiço, em Guadalupe, em 2019, defendeu, nesta quarta-feira (13), durante o julgamento que os militares também foram atacados na ação. O advogado Paulo Henrique Pinto Melo, trouxe elementos para justificar que os 12 militares estavam sobre forte tensão da violência daquela comunidade no dia 7 de abril, quando o carro de Evaldo Rosa dos Santos foi atingido por 62 tiros.
"Os militares não são algozes, eles são seres humanos, como todos os seres humanos. Saindo do quartel, eles vivem dia a dia a violência urbana por todos enfrentada", alegou o advogado. "Ao condenar esses militares, os senhores vão estar chancelando a condenação da própria Força e nós não estamos aqui simplesmente a buscar uma simples absolvição. Estamos aqui porque vamos demonstrar que esses militares agiram no limite da legalidade", continuou ele. 

Para justificar a defesa dos militares, o advogado apresentou depoimentos de soldados que estiveram na operação do Muquiço feita pelo Exército pela manhã, naquele mesmo dia 7 de abril. "Esses militares estiveram, junto com o restante pelotão, sob tão intensa troca de tiros e foram tão valentes naquele momento e conseguiram sair do Muquiço. Também na Rua em que o senhor Evaldo alega ter transitado. O carro do Sr. Evaldo passou no mesmo caminho que as viaturas foram destruídas", pontuou.

O advogado também questionou a atribuição do ataque intencional ao carro de Evaldo, alegando que os militares haviam livrado dois moradores de uma tentativa de assalto no mesmo dia e não teriam disparado contra o músico intencionalmente. 
"Será que militares que agiram dessa maneira, eles foram capazes de, com ânimo, vontade, livrar o Marcelo e mais duas mulheres num ponto de ônibus da violência daquele local, teriam decidido por uma execução sumária? Esses homens abandonaram seu treinamento e partiram para uma agressão dessas maneira? Isso é inconcebível da maneira que foi colocado", afirmou.
Outra fala trazida pela defesa, dessa vez para reforçar a questão do armamento usado para disparar contra o carro, foi depoimento de um cabo que estava presente no dia 7 de fevereiro, quando traficantes invadiram, sob ameaça armada, o condomínio Próprios Nacionais Residenciais (PNR), em Guadalupe, que era guardado pelo Exército.

"Aos holofotes, se esquece de olhar o lado do militar combatente, daquele que está sob estresse, daquele que está cotado como o último recurso da população. O tráfico chegou a um ponto de que ele quer invadir o próprio Exército e aqui, julgado por força da mídia, nos vamos dar essa carta branca", menciona Paulo Henrique.

Disparos vindos dos criminosos

Outro ponto levantado pela defesa relembra o depoimentos de policiais que sugerem que o carro usado por Evaldo poderia ter sido confundido pelos traficantes locais com um veículo de policiais militares à paisana, chamados de P2. Também foi levantado pelo advogado que 'criminosos de contenção' da comunidade permaneciam no prédio do Minhocão e poderiam ser os autores dos disparos.

"O Ministério Público não trouxe nenhuma prova de que o tiro que mata ou pega no carro, tem origem dos militares", pontuou o advogado de defesa dos militares.