Catador Luciano Macedo foi baleado ao tentar socorrer o músico Evaldo RosaArquivo Pessoal

Rio - O advogado Paulo Henrique Pinto Melo, responsável pela defesa dos 12 militares envolvidos na morte do músico Evaldo Rosa dos Santos, disse, na fase final de suas alegações que Luciano Macedo, que também morreu na ação, teria atirado contra os militares. Segundo ele, o catador de recicláveis teria ainda usado o carro Ford Ká, atingido por 62 disparos, onde estava o músico e a família. 
"Depois que ele cai, os tiros cessam. Só seria homicídio doloso se os tiros continuassem, mas não foi o caso. O carro foi um artefato de proteção para Luciano fugir. Eu duvido que se ele tivesse levantado os braços para se render, que estaria morto agora”, disse o advogado de defesa.
O advogado também pontuou que Evaldo teria morrido em decorrência de um primeiro disparo, sendo este isolado dos demais vindo dos traficantes. Para isso, a defesa trouxe trechos do depoimento de Sérgio  Gonçalves de Araújo, sogro do músico, que estava no banco do carona do carro e também foi baleado, mas sobreviveu, e de um morador do condomínio Minhocão que alegou ter ouvido o tiro e só em seguida ter visto a aproximação da tropa dos militares.
"O Minhocão é um ponto forte daquela comunidade. É um ponto em que o próprio dono da favela mantém guarda e fazia naquele (dia) 7. Ele não só deu ordens, como atirou na tropa. Não é crível nós acreditarmos que naquela manhã ele mantinha um ponto forte ali e naquele momento, às duas da tarde, não tinha mais ninguém. Mandou eles almoçar", ironizou o advogado.
A defesa também disse que o veículo atingido pelos disparos, o Ford Ka Branco teria sido levado para a funilaria antes mesmo de ser requerido pela Justiça, o que provaria uma falha na obtenção de provas.