Beatriz Pimenta, de 15 anos, sumiu após sair de um salão de beleza, em Trindade, São Gonçalo, na última quinta-feira
Beatriz Pimenta, de 15 anos, sumiu após sair de um salão de beleza, em Trindade, São Gonçalo, na última quinta-feira Arquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
Há 48 horas, familiares e amigos realizam buscas para encontrar o paradeiro da adolescente Beatriz Pimenta Quintanilha, de 15 anos, que desapareceu, na manhã da última quinta-feira, após sair para ir a um salão de beleza, próximo de sua casa, no bairro Trindade, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
De acordo com familiares, Beatriz saiu de casa, por volta das 9h30, e com o consentimento dos pais, seguiu para o estúdio de estética onde pretendia fazer uma aplicação de unhas postiças, mas não retornou. A proprietária do espaço confirmou a presença da adolescente, contudo, informou desconhecer o paradeiro da estudante.
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Desesperados com a demora no retorno da adolescente, familiares iniciaram as buscas na região. Sem sucesso, eles comunicaram o sumiço ao Conselho Tutelar e registraram o caso na 72ª DP (Mutuá). Beatriz usava camisa branca, de mangas curtas, com desenho de borboletas, short jeans e sandálias rasteiras. Imagens de câmeras de comércios da região estão sendo analisadas. A informação de que a estudante teria saído do salão de beleza acompanhada de duas pessoas não foi confirmada.
Segundo a família, a adolescente não tem o costume de ficar fora de casa, não passava por problemas de saúde ou psicológicos, tampouco fazia uso de remédios controlados ou drogas. A motivação e as circunstâncias do desaparecimento estão sendo apuradas. A possibilidade de um suposto conflito familiar não foi descartada, mas, conforme os agentes, todas as hipóteses serão investigadas.  
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“Estamos assustados com o sumiço. Minha filha só tem 15 anos e, infelizmente, estamos em um mundo mal e cruel. Somos cuidadosos e controlamos os horários. Não sabemos o que ocorreu. Ela é muito caseira e nunca saiu de casa sem avisar. Como todos adolescentes, gosta de passar o tempo navegando nas redes sociais. Percebi que precisava controlar isso e chegamos retirar o aparelho dela, ao detectar postagens impróprias e conversas com desconhecidos. Ela pode ter sido aliciada por pessoas estranhas, disse o gesseiro Carlos Eduardo Quintanilha, de 36 anos, que tem outras duas filhas, de 2 e 3 anos de idade.
Informações sobre o paradeiro da estudante põem ser repassadas ao Disque-Denúncia (2253-1177), a PM (190) ou a 72ª DP (3119-0048).
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Desaparecimentos de adolescentes têm maior número de registros, segundo Ministério Público
De acordo com dados do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o desaparecimentos de adolescentes, entre 12 a 17 anos, correspondem a cerca de 29% dos casos registrados, sendo o maior índice relativo no universo da pesquisa, que abrange cerca de 27 mil casos relatados.
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Nos primeiros três meses de 2021, foram registrados 1004 registros de desaparecimentos em todo Estado do Rio de Janeiro, conforme dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). Baixada Fluminense lidera em número de casos, com 286 ocorrências, seguidos da Zona Oeste e Norte do Rio, com 270.

Sumiços: conflitos familiares e aliciamentos pelas redes sociais têm sido recorrentes
Conflitos familiares correspondem a mais de 75% dos problemas relacionados aos desaparecimentos de crianças e adolescentes, segundo Luiz Henrique Oliveira, gerente do Programa SOS Crianças Desaparecidas, da Fundação para Infância e Adolescência (FIA). Oliveira, reitera, no entanto, que esses conflitos devem ser analisados de forma multifatorial, pois não envolvem só as famílias, mas deve ser visto como um problema social, onde as soluções passam pela participação das instituições especializadas e de toda sociedade.
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“Os conflitos familiares, quando não administrados, são os principais motivadores dos desaparecimentos de adolescentes. Contudo, não podemos apenas achar que é um problema de família, mas fazer uma análise criteriosa e ampla. As soluções passam pela participação de diversos atores sociais”, explica Luiz Henrique, que ressalta a necessidade do diálogo franco entre pais e filhos, sobretudo quando o uso indiscriminado da internet pode colocar as crianças em riscos.
“A Internet trouxe avanços sociais, mas também riscos, quando permite uma interação com pessoas desconhecidas e mal intencionadas. Nesses casos, os pais devem ficar sob alerta, sobretudo, quando os filhos ficam muito tempo nas redes ou introspectivos. O diálogo sempre é a melhor forma de prevenção”, alerta o especialista.
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Desaparecimentos devem ser registrados imediatamente
De acordo com especialistas, entre outras recomendações, uma das principais é de que não é necessário esperar o prazo 24h, 48h ou 72h para registrar a ocorrência de desaparecimento, como é crença popular. A comunicação deve ser feita de forma imediata quando se percebe que a pessoa está sumida e incomunicável. Em casos de desaparecimento, a família deve procurar a delegacia mais próxima, munida de uma fotografia atual da pessoa, e entrar em contato com o Programa SOS Crianças Desaparecidas nos seguintes contatos: 2286-8337 e 98596-5296.