Comerciária Márcia Silveira, de 53 anos, desapareceu após sair de casa, na manhã da última quinta-feira, na Freguesia, Zona Oeste do Rio
Comerciária Márcia Silveira, de 53 anos, desapareceu após sair de casa, na manhã da última quinta-feira, na Freguesia, Zona Oeste do Rio Arquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
O que seria uma saída rápida tornou-se uma eternidade para familiares e amigos da comerciária Márcia Silveira Borges, de 53 anos, que desapareceu, na manhã da última quinta-feira, após sair de casa, na Freguesia, na região de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.
De acordo com familiares, Márcia cuidava da mãe, uma idosa, de 84 anos, e mantinha a rotina normal sem apresentar mudanças de comportamentos. No entanto, recentemente, a comerciária passava por tratamento psicológico. A família não descarta a possibilidade de ela ter sofrido um surto psicótico.
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Márcia saiu, por volta das 8h, supostamente, para uma compra de rotina, mas, conforme familiares, não tinha o hábito de demorar ou dormir fora de casa sem avisar. A comerciária não levou aparelho celular. Portava, apenas, os documentos e a chave do portão de casa. Ela vestia camisa branca e um short jeans.
“ São coisas que abalam toda a família. O desaparecimento é angustiante. Apesar do tratamento psicológico que a Márcia vinha se submetendo, ela mantinha a rotina. Familiares estão dando o apoio necessário. Estamos recebendo ajuda de amigos e vizinhos. Esperamos encontrá-la o mais rápido possível”, disse, emocionado, o irmão da comerciária, o florista Mauro Silveira Borges, de 54 anos.
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Câmeras mostraram a comerciária caminhando por ruas da região
Durante as buscas, familiares conseguiram ter acesso às imagens de câmeras de comércios e condomínios, que mostraram a comerciária em diversos pontos da região. O caso foi registrado na 41ª DP (Tanque). Informações sobre o caso podem ser repassadas ao Disque-Denúncia (2253-1177) ou à Delegacia de Descobertas de Paradeiros (DDPA) pelos telefones (2202-0338 / 2582-7129), de forma anônima e com sigilo garantido.
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Pandemia e abalos emocionais podem acelerar aumento de casos de sumiços voluntários
No Estado do Rio de Janeiro, nos primeiros quatro meses de 2021, foram registrados 1.281desaparecimentos, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). Segundo especialistas, durante a pandemia, podem aumentar os casos de desaparecimentos espontâneos ou voluntários, que são motivados, em sua maioria, por transtornos psicológicos ou conflitos familiares.
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“ Segundo dados divulgados pela Fiocruz, entre um terço à metade da população pode vir a sofrer algum tipo de transtorno psicológico durante a pandemia, se não houver acesso a cuidados específicos. Ansiedade, depressão, aumento do uso de álcool e outras drogas, pensamento suicida, angústia relacionada à instabilidade de emprego, violência doméstica, aumento de conflitos provocados pela convivência forçada com familiares, traumas e luto não elaborado, fazem parte de um triste cenário de desequilíbrio mental provocado pelo impacto da pandemia na sociedade brasileira”, ressalta a psicóloga Alessandra Alves Soares.
‘Busca de ajuda profissional é fundamental’
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Para a psicóloga, essas consequências podem afetar até mesmo quem não tem histórico de transtornos psicológicos. Segundo Soares, parte dessas sensações são reações normais frente ao que estamos vivendo. Nem todos esses problemas psicológicos evoluem para o que classificamos como doença mental.
“Essa diferença, entretanto, não altera o grau de importância e a necessidade de uma atenção a qualquer sinal de alteração de comportamento. Buscar ajuda profissional é fundamental. Ressalto a importância do SUS como ferramenta para promover medidas preventivas e mitigar os efeitos negativos e sequelas psicológicas desta crise sanitária que estamos vivenciando”, explica a psicóloga.