Moradora de Duque de Caxias, Letícia Cristina, de 17 anos, está sumida há 9 dias, após sair de casa para um suposto encontro marcado pelas redes sociais Arquivo Pessoal

 
Há 9 dias, a estudante Letícia Cristina Veloso dos Santos, de 17 anos, desapareceu após sair para conversar com as amigas na calçada de casa, no bairro Olavo Bilac, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Familiares acreditam, no entanto, que a jovem pode ter sido aliciada a ir ao encontro com uma pessoa desconhecida, após troca de mensagens pela Internet.
Segundo familiares, Letícia teria simulado a conversa com as amigas para sair de casa, pois, levou, escondido, a mochila com roupas, documentos e o aparelho celular, que está desligado. As redes sociais da jovem também foram bloqueadas parcialmente. A demora no retorno mobilizou familiares e amigos, que fazem buscas na região. Além de portar a mochila, a estudante vestia bermuda jeans preta, mini blusa branca e chinelos.
Na semana anterior, a jovem havia sido alertada pela mãe para os riscos da exposição excessiva às redes sociais e das trocas de mensagens com pessoas estranhas. Desesperada com o sumiço da filha, a auxiliar de serviços gerais Simone da Silva Veloso, 44 anos, disse que Letícia não costuma ficar fora de casa e, assim como os outros quatro irmãos, são educados com diálogo e responsabilidades.
“Ela sabia dos limites quanto à exposição nas redes sociais. Quando falamos com estranhos na Internet, não sabemos quem está do outro lado. É muito arriscado. Há uma semana, estávamos conversando sobre o assunto, que gerou alguns conflitos, que são normais dentro de uma família. Há poucos dias, ela saiu e demorou. Quando retornou, conversamos longamente sobre o assunto. É duro, olhar para dentro de casa e não saber onde está a sua filha. Não saber onde, com quem está e imaginar os riscos que possa estar correndo. Não quero prejudicar ninguém, só quero a minha filha de volta”, disse, emocionada, a mãe da jovem.
Investigações- O caso foi registrado na 59ª DP (Duque de Caxias) e será encaminhado ao Setor de Descobertas de Paradeiros na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Informações sobre o paradeiro da estudante podem ser repassadas ao Disque-Denúncia (2253-1177) ou à DHBF, que deixa à disposição da população o telefone (21) 98596-7442 (whatsapp) e ressalta a importância da colaboração com informações e denúncias, com garantia de total anonimato.
Especialista alerta para os riscos de aliciamentos nas redes sociais
Aventuras envolvendo adolescentes são comuns, contudo, a inexperiência faz elevar os iminentes riscos, sobretudo, quando são aliciados, por estranhos, em redes sociais. Segundo Luiz Henrique Oliveira, gerente do Programa SOS Crianças Desaparecidas, da Fundação para Infância e Adolescência (FIA), o número de crianças e adolescentes sumidos após encontros marcados pela Web vem aumentando e as famílias precisam estar atentas para orientar os filhos.
“ Sempre alertamos que existe uma rede de aliciadores que usa as redes sociais para praticar crimes. O uso da internet é fundamental na vida moderna, nos estudos, mas necessita de cuidados e limites, sobretudo, quando crianças e adolescentes ficam expostos. Os pais devem ficar sob alerta, sobretudo, quando os filhos ficam muito tempo na Internet ou introspectivos. O diálogo sempre é a melhor forma de prevenção para essas aventuras e desaparecimentos”, alerta Oliveira.
Psicóloga reitera a necessidade do diálogo e acompanhamento dos pais
Para a psicóloga Alessandra Alves Soares, a adolescência é uma fase de transição, novas descobertas, mudanças físicas e emocionais, que precisa de acompanhamento e diálogo.
“Talvez seja mais difícil para os pais lidarem com essa fase que o próprio adolescente. É um período em que o convite para desfazer velhos conceitos e rever posturas seja bastante contundente. Nem toda família está preparada para isso. Manter o canal de diálogo aberto, a escuta apurada são caminhos interessantes para evitar o distanciamento e a ruptura da relação. O adolescente sempre emite sinal quando algum incômodo está ocorrendo. É preciso estar atento a esses sinais”, explica a psicóloga, que orienta a pais e responsáveis a procurarem apoio às instituições públicas e particulares que oferecem auxílio psicossocial.