Comerciante Isaquiel Praxedes, de 39 anos, está sumido há seis dias, após ser sequestrado em frente de casa, em Queimados, na Baixada FluminenseArquivo Pessoal

A polícia investiga o desaparecimento do comerciante Isaquiel Praxedes de Luna, de 39 anos, que, de acordo com familiares, foi sequestrado por quatro homens, armados e encapuzados, na tarde do último dia 24, em frente de casa, no bairro Piabas, em Queimados, na Baixada Fluminense.
Segundo familiares, Isaquiel comercializa cestas básicas e administra um sítio, próximo de casa, usado para aluguel de eventos e festas. Divorciado e pai de uma menina de 13 anos, o comerciante mora com a mãe, a aposentada Maria de Lourdes de Luna, de 67 anos, que viu quando o filho foi, forçadamente, colocado em um carro de cor prata.
“Escutei uma freada brusca e fui ver o que teria ocorrido. Minha casa tem escadas e demorei um pouco a chegar ao portão. Mas cheguei a ver os homens colocando o meu filho no carro. Pedi para eles não levarem o Isaquiel, que é um bom homem e não faz mal a ninguém. Ele é o meu companheiro”, disse, emocionada, a mãe, que está abalada e tomando calmantes.
O modelo e a placa do carro não foram anotados. Conforme familiares, Isaquiel é querido no bairro, não tem antecedentes criminais e tampouco vinha recebendo ameaças ou estaria envolvido em conflitos com criminosos. Quando sequestrado, o comerciante usava bermuda preta, uma camiseta usada em eventos no sítio e portava o aparelho celular, que foi desligado.
“Meu irmão é caseiro e evitava se envolver em confusão. Quando foi sequestrado, estava sentado na calçada, em frente de casa, pois estava tranquilo. Ele foi nascido e criado no bairro e gostava de conversar com os amigos. Somos uma família de seis irmãos, todos moram na região. Não temos a menor ideia do que teria motivado esse sumiço. Estamos à disposição das autoridades e queremos justiça”, ressaltou a vendedora Miriam Praxedes de Luna, de 44 anos.
Família faz buscas até em lixões 
Registrado na 55ª DP (Queimados), o desaparecimento está sendo investigado como sequestro ou cárcere privado. Os policiais realizam diligências e estão ouvindo testemunhas. Familiares realizam buscas diárias em matas, hospitais, institutos de medicina legais (IMLs) e até lixões da região. Imagens de câmeras em pontos estratégicos serão analisadas para ajudar nas investigações. Informações sobre o caso podem ser repassadas ao Disque-Denúncia (2253-1177), de forma anônima e com sigilo garantido.
Dia Mundial de combate aos ‘Desaparecimentos Forçados’
O dia 30 de agosto foi instituído, desde 2011, pela Organização das Nações Unidas (ONU), como data internacional de combate aos desaparecimentos forçados em todo mundo. A Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU, em 2006. O Brasil promulgou a Convenção por meio do decreto nº 8.767, de 2016.
O texto da Convenção define como desaparecimento forçado “a prisão, detenção, rapto ou qualquer outra forma de privação de liberdade por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos de pessoas agindo com a autorização, apoio ou aquiescência do Estado, seguido pela recusa de reconhecer a privação de liberdade ou a ocultação do destino ou paradeiro da pessoa desaparecida, que colocam tal pessoa fora da proteção da lei”.
Baixada registrou 683 desaparecimentos em 2021
De janeiro a julho deste ano, o Estado do Rio de Janeiro registrou 2.227 casos de desaparecimentos, conforme dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP). A Baixada Fluminense lidera o ranking de sumiços no estado com 683 ocorrências, no mesmo período, seguida pelas Zonas Norte e Oeste do Rio, com 527 registros. Capital e Zona Sul tem 365 sumiços. Já as regiões Metropolitana e dos Lagos têm 314, Região Norte, 131, e Sul Fluminense e Serrana, registraram, respectivamente, 130 e 77 casos.