Julia e Milena desapareceram após saírem de casa, na madrugada da última segunda-feira, em São Gonçalo e Marechal Hermes, respectivamente. Arquivo Pessoal

A polícia investiga o desaparecimento das adolescentes Julia Sant´Ana Chalita, de 17 anos, e Milena Sellos Taroni, 16, que sumiram após saírem de suas casas, na madrugada da última segunda-feira. Julia mora em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, e Milena, em Marechal Hermes, na Zona Oeste.
Apesar da distância entre as moradias, aproximadamente 50 quilômetros, familiares acreditam na hipótese de as estudantes terem fugido juntas, após marcarem encontro pelas redes sociais, pois deixaram as residências, simultaneamente, no mesmo horário. Ambas levaram mochilas com roupas e, curiosamente, os gatos de estimação, indicando a possibilidade de já terem um destino pré-determinado. Os aparelhos celulares das adolescentes foram desligados.
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Imagens de câmeras da região flagraram Milena, caminhado pelas ruas, em Marechal Hermes. A adolescente vestia uma bermuda e casaco de moletom cinza. Ela carregava a mochila e uma bolsa com o gato. De acordo com a família, ela teria embarcado em um carro de aplicativo.
Já Julia deixou um bilhete (Ver na fotogaleria) explicando o motivo da fuga. “Precisava fazer isso, não me odeiem, me perdoem. Não me procurem até eu voltar (sic)”, escreveu a adolescente.
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“Estive com a Julia, no domingo. Ela não mostrou mudança de comportamento. É uma menina caseira, que nunca ficou fora de casa sem avisar. Descobrimos sobre o suposto encontro com a Milena, quando verificamos que a amiga também havia sumido. A mãe dela está em choque! A família continuará as buscas, pois ainda não tem ideia do que ocorreu”, disse a prima da estudante, Isabella Rodrigues, 24.
‘Minha filha nunca fez isso'
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A fuga da filha surpreendeu a dentista Miriam Sellos, de 60 anos, que não percebeu mudanças no comportamento da Milena. “É uma excelente filha, que, como a maioria dos jovens, vinha sofrendo muito com o isolamento social proveniente da pandemia. Contudo, nos últimos tempos, para atenuar o isolamento, prometi sair mais com ela e a deixei receber os amigos em minha casa. Minha filha nunca fez isso. Não estou conseguindo sequer falar sobre o caso. Estamos tensos, pois, são grandes os riscos em encontros marcados pela Web”, disse, emocionada, a dentista.
Investigações- Os sumiços das estudantes foram registrado em delegacias de São Gonçalo e Marechal Hermes, contudo, o caso será investigado por policiais da Delegacia de Descobertas de Paradeiros (DDPA), que realiza diligências para encontrar o paradeiro das adolescentes. Informações sobre Julia e Milena podem ser repassadas aos telefones do Disque-Denúncia (2253-1177) ou da DDPA (2202-0338 ), com total sigilo e anonimato garantido.
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Encontros marcados pelas redes sociais elevam os riscos das ‘aventuras’, dizem especialistas
Aventuras envolvendo adolescentes são comuns, contudo, a inexperiência faz elevar os iminentes riscos, sobretudo, quando são aliciados, por estranhos, em redes sociais. Portanto, o imaginário coletivo da aventura bem sucedida e o ‘prazer’ momentâneo pela ausência da ‘lei’, representada pelos pais, colocam os adolescentes em um limbo, entre o lazer e a tragédia, conforme, explicam os especialistas.
“Quando o imaginário ganha forma, os adolescentes não medem as consequências e preferem a aventura. Nesses casos, os pais devem ficar sob alerta, sobretudo, quando os filhos ficam muito tempo na Internet ou introspectivos. O diálogo sempre é a melhor forma de prevenção para essas aventuras e desaparecimentos”, alerta Luiz Henrique Oliveira, gerente do Programa SOS Crianças Desaparecidas, da Fundação para Infância e Adolescência (FIA).
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Psicóloga reitera a necessidade do diálogo e acompanhamento dos pais
Para a psicóloga Alessandra Alves Soares, a adolescência é uma fase de transição, novas descobertas, mudanças físicas e emocionais, que precisa de acompanhamento e diálogo.
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“Talvez seja mais difícil para os pais lidarem com essa fase que o próprio adolescente. É um período em que o convite para desfazer velhos conceitos e rever posturas seja bastante contundente. Nem toda família está preparada para isso. Manter o canal de diálogo aberto, a escuta apurada são caminhos interessantes para evitar o distanciamento e a ruptura da relação. O adolescente sempre emite sinal quando algum incômodo está ocorrendo. É preciso estar atento a esses sinais”, explica a psicóloga, que orienta a pais e responsáveis a procurarem apoio às instituições públicas e particulares que oferecem auxílio psicossocial.